O cidadão de nome Odeilson Almeida dos Santos, conhecido pelo
epíteto de Baiano, passou por uma situação profundamente constrangedora,
acusado e injuriado por um crime que não cometeu. Pelo ocorrido, pelas
circunstâncias em que Baiano esteve envolvido, a adjetivação que se propõe pode
ser exacerbada, mas justa. A qualificação do ato pode designar-se como
humilhante, degradante, ultrajante, difamatório, enfim todos aqueles sinônimos
que significam a ofensa, a magoa, a calunia, que causam melindres e ferem
suscetibilidades, que de modo injustificado determinam o abalo moral sofrido
por uma pessoa.
Poderia se acrescentar ao injusto fato as questões preconceituosas:
o perverso racismo, a discriminação com nordestinos.
Odeilson é um ser de cor parda, nascido no nordeste
brasileiro, de caracteres somáticos e de uma naturalidade diferencial, sem
simbiose alguma com a população serrana gaúcha da emigração européia, que é de
tez branca, olhos claros, pessoas de estirpe completamente diferenciada.
Conforme relato do desventurado protagonista em entrevista ao
jornal (O Farroupilha 19.06.15) a desconfiança desditosa, a infausta suspeição,
motivos para a preparação de uma cilada, uma delituosa emboscada.
A dissimulação usada para saber detalhes pessoais - ao que
parece a formalização de uma ficha policial - foi uma enquete para estabelecer
um cadastro de moradores. O surreal do ocorrido, o inusitado de um simplório
cadastro foi a necessidade de fotografia. Não há dúvida a trama foi feita, a
maquinação estava pronta.
Não demorou muito uma viatura policial compareceu ao local.
Odeilson foi preso. Mera coincidência? Ele deveria prosseguir, como inocente
cidadão, em pleno gozo de seus direitos civis, mas foram interrompidos por
injustificável prisão, por falsa imputação de crime.
A execrável situação foi presenciada por sua atormentada
família, mulher e filhos. Transportado pela viatura policial, em frente a
delegacia de polícia sucederam-se mais cenas de ignomínia, atos de infâmia.
Pior que isso. A conjuntura do momento odioso e abominável
quase se transforma em tragédia. Odeilson preso na viatura foi aviltado, quase
agredido fisicamente. Sofreu agressões verbais com xingamentos e ofensas por uma
verborragia insana. Estúpida ignorância. A massa ignara estava ali, pertinho,
prestes a cometer um trágico incidente. O povo insidioso e inflamado, a
perfídia incrementada pelo sensacionalismo popular, o ódio, a paixão que incita
contra alguém, no caso, o ataque a um jovem inocente por suposto crime hediondo
de estupro. Uma multidão que parecia formar um tribunal semelhante a histórica inquisição
para julgar um herege. Estava por lá para condenar alguém sem qualquer culpa. Além
das pessoas próximas ao acontecimento em praça público, dezenas e dezenas de
pessoas por redes sociais vomitaram desaforos, expressaram uma vontade indômita
de imperdoável e inexplicável maldade. Pelos poros a expelição da ignóbil e
injustificada vingança.
A investigação policial encontrou o verdadeiro criminoso.
Odeilson, enfim justiçado, livre. Fim de caso. Sim, mas o erro não foi
reparado.
A comunidade não se importou pela desfeita, parte dela culpada
pelo calamitoso erro, levada por errada e grosseira diligência policial.
Não houve uma passeata em apoio para Odeilson. Talvez fosse
até exagero. Mas também não aconteceu uma simples reparação pública por parte
de uma entidade, de uma instituição. O povo, por sua representação que é a
Câmara de Vereadores, nem de forma oficiosa pediu desculpa. As odiosas pessoas
que usaram redes sociais para o linchamento moral deveriam ter a grandeza, o
altruísmo de um pedido de desculpas.
Certamente Odeilson vai buscar junto ao Estado, caracterizado
como agente responsável no episódio praticado por um erro crasso, a reparação
em forma indenizatória com uma ação de violação, de danos de ordem moral.
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