Faz tempo que o carnaval era uma festa autenticamente
popular.
Hoje se trata de um empreendimento industrial/turístico.
Escolas de Samba que tem estrutura empresarial tem trabalho para todo o ano.
Aproveitam-se de oportunistas desejosos em aparecer, da
satisfação para as vaidades pessoais realizadas, entidades públicas e privadas
e homenageando devidamente a quem mais contribuir, a busca de dinheiro em forma
de patrocínio.
Trata-se do carnaval da ostentação, da jactância de famosos,
de celebridades, com orgulho e soberba, atrair a admiração de pessoas na
passarela famosa da Sapucaí.
Riqueza total para satisfação de turistas. Participam das
alas pessoas, brancos caucasianos, sem ginga no pé, mas que pagam por suas fantasias.
Menos despesas para as escolas, que compensam os gastos próprios
com as fantasias dos verdadeiros sambistas pertencentes a comunidade , quem
impõem genuinamente o autêntico samba: integrantes da bateria, a ala das
baianas, os passistas destaques.
Na verdade aquele que ama o Carnaval, da gente simples que
adora o samba sobra para ele as arquibancadas populares ou a telinha da
televisão.
Tempo de antigamente dos blocos carnavalescos quando iam
para as avenidas Rio Branco ou Presidente Vargas, pela manhã ou tarde e
vivenciava a legítima folia do Carnaval, a autêntica manifestação popular. Os
blocos do passado e suas reminiscências. O mais antigo bloco representativo dessa
ascendência festiva e popular é o Cordão do Bola Preta. Cordão porque só
ingressavam no meio do bloco os participantes devidamente fantasiados com a
indumentária branca com bolas pretas.
O cordão separava o grupo dos intrusos. O clube localizava-se
perto da Cinelândia ao lado do Teatro Municipal. O desfile de carnaval acontecia
e acontece sempre no sábado sempre cantando a tradicional marchinha do bloco que
quase todo mundo conhece:
“Quem não chora não mama/segura meu bem a chupeta/lugar
quente é na cama/ou então no Bola Preta”
Hoje, o Bola Preta está mais para sofisticação. Celebridades
e famosos ocupam lugares dos populares.
Ainda nos anos 50 e 60 destacavam-se dois grandes blocos:
Cacique de Ramos e Bafo da Onça. Havia entre eles uma rivalidade proporcionada
unicamente no Carnaval, como por exemplo, quem tinha o maior número de
integrantes.
O Cacique era da zona norte, subúrbio do Rio, bairro de
Ramos e sempre tinha em torno de três mil figurantes. Seus componentes
fantasiavam-se de índios. Tanga para os homens e saiotes para mulheres, ambos
de napa, numa combinação das cores preta e branca. A característica do bloco
era usar tamancos, utilizados muito mais para marcar o ritmo das músicas, do
que servir de calçado.
O Bafo da Onça é um bloco do centro da cidade do bairro
Catumbi. Não havia fantasia determinada, mas as mulheres em sua maioria saiam
de oncinhas.
Famoso é o samba de histórico relacionamento com o bloco:
“Nessa onda que eu vou/olha a onda Iaiá/é o Bafo da Onça que
acabou de chegar/olha a rapaziada/vem dizendo no pé/as cabrochas gingando oba,
oba/e como tem mulher/vejam todas presentes/olha a empolgação/esse é o Bafo da
Onça/que trago guardado no meu coração/é o bom, é o bom, é o bom.
No passar do tempo mais blocos surgiram, muitos elitizados
com componentes dos bairros burgueses, principalmente Ipanema, Leblon, Jardim
Botânico. São populares, mas nem tanto. De repente elitizados, burgueses, podem
fazer com o dinheiro uma preferência, como acontece na capital baiana. Em
Salvador atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu. Nem tanto, até se
paga. No Carnaval há divisão de classes, segregação social (um dos motivos da
perda de popularidade). Na Bahia que vai atrás do Trio Elétrico com algum
conforto paga 800 reais na compra do abadás.
Na sofisticada Zona Sul do Rio blocos burgueses famosos como
a Banda de Ipanema, Sovaco de Cristo, Simpatia é Quase Amor, não cobram nada,
por enquanto.
Carnaval de
antigamente autêntico, popular, hoje sob o poder econômico
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