Casa grande
e antiga. A velha casa onde antigamente se festejava o Natal. Casa da minha tia,
num subúrbio da cidade grande. Moradia de uma ampla sala de jantar, como se
dizia antigamente. Casa do pé direito alto, diferentemente de modernas e
exíguas residências de hoje. Na sala mencionada o que chamava a atenção era o
relógio cuco, que a cada hora abria-se a porta e o passarinho aparecia para cantar,
com um som um tanto estridente e avisar que uma hora tinha passado ou uma nova hora
começava. Nesse ambiente familiar de relacionamento intimista, verdadeiro
aconchego de um lar, que começava pela modesta sala, ali foram passados e
festejados alguns natais. Natais em que os valores humanos sobressaiam-se, tempo
em que todo o cristão se preparava para celebrar a mais notável de suas
solenidades, um evento feliz, a mais importante efeméride Cristã – o nascimento
de Jesus Cristo, o fundador de sua religião, o que na verdade se justificava
por uma merecida comemoração. Por tudo isso a figura do menino Jesus era
respeitada, amada e devotada. A configuração de uma imagem de Papai Noel era
simplesmente fantasiosa, de certa forma prosaica. Jesus era a fé, a crença, o
amor. O Noel enganação para crianças. Por todo esse espírito religioso o Natal
era aguardado como atração especial, com o todo o fascínio, a magia merecida.
Na simples,
mas grande e confortável sala mostrava-se a simplicidade da decoração de Natal
destacando-se num canto a árvore de Natal. Não tinha os bonequinhos plásticos de
Papai Noel, encontrados nas modernas árvores de hoje. O que havia naquela época
eram figurinhas de papelão em formato de anjos. Lampadazinhas tipo led não
existiam. O tempo não era tão avançado tecnologicamente. O que estava pendurado
na árvore de Natal de antigamente eram velinhas com dispositivos, tipo
estrelinhas, que soltavam faisquinhas vez por outra com uma delicadeza
apreciável.
Nesse mesmo
lugar os familiares se cumprimentavam, as crianças recebiam seus mimos, todos
comemoravam. Os adultos a meia-noite do dia 24, ao nascer do dia de Natal 25,
se dirigiam para assistir e venerar na igreja da paróquia - ornamentada com um
presépio em toda a sua humilde - a Missa do Galo, que tem um valor ancestral
com a lenda contada de que um galo cantou fortemente para anunciar a vinda do
Messias, filho de Deus, Jesus Cristo. Missa do Galo assistida, de fato, como a
maior comemoração natalina. Assim se passava o Natal na casa da minha tia,
Natal de antigamente. Diferentemente dos natais do presente, da modernidade, do
incessante pisca-pisca de componentes eletrônicos colocados em gigantescas e
luxuriantes árvores de Natal nas catedrais do consumo conhecidas com shoppings.
Natais do lufa-lufa
incessante, da azáfama confusa, da correria de nunca cessar na busca do indispensável
presente, como se isso tudo fosse a obrigatoriedade máxima do Natal. Natal
material, esquecido da espiritualidade, da representação mais profunda que é a
religiosidade. Natal olvidado do beijo amado e respeitoso, do abraço
profundamente fraternal, o Natal verdadeiramente feliz, da confraternização, do
nascimento de Jesus Cristo.
Tudo parece
esquecido no moderno. Relembro com saudade o verdadeiro Natal da simplicidade e
da de fato comemoração, o Natal na casa da minha tia.
*** ***
Sabe !!! A
mais recente adotada, a Catarina foi batizada domingo. Ocorreu até um almoço em
família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário