Funesto,
sinistramente desesperador, de profunda consternação, o trágico acontecimento
na praia de Torres com o falecimento de três pessoas.
A tragédia
ocorrida com morte permite descobrir uma lastimosa e infeliz situação em vida. Os
melancólicos protagonistas do triste fato em Torres, tiveram ou tem, alguma
ligação com uma casa de abrigo.
As casas de
abrigo são estabelecimentos que tem como objetivo atender crianças com direitos
ameaçados e ou violados em caráter emergencial. Também lá estão órfãos de pais
vivos. Crianças que tem pais, mas desejam uma família. Que estão abrigadas e sentem
o desejo de viver num lar pela adoção.
Minha mulher
tem uma sobrinha na faixa etária de 40 anos, casada, que tem uma filha
biológica já adulta, com vida independente. Dessa forma, nessa condição de vida
tranqüila e realizada familiarmente, o casal resolveu adotar uma criança.
Inscreveu-se
regularmente para adoção, num juizado da região. Prontificou-se a aguardar a
vez obedecendo aos tramites legais.
Nesse
ínterim da espera, ofereceu-se ao casal uma criança nordestina, uma sergipana.
O juiz da região quis saber mais dos pais adotivos e para isso, por duas vezes,
o casal teve que viajar até Sergipe para maiores esclarecimentos.
Ficou tudo acertado e a linda criança de
reluzentes olhos negros, de viçosa pele negra, foi adotada e chamada de Maria
Valentina.
O casal
estava a anos na fila de adoção na região. Repentinamente responsáveis pelo
processo de adoção de uma linda menina, de olhos claros, de rosto gracioso, com
um intensivo sorriso nos lábios estava pronta para ser adotada e assim
aconteceu.
O casal
adotou a suave e alegre Catarina. No dia da entrega compareceu o casal adotivo,
os futuros tios e avós, uma alegre pequena multidão.
Alegria
imensa, emoções muitas. Beijos e abraços. Até o juiz responsável não soube
conter a emoção. Foi observada uma furtiva lágrima em seu rosto que deveria
profissionalmente estar impassível, mas o sentimento humano foi mais forte.
Quem
desejava uma criança adotada agora tem duas, feliz da vida.
Ser mãe
adotiva é vencer barreiras, superar preconceitos e muito, muito mais ter amor. A
mãe adotiva sabe que não se trata de um filho evidentemente biológico, não provindo
de suas entranhas, da sua barriga. Não habitou o seu ventre, mas freqüenta o
seu interior e espirutualmente está âmago de sua alma e de forma incorpórea é parte
inseparável, muito intima do seu corpo, filho do coração, de muito amor, como se
assim fosse filho natural.
Ter uma
criança na intimidade familiar, para acariciar, amar e encaminhar para a vida. São
filhos de outros pais que de forma incontestável, de modo legal, juridicamente,
encontram uma família.
Filho que
não foi concebido no útero da mãe adotiva, não foi constituído pelo seu sangue,
mas que se delicia com o saboroso suco do sonho realizado pela adoção.
Não é fruto
de uma herança, não faz parte da hereditariedade normal de pais e filhos.
Não nasceu
da mãe adotiva, mas nasceu para ela.
Pois bem.
Tudo mais que é oferecido ao filho adotivo, uma mãe, um lar, um ambiente
familiar, uma nova vida e um intenso Feliz Natal por muitos anos.
Assim
aconteceu para Maria Valentina e Catarina, pais e um lar, felizes da vida,
desfrutando Feliz Natal em família.
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