quarta-feira, 15 de julho de 2015

O tornozelo e a janela indiscreta

O tornozelo é uma estrutura que deve ser estável e flexível permitindo os movimentos do pé e tenham força suficiente para impulsionar e sustentar o corpo e absorver os impostos contra o solo. A articulação do tornozelo é formada por dois ossos da perna, tíbia e fíbula e outro do pé, tálus.
Esse conhecimento de anatomia é passado pelo dr. Google, buscado na tentativa de explicar o que ocorreu comigo; um acidente em que envolveu o meu tornozelo direito. Assim ocorreu. Pela manhã propunha-me fazer o exercício da caminhada diária.  Começo minha andança após a chuva cessar. O solo um tanto molhado, mostra-se escorregadio. Ando, num declive acontece o imprevisto; deslizo, perco o equilíbrio, vou ao chão. Caio com o tornozelo direito entortado. Recupero-me, levanto e caminho com certo desconforto. Retorno para casa. No prognóstico de um leigo, acredito trata-se de uma entorse, quanto muito uma luxação. Nesse caso faço o procedimento usual: bolsa de gelo. Dia seguinte, o tornozelo muito inchado e dor ao andar. Consulta médica, raio x, diagnóstico: fratura do tornozelo. Por mais que um tornozelo seja flexível, maleável, pode não resistir a violência de uma queda. Meu caso. Quebrei os mencionados, tíbia e fíbula. Resultado: 50 dias de imobilização da perna por uma bota ortopédica. Um transtorno, a vida fica restringida, sumariamente dependente da ajuda de outras pessoas. Minha mulher, companheira de mais de 30 anos, amada amante, mais do que nunca parceira e auxiliar em muitas coisas, como exemplo ajuda na higiene corporal. Os deslocamentos feitos exclusivamente dentro de casa com auxilio de muletas são momentos de aborrecimento. Tanto tempo inativo deixa a pessoa enfadada. Poderia passar o tempo se morasse num prédio de apartamentos, lá pelo décimo andar, sentado junto a uma janela apreciar a paisagem e algo muito mais, assim como aquele personagem do filme Janela Indiscreta em que de sua janela com a perna imobilizada fotografava tudo o que ocorria em apartamentos vizinhos. Via e fotografava a vizinha sair do banho em trajes menores ou aquela outra que andava pelo apartamento nem com trajes menores, sem nada. Pior. O seu indiscreto olhar acabou testemunhando um crime passional.
Não moro em apartamento, moro em casa, não tenho condição de bisbilhotar vizinhos.  Meu passatempo então é ler os contos e as crônicas dos “rubens”, Rubem Braga e Rubem Fonseca. A televisão é outro entretenimento. Pelos canais de assinatura assisti a maioria de competições esportivas desde as finais de basquete da NBA, a conquista da Copa do Mundo de futebol feminino pelas americanas, os jogos do glorioso Botafogo, líder do Brasileirão, claro série B, até Fortaleza X Salgueiro pela série C (Tv Brasil, canal aberto). Canais americanos apresentam excelentes seriados como Mad Men. Nos canais HBO bons programas com reapresentações de sucessos como Família Soprano. Porém, entre tantas atrações sobressaem os filmes e séries, como House of Cards, oferecida pela Netflix. Ainda. Numa sessão retrô do tele-cine Cult, assisti o ótimo Crepúsculo dos Deuses.
Chega de televisão. Chega de imobilidade. Estou em fase do tratamento fisioterápico, faltam mais 10 sessões. Não uso mais a bota ortopédica. Caminho com a ajuda de somente uma muleta. Felizmente, depois de 64 dias, o final de quase inútil inatividade.
Falei de um problema pessoal, mas o texto tem a finalidade de servir de aviso, para as pessoas se precaverem. Deve se evitar caminhar em chão molhado, que tem aparência escura, parecendo lodo, possibilitando um tombo inesperado. Evitar caminhar em calçadas onde há grandes árvores, locais depositários folhas e sementes caídas, tornando o passeio escorregadio e perigoso.  Todo cuidado é pouco.
  






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