sábado, 24 de janeiro de 2015

Sou cristão. Se fizerem caricatura do Papa não vou por ai matar gente

Sou cristão. Católico Apostólico Romano, crente fiel dos sete sacramentos, a partir do batismo. Talvez por isso para os ateus (há ateus por convicção, outros batizados e eucarísticos, simplesmente se mostram diferentes contando como vantagem exibicionista, e assim, mentirosos e hipócritas), religioso como sou, passo como irracional pela prática do absurdo. Fui doutrinado para ser adepto religioso, sectário por adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro como a devoção a Deus e aos santos. Criança, a iniciação religiosa começou por influência dos meus pais que me levavam para assistir a missa de todos os domingos. Pela fé, uma obrigação para não pecar. Caso não comparecesse ao solene ato dominical do sacrifício da santa missa, pecado grave que para quem o comete, deixa de estar na graça de Deus. Pecado mortal que, ao menos que seja confessado e absolvido, condena a alma de uma pessoa às labaredas ardentes do inferno. 
Pela tenra idade não havia capacidade de compreensão dos princípios, causas e dogmas religiosos.  O ensinamento, o entendimento dos princípios religiosos começou com as aulas de catecismo nos domingos e as quintas-feiras na igreja no bairro Piedade (RJ), denominada Divino Salvador, mantida e administrada pela congregação dos padres salvatorianos. Padre Benigno, vigário da paróquia, costumeiramente proferia a catequese, sem usar do trocadilho, de modo benigno, suave, brando, com amor. Vez por outra a doutrina era explicada pelo padre Optato, de origem alemã, diferente no nome e na maneira de ensinar. Tinha um jeito rude, amedrontador. Quem pecava ia para o inferno. Usava metáforas sinistras. Dizia: “Inferno é uma intensa fogueira. Querem saber como é fogo do inferno? Pois bem. Coloquem o dedo dentro de água fervendo”. Dessa forma ensinava a temer a Deus, não a amá-lo. Nem por isso deixei de ser religioso. Durante um ano fiz a catequese. Fique pronto e aos oito anos, cumpri com outro sacramento, a eucaristia, primeira comunhão.
Continuo católico, não com aquela assiduidade de antigamente, mas sempre que tenho vontade vou a missa dominical para não viver de modo pecaminoso.
Sou cristão. Por formação religiosa diferente poderia pertencer ao islamismo, hinduísmo ou ao judaísmo, ou ter como deus Buda.
Religiosos crentes em suas doutrinas de humanismo, nos preceitos de solidariedade e amor, impossível, não há lugar, sob qualquer hipótese, para a intolerância, a ignorância, para a prática da vingança, para o terrorismo. Qualquer religião não concebe atos violentos que ocorrem pelo mundo em nome dessa mesma religião.
Afora a religiosidade, há o direito de liberdade de expressão, da manifestação pública de quem quer que seja desde que sejam respeitados direitos de outrem, sem irreverências, zombarias e chacotas. Não gostaria como cristão, que por uma charge, ou outro qualquer ato, a figura de Deus, do Papa, fosse motivo de escárnio, do sacarmo, de achincalhe. Não gostaria, mas isso não faria com que invadisse uma redação e matasse jornalistas.    
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Sexta–feira jornal editado sendo distribuído. Tranquilidade na redação. Oportunidade
para conversar com o proprietário Jorge Elemar Bruxel. Trocamos ideias. Falamos dos outros, de nós e de mim. Sobre mim, diz Jorge: “Por sua vivencia teria muita coisa a contar”. Inesperadamente, num relance, respondo com a expressão: “puta merda, se teria”. E acrescento: “Teria muita coisa, daria para escrever um livro”, o que motivou Jorge a dizer: “Bem, ao menos o título do livre já temos “Puta Merda”.

  

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