Faz algum
tempo. Há aproximadamente 10 anos realizei o primeiro exame de toque retal para
verificação de um possível câncer de próstata. Sempre relutei em fazer esse
tipo de diagnóstico, muito pelo constrangimento. A prevenção, o diagnóstico
precoce só acontecia pelo exame do PSA.
A primeira
vez aconteceu por teimosia e influência de minha mulher. Decidida, severa e
enérgica, ponderou para depois argumentar, o receio que tem os homens de
procurar um médico, a falta de coragem para vencer seus medos, a vergonha de
realizar um exame como o toque retal.
O
questionamento de minha mulher para o meu convencimento foi feito ao comentar e
discorrer a decisiva vontade das mulheres em saber de sua saúde nem que para
isso tenha que submeter ao desconforto das apalpadas nas mamas ou, a incômoda e
desagradável posição para o exame papanicolau.
Fui
persuadido. Consultei-me com médico especialista e depois passou a ser rotina. A
cada ano tudo bem. A cada toque a normalidade da próstata, cada exame do PSA a
variação entre 1.5 a 1.8 ng/ml de sangue. O PSA é uma proteína encontrada no
sangue cujo nível acima de ng/ml 4.0, pode indicar doenças na próstata.
Pois bem.
Dois anos atrás mais uma consulta. O PSA, tudo bem, na baixa medida de sempre,
mas no toque retal o médico notou uma incidência: a próstata apresentava
tamanho anormal. Poderia ser um engrandecimento puro e simples, um tumor benigno
ou câncer.
Necessidade
de um diagnóstico mais positivo para saber-se de qual patologia se tratava e
por a isso a biopsia.
O estado de
ânimo em baixo astral. Tento me persuadir que não há moléstia. Trata-se um
exame rotineiro, uma formalidade, reflito e tento acreditar. Mas, no âmago da
consciência, na intimidade do id, revela-se tratar-se de uma enfermidade:
câncer.
Resultado da
biopsia levado ao médico, resultado que informa a necessidade de fazer um exame
mais apurado em São Paulo. A indispensável investigação me faz desconfiar, mas
do que nunca a certeza: câncer. Foi isso que me comunicou o médico diante do
resultado paulista.
Abriu o jogo
e me colocou duas opções: cirurgia ou radioterapia. Sua preferência a cirurgia.
E assim iria ocorrer, embora eu preferisse a radioterapia – medo. Numa próxima
consulta o médico notou meu vacilo diante do procedimento cirúrgico. Na minha
frente telefona para seu colega urologista em Porto Alegre e esse indica um
médico radioterapeuta. Dias após comecei meu tratamento. Foram 37 sessões de
segunda a sexta-feira. Ao final, exame de PSA, primeiro depois do tratamento,
1,2 ng/ml. Três meses após, PSA 0,9. Decorre o tempo, mais consulta e mais
exame 0,2. O médico em Porto Alegre me diz para comprar um bilhete lotérico,
estava com sorte. O que entendi que estava curado. Recentemente consulta e
exame com o urologista em Caxias. Depois de dois anos o nível do PSA deu como
resultado menos 0,1. O médico me informou que posso morrer de qualquer coisa,
menos de câncer de próstata. Novembro Azul.
Minha mulher
perspicaz e insinuante tinha toda a razão (todas as mulheres tem razão) no
benéfico e determinante aconselhamento. Obrigado.
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