quinta-feira, 8 de maio de 2014

Sugismundo

Há muitos anos atrás, tempo da ditadura militar, o governo golpista através de propaganda institucional, tentava convencer a patuléia, manipular a opinião pública, fomentando estratégias sociais de seu exclusivo interesse, influenciando ou até determinando procedimentos e posições, provocando o amor às instituições com mensagens de euforia tipo assim: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
No entanto, entre toda essa publicidade oficial, havia algumas outras com o sentido educativo e que como todas as outras não tiveram objetivos alcançados.
Uma dessas campanhas foi denominada como Sugismundo, personagem criado, referenciado como o sujeito imundo, porco, incivilizado, referido ainda como mal-educado ao jogar lixo no chão.  O conjunto de anúncios objetivava atingir a população conscientizando-a a manter as ruas limpas, colocando lixo em devidas lixeiras.
Vez por outra, atualmente, acontecem outras campanhas desse tipo, principalmente em escolas, pretendendo educar crianças, induzindo-as a conscientização pelo espírito de limpeza. Algumas campanhas de jeito boboca em razão de haver uma clarividência ridícula, de obviedade desnecessária, como a frase: “Lixo no Lixo”.
 Nada disso adianta, nada tem efeito com essas campanhas, nada se perpetua se o individuo não for civilizado e educado, de não ter adquirido a formação de cidadão com os seus direitos e deveres e fundamentalmente se não tiver consciência daquilo que deve ser bem feito, como por exemplo, não jogar lixo em logradouro público.
Sou um sujeito que caminho diariamente pelas ruas e praças. Não me sinto vexado quando na calçada, no meio-fio, vejo e junto, uma latinha de cerveja, uma garrafinha de cerveja, uma pet qualquer, colocando-as no lugar adequado.
Não me envergonho e faço isso somente por não ser corretamente ecológico – não sou nenhum ecochato - nem ter a função de preservador ambiental.
Talvez seja assim, por isso tudo, mas simplesmente por um hábito adquirido no passar do tempo. Dito isso, impor a educação, a civilidade, por lei é bobagem.
 No Rio de Janeiro e em Porto Alegre o sucesso inicial de uma lei para manter a cidade limpa não é mais a mesma coisa; a expectativa pelo bom êxito definhou.
Em algumas cidades que pretendiam impor a lei, por exemplo, Caxias do Sul,  não se falou mais no assunto.
Quanto a futura lei municipal farroupilhense pela limpeza nas ruas se faz necessárias alguma indagações, questões colocadas a serem discutidas, para que ela seja realmente  eficaz, por exemplo:
Para o cidadão não jogar lixo no chão e cumprir a lei deve haver uma opção a cada 100 metros de um cesto, uma coletora de lixo; tratando-se de uma lei municipal, portanto não vale somente para o centro urbano e sim também, para bairros, periferia e o interior; evidentemente que para o controle da lei se faz necessários fiscais, muitos fiscais. Pergunta-se: haverá concurso para preenchimento de vagas ou serão contratados Ccs, naturalmente aqueles apaniguados do poder; o veículo passa e alguém joga um copo plástico, uma casca de banana pela janela como acontecerá a multra? Finalmente o contribuinte, pagador de impostos, concorda com isso? Com mais despesas públicas? Cabe agora ao Executivo resolver.
Alias, a legisladora autora do projeto da lei do lixo, é a mesma que tempo atrás peremptoriamente e ilegalmente iniciou a cobrança por estacionamento de veículos nas ruas centrais. Pela ilegalidade foi terminantemente repudiado, formalmente execrado pela opinião pública. 
 Esse é o tipo do projeto que fica registrado nos anais da Câmara Municipal para efeitos estatísticos. Somente isso, salvo ledo engano.
Há por aí muito legislador que costuma imitar, copiar alguns projetos de outras prefeituras, de outras câmaras de vereadores. Se alguém assim desejar, imitar ou copiar, sugestão: no Rio há um projeto de lei em que qualquer indivíduo será proibido de usar boné em estabelecimentos comerciais e em logradouros públicos.  

Já imaginou a lei em no Rio Grande do Sul: proibido usar boné e mais, aproveitando a onda dita legal: além do boné, chapéu e até bareta, mesmo no inverno. 

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