Sou cristão. Católico Apostólico Romano, crente fiel dos sete
sacramentos, a partir do batismo. Talvez por isso para os ateus (há ateus por
convicção, outros batizados e eucarísticos, simplesmente se mostram diferentes contando
como vantagem exibicionista, e assim, mentirosos e hipócritas), religioso como
sou, passo como irracional pela prática do absurdo. Fui doutrinado para ser
adepto religioso, sectário por adesão absoluta do espírito àquilo que se
considera verdadeiro como a devoção a Deus e aos santos. Criança, a iniciação
religiosa começou por influência dos meus pais que me levavam para assistir a missa
de todos os domingos. Pela fé, uma obrigação para não pecar. Caso não
comparecesse ao solene ato dominical do sacrifício da santa missa, pecado grave
que para quem o comete, deixa de estar na graça de Deus. Pecado mortal que, ao
menos que seja confessado e absolvido, condena a alma de uma pessoa às labaredas
ardentes do inferno.
Pela tenra
idade não havia capacidade de compreensão dos princípios, causas e dogmas
religiosos. O ensinamento, o
entendimento dos princípios religiosos começou com as aulas de catecismo nos
domingos e as quintas-feiras na igreja no bairro Piedade (RJ), denominada Divino
Salvador, mantida e administrada pela congregação dos padres salvatorianos. Padre
Benigno, vigário da paróquia, costumeiramente proferia a catequese, sem usar do
trocadilho, de modo benigno, suave, brando, com amor. Vez por outra a doutrina
era explicada pelo padre Optato, de origem alemã, diferente no nome e na
maneira de ensinar. Tinha um jeito rude, amedrontador. Quem pecava ia para o
inferno. Usava metáforas sinistras. Dizia: “Inferno é uma intensa fogueira.
Querem saber como é fogo do inferno? Pois bem. Coloquem o dedo dentro de água
fervendo”. Dessa forma ensinava a temer a Deus, não a amá-lo. Nem por isso
deixei de ser religioso. Durante um ano fiz a catequese. Fique pronto e aos
oito anos, cumpri com outro sacramento, a eucaristia, primeira comunhão.
Continuo
católico, não com aquela assiduidade de antigamente, mas sempre que tenho
vontade vou a missa dominical para não viver de modo pecaminoso.
Sou cristão.
Por formação religiosa diferente poderia pertencer ao islamismo, hinduísmo ou
ao judaísmo, ou ter como deus Buda.
Religiosos
crentes em suas doutrinas de humanismo, nos preceitos de solidariedade e amor,
impossível, não há lugar, sob qualquer hipótese, para a intolerância, a
ignorância, para a prática da vingança, para o terrorismo. Qualquer religião
não concebe atos violentos que ocorrem pelo mundo em nome dessa mesma religião.
Afora a
religiosidade, há o direito de liberdade de expressão, da manifestação pública
de quem quer que seja desde que sejam respeitados direitos de outrem, sem
irreverências, zombarias e chacotas. Não gostaria como cristão, que por uma
charge, ou outro qualquer ato, a figura de Deus, do Papa, fosse motivo de escárnio,
do sacarmo, de achincalhe. Não gostaria, mas isso não faria com que invadisse
uma redação e matasse jornalistas.
*** ***
Sexta–feira
jornal editado sendo distribuído. Tranquilidade na redação. Oportunidade
para conversar
com o proprietário Jorge Elemar Bruxel. Trocamos ideias. Falamos dos outros, de
nós e de mim. Sobre mim, diz Jorge: “Por sua vivencia teria muita coisa a
contar”. Inesperadamente, num relance, respondo com a expressão: “puta merda,
se teria”. E acrescento: “Teria muita coisa, daria para escrever um livro”, o
que motivou Jorge a dizer: “Bem, ao menos o título do livre já temos “Puta
Merda”.
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