Copa do
Mundo, jogo entre Brasil X Chile. Tempo regulamentar empate (1x1). Necessidade
de um tempo extra para o desempate. Na prorrogação persiste o resultado. Pelo
regulamento da competição é indispensável haver um vencedor.
A decisão
ocorre pela cobrança de cinco tiros direto ao gol, por cada equipe, da marca do
pênalti. Momentos antes jogadores apreensivos, nervosos. Os brasileiros falam
entre si, outros quase aos gritos incentivam, dão força um para o outro,
principalmente aos cobradores. Um pouco afastado a câmera de televisão flagra o
capitão da equipe Thiago Silva sentado sobre a bola, as mãos amparando a
cabeça, a imagem de um sofrido derrotado, num profundo estado emocional
negativo.
Ali por
perto outra câmera, outro flagrante. Na mão de alguém, numa folha de papel
branco, o nome dos cinco dos batedores, entre eles o de Thiago Silva, mas foi riscado.
Mas, como isso. O capitão, o líder do grupo, quem sabe deveria ser o primeiro a
cobrar o pênalti e não irá cobrar nenhum. Ou ele foi destituído da obrigação
ou, por iniciativa própria desistiu. Amarelou? Na imagem anterior Thiago
apareceu cabisbaixo, desconsolado e assim demonstrava não ter estado de
espírito para qualquer decisão. Sim, ao que tudo indica o capitão amarelou.
Perto do
momento decisivo, da cobrança dos pênaltis, os jogadores abraçados, num último
instante pretendem com palavras entusiasmadas fazer prevalecer a certeza da vitória.
Paulinho, jogador titular, que passou a condição de reserva é quem fala cara a
cara, olho no olho, com cada jogador que ira fazer a cobrança e com o goleiro
Julio Cesar. Paulinho é quem anima, exorta o grupo. Parece ser ele o capitão da
equipe. E o Thiago Silva, o que faz? Todo
esse episodio é documentado pelo alto, por uma câmera. O fato comprova
insegurança, incertezas, a dúvida quanto ao sucesso.
Há demonstrações de intranqüilidade emocional
entre os jogadores. Tanto é verdade que a psicóloga, do grupo de trabalho da
seleção, foi chamada para uma consulta extra, um atendimento que pela urgência
se transfigura num abalo moral do grupo, perto da raia de uma comoção.
Há
intranqüilidade emocional. O choro em demasia é prova suficiente. O pranto é
uma demonstração explicita do estado emocional alterado. Thiago Silva, Neymar,
Davi Luiz choram na execução do hino nacional, Julio Cesar chora pela defesa
nos pênaltis. Os jogadores choram quando vencem, felizmente ainda não choraram
na derrota. Não se sabe se eles vão chorar antes ou depois de uma entrevista,
na saída, ou entrada em campo. Choram, quando numa promoção do programa Esporte
Espetacular,da Rede Globo, as mamães de marmanjões jogadores enviaram cartas piegas,
de sentimentalismo barato. Espalharam as mesmas por todos os cantos da
concentração para lerem e chorar. Sentimentalismo, lamurias e lamentações. É um
muito chororô.
Entrada em
campo. Um atrás do outro em fila indiana, parecendo um grupo de índio
americano, com a mão sobre o ombro de cada um como se fosse uma ordem unida militar.
Cantam o hino nacional com um fervor intenso. David Luiz enche os pulmões e com
a voz tonitruante, com a postura que parece ser um soldado do império romano ou
membro da antiga alemã SS.
Cantam com
vibração, emoções expostas, energias claramente manifestadas que poderiam ser
mais controladas. Quem sabe todos esses predicados,
as virtudes demonstradas, poderiam ter resultados mais positivos na hora da
bola rolar.
*** ***
Pois então,
logo mais. Tensão, mais nervosismo, ansiedade ao início do jogo, quando tudo
poderá ser compensado ao final pela alegria da vitória, o contentamento por
mais uma classificação. Todos então glorificados, com justo direito, chorarão
sem qualquer constrangimento. Para isso mais uma vez acreditar na sorte de
Felipão, numa atuação de um juiz amigo, a ajuda de Nossa Senhora de Caravaggio
e mais ainda: na qualidade técnica do goleiro Julio Cesar e o sucesso
terapêutico da psicóloga.
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