quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Natal de outros tempos. Na casa da minha tia

Casa grande e antiga. A velha casa onde antigamente se festejava o Natal. Casa da minha tia, num subúrbio da cidade grande. Moradia de uma ampla sala de jantar, como se dizia antigamente. Casa do pé direito alto, diferentemente de modernas e exíguas residências de hoje. Na sala mencionada o que chamava a atenção era o relógio cuco, que a cada hora abria-se a porta e o passarinho aparecia para cantar, com um som um tanto estridente e avisar que uma hora tinha passado ou uma nova hora começava. Nesse ambiente familiar de relacionamento intimista, verdadeiro aconchego de um lar, que começava pela modesta sala, ali foram passados e festejados alguns natais. Natais em que os valores humanos sobressaiam-se, tempo em que todo o cristão se preparava para celebrar a mais notável de suas solenidades, um evento feliz, a mais importante efeméride Cristã – o nascimento de Jesus Cristo, o fundador de sua religião, o que na verdade se justificava por uma merecida comemoração. Por tudo isso a figura do menino Jesus era respeitada, amada e devotada. A configuração de uma imagem de Papai Noel era simplesmente fantasiosa, de certa forma prosaica. Jesus era a fé, a crença, o amor. O Noel enganação para crianças. Por todo esse espírito religioso o Natal era aguardado como atração especial, com o todo o fascínio, a magia merecida.
Na simples, mas grande e confortável sala mostrava-se a simplicidade da decoração de Natal destacando-se num canto a árvore de Natal. Não tinha os bonequinhos plásticos de Papai Noel, encontrados nas modernas árvores de hoje. O que havia naquela época eram figurinhas de papelão em formato de anjos. Lampadazinhas tipo led não existiam. O tempo não era tão avançado tecnologicamente. O que estava pendurado na árvore de Natal de antigamente eram velinhas com dispositivos, tipo estrelinhas, que soltavam faisquinhas vez por outra com uma delicadeza apreciável.
Nesse mesmo lugar os familiares se cumprimentavam, as crianças recebiam seus mimos, todos comemoravam. Os adultos a meia-noite do dia 24, ao nascer do dia de Natal 25, se dirigiam para assistir e venerar na igreja da paróquia - ornamentada com um presépio em toda a sua humilde - a Missa do Galo, que tem um valor ancestral com a lenda contada de que um galo cantou fortemente para anunciar a vinda do Messias, filho de Deus, Jesus Cristo. Missa do Galo assistida, de fato, como a maior comemoração natalina. Assim se passava o Natal na casa da minha tia, Natal de antigamente. Diferentemente dos natais do presente, da modernidade, do incessante pisca-pisca de componentes eletrônicos colocados em gigantescas e luxuriantes árvores de Natal nas catedrais do consumo conhecidas com shoppings.
Natais do lufa-lufa incessante, da azáfama confusa, da correria de nunca cessar na busca do indispensável presente, como se isso tudo fosse a obrigatoriedade máxima do Natal. Natal material, esquecido da espiritualidade, da representação mais profunda que é a religiosidade. Natal olvidado do beijo amado e respeitoso, do abraço profundamente fraternal, o Natal verdadeiramente feliz, da confraternização, do nascimento de Jesus Cristo.
Tudo parece esquecido no moderno. Relembro com saudade o verdadeiro Natal da simplicidade e da de fato comemoração, o Natal na casa da minha tia.    
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Sabe !!! A mais recente adotada, a Catarina foi batizada domingo. Ocorreu até um almoço em família.




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