quarta-feira, 18 de novembro de 2015

RS: mais estrada: BR-2 Caxienses não gostaram / Pedágio coisa antiga

Pois bem. A comunidade caxiense ficou fula da vida quando soube que a BR-2 – a estrada que ligaria Jaguarão, na fronteira gaúcha até o Brasil continental – a principio teve seu traçado delineado passando por São Francisco de Paula, conforme narra Armando Antonello, em artigo publicado em jornal (A Gazeta Farroupilhense, abril de 1971).
O esboço da nova rodovia foi realizado pelo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagens) cujo diretor o engenheiro gaúcho Yeddo Fiuza, era candidato a presidência da República em 1945, pelo partido comunista (PCB). Os caxienses revoltados não concebiam o delineamento do projeto, sem passar por Caxias e convidaram Fiuza a visitar a região. Informa Antonello que Fiuza, conforme seu interesse, como candidato, aceitou o convite. Escreve Antonello: “Veio, viu e ouviu. Mostraram-lhe os luzentes faqueiros de prata, as gulodices metálicas, e fizeram-no sentir as forças vivas do trabalho e indicaram-lhe o caminho do dever”. Dessa forma, conhecendo a pujança do progresso caxiense, empreendeu um trajeto, com o interesse caxiense, que afinal seria a BR-2, percorrendo Morro Reuter, Dois Irmãos, Nova Petrópolis e Galópolis. Assim a construção da BR-2 (hoje BR-116) ocorreu como desejava a comunidade de Caxias do Sul. O citado artigo de Amando Antonello é intitulado “A próxima inauguração da RS-4” em que trata de modo geral das estradas de rodagem na região mas com detalhe importante: em determinada época (anos da década de 30) já ocorria a cobrança de pedágio. Escreve Antonello, reportando-se a bem antigamente, concernente ao pedágio: “Lá por São Leopoldo, a faixa de cimento à Porto Alegre era autofinanciada pelo pedágio, a razão de 1 centavo a cada 10 quilômetros, num total de 30 quilômetros”. Complementa seu pensamento, o primeiro prefeito de Farroupilha: “Quer dizer que ir a Porto Alegre era empreender uma viagem com pás, picaretas, tabuas, cordas, correntes e pedágio, - quando não viesse o aviso: “O Cadeia não dá passo”. O livro “Governar é abrir Estradas”, publicado pela Associação de Cimento Portland, informa que a estrada entre Porto Alegre e São Leopoldo, construída numa faixa de concreto, financiada pelas prefeituras de São Leopoldo e Gravataí (Canoas na época era distrito de Gravataí) foi inaugurada em 1934. Na ocasião, de São Leopoldo até Farroupilha, a condição da estrada Julio de Castilhos era a mais precária possível, por isso Antonello diz das dificuldades em viajar à Porto Alegre quando até São Leopoldo usava-se ferramentas diversas, saber se em dias de chuva o Rio Cadeia, afluente do Rio Cai, dava passo e além de tudo pagar pedágio. Quanto a inauguração da RS-4 (hoje RS-122), envolvendo pedágio, narra Antonello: “Tocou minha sensibilidade a recente declaração do governador do Estado quando afirma que o governo não pensa em cobrar pedágio nas rodovias ao seu cargo”. Complementa Antonello em seu raciocínio: “Nem pode. O pedágio pressupõe sempre duas amplas faixas de rolamento distintas onde seja absoluta a segurança, total conforto e máxima rapidez. Essa a trilogia do pedágio. Tudo o mais é temerário, incabível”.
Como se observa a privatização de estradas com cobrança de pedágio é tema de antigamente e bem atual.





  

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