Os dois
deputados reeleitos após eleição se encontram.
- Como vai
colega? Conseguiu reeleição.
- Consegui,
mas não foi fácil. Arrancar, esse é o termo atual, o voto do eleitor está muito
difícil. Tem muita concorrência entre candidatos, muita sacanagem, prefeito que
promete voto e não cumpre a promessa, assessores incompetentes, eleitores na
base do “é dando que se recebe”. Está difícil a campanha eleitoral.
- Tem toda a
razão, amigo. São inúmeras as dificuldades. Gastos altos, bastante dinheiro
empregado, bater perna, andar de um lado para o outro, gastar sola de sapato,
caminhar daqui, ali e acolá. O voto está muito dificultoso.
- Você sabe
companheiro, tem colegas de procedimentos sacanas. Invadem, desrespeitam as
bases eleitorais. Tem mais. A gente arranja uma grana através de emenda
parlamentar para determinada prefeitura, o prefeito se oferece como cabo
eleitoral prometendo boa votação e no resultado da apuração das urnas decepção
total, a quantidade de votos é uma merreca.
- Tem toda a
razão. Além dessa rafuagem descabida, de muitos constrangimentos, nos temos que
se sujeitar na busca de votos, a abraçar a velhinha desdentada e receber aquele
beijo babado. Segurar no colo aquele neném todo mijado e cagado, apertar as
mãos sujas do povão. É um sacrifício ganhar votos.
- Eu aperto
mão de todo o mundo, mas tenho sempre comigo o álcool gel, uma prevenção antisséptica
para evitar qualquer contaminação. O ruim mesmo é frequentar almoços e
jantares. Ter que comer galinha a molho pardo, como aconteceu. Saborear, entre
aspas, aquela galinha caipira cujo molho é o próprio sangue dela quando
degolada. O pior, o acompanhamento, quiabo ensopado, aquela leguminosa cheia de
gosma. A outra opção, ensopado de jiló.
- Não é
fácil companheiro, encarar junto com o povão aquela comida horrorosa de feijão
aguado, arroz empapado e duro, enfim comida de pobre, o chamado PF em
restaurante popular.
- Sabe
parceiro, quando você pensa que irá comer melhor, por exemplo, um churrasco,
uma carne de ovelha, o candidato pode se enganar. De repente, uma ovelha mal
preparada, gosmenta, mal passada. Há outra opção uma costela de gado dura de
segunda. Na busca de votos, vale o sacrifício.
- É isso ai colega. O que fazer. Daqui a quatro anos mais
sacrifício.
*** ***
Passaram-se
as eleições e acabaram-se as sensacionalistas capas de famigerada revista no
período de campanha eleitoral. Na Tv a exploração de denúncias infundadas, como
no caso do escândalo da Pronaf, em que um dos denunciados, deputado federal,
Elvino Bohn Gass (PT), foi acusado injustamente, conforme deliberou por sua
inocência o TSE. Por falar em escândalos, especificamente da Petrobras, está
sendo muito usada para melhor investigação, a delação premiada que é um
benefício legal concedido ao criminoso delator, o que lhe pode num julgamento
abrandar sua pena. Irônico esse recurso, legalmente chamado de “delação
premiada”. O sujeito “entrega” outro ser igual e é premiado. Delator é o adjetivo
de fineza para designar a elite, a classe superior na prática de falcatruas
(empresários) ou a gente fina da bandidagem, do logro (políticos). E essa gente
da delação, portanto, evidentemente chama-se de delatores. Na marginalia da
periferia esse pessoal é conhecido como dedo-duro, alcagüete ou X9 e por ser
assim entre eles, há a retaliação, a vingança.
Ainda com a
corrupção na Petrobras. No Japão, o político envolvido em corrupção, pela situação
criminosa e vergonhosa passada, busca como retratação ao seu ato indevido, o
suicídio. Imagine-se essa extrema atitude da cultura japonesa no Brasil. No
caso da Petrobras quantos suicídios poderiam haver?