Pois bem. Copa do Mundo no Brasil. A grande oportunidade da
pátria brasileira alcançar mais um título mundial: o hexa. Um pouco mais que
isso, resgatar o infortúnio de 64 anos atrás quando em terra pátria a seleção
brasileira de futebol perdeu o primeiro título de campeão, surpreendido pela
derrota por 2x1 diante do Uruguai, em pleno Maracanã, quando a vitória era
insofismável, fato que ficou guardado nos anais esportivos como Maracanaçõ.
Pois então, depois de mais de seis décadas, o momento de redimir
o orgulho ferido se apresentou. Vamos ganhar, a taça está em uma das mãos.
Partida pela fase semifinal. Momento do jogo. Acomodado no
sofá vejo o preâmbulo, a preparação protocolar. Momento de refletir. Não
acredito na vitória brasileira pela falta de qualidade técnica e pela confusão tática
da equipe e mais pelo retrospecto. Diante da Croácia, classificada pela
repescagem, houve a ajuda do árbitro japonês, vitória de 3x1. Contra o México,
outra seleção classificada na repescagem, um horroroso 0x0. Contra Camarões,
uma seleção desajustada administrativamente e tecnicamente, uma enganosa
goleada de 4x1. Diante do Chile a classificação pelos pênaltis e naturalmente a
ajuda de Nossa Senhora de Caravaggio foi milagrosa. Contra a Colômbia valeu
somente o primeiro tempo.
A esperança de uma próxima vitória se desvaneceu quando tenho
conhecimento da escalação de um baixinho quase desconhecido de nome Bernard.
Na sala onde estou tenho a companhia de minha mulher e de
suas três sobrinhas. Como ocorre entre jovens, as manifestações com gritinhos
meios histéricos: Brasil...Brasil...Brasil... Entram em campo as duas equipes.
Perfilam-se para ouvir a execução do hino nacional de cada país. Dois ou três
jogadores, entre a rapaziada futebolística alemã, devidamente alinhada, na
tomada da câmera de cada um dos rostos, chamam a atenção, causam deslumbramentos
as três moças casadoiras, sobrinhas da minha mulher.
Começa o jogo e até que o time brasileiro causa boa
impressão, dá alguma esperança. Até o baixinho Bernard aparece no jogo, quem
não aparece e parece que a equipe joga com 10 jogadores é o Fred. A ilusão de
boa performance durou pouco. 10 minutos 1x0, há esperança de reabilitação, mas aos
20, 2x0 Alemanha. Senti. Apossou-me um sentimento de vergonha pelo
pressentimento daquilo que poderia ocorrer e que ocorreu. Retirei-me da sala.
Fui para o pátio, brincar com o meu “srd”, um vira-lata pelo de fogo, para
dissipar maus agouros, espraiar as ideias. Repentinamente ouço lamúrias
provindas da sala e espoucar de foguetes. Fico confuso. Não mais diante da
televisão, Alemanha 5x0, primeiro tempo.
Matuto na tentativa de saber a origem dos foguetes. Seria um
alemão humilhando a pátria amada, Brasil, ou seria a manifestação hipócrita de
algum fariseu?
Fim de jogo: Alemanha 7 x 1 Brasil. Se havia a intenção de se
esquecer, deixar no passado o Maracanaço o objetivo foi alcançado. Com a
inusitada e espetacular goleada surgiu o Mineiraço, desconcertante resultado de
um jogo a deixar de forma energúmena, sabe-se lá, quantas gerações.
Pensando bem, para o brasileiro não passar tamanha vergonha,
seria muito melhor que aquela bola na trave no jogo diante do Chile tivesse se
transformado em gol.
Resta agora a disputa do terceiro lugar. Felizmente a seleção
adversária será a Holanda. Imagine-se se fosse a Argentina e ocorresse outro 7
x 1. De qualquer forma o quarto lugar do Brasil está garantido, convenhamos há
pouco futebol para vencer.
Felipão por fé ou oportunismo foi à Caravaggio, assistiu a
missa e comungou. Ele como técnico da seleção não fez sua parte. Acreditou
demais no milagre, deixou tudo com a Santa. Afora a incompetência tática, a
ruindade técnica, com Fred e Huck no time e alguém que “manda as pessoas para o
inferno”, por temerário sacrilégio, não merece a ajuda da Santa de Caravaggio
ou qualquer outra de nomenclatura religiosa.
Muito justamente Alemanha e Argentina realizam o jogo final.
Qualquer uma das duas de forma merecida será a seleção campeã do mundo.
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