Alto nível intelectual
na corte imperial de Brasília. O latim é usado como língua nacional, entre o
vice-presidente e a presidenta da República brasileira. O vice escreve uma
carta para a presidenta e em destaque abre a missiva com um prólogo em língua latina:
“Verba volant, scripta manent”, ou seja, na nossa língua, a portuguesa,
significa “as palavras voam, os escritos permanecem”.
Dilma, da
mesma forma, pela intelectualidade latina, poderia responder: “Aquiris
quodcumque rapis” ou seja, “colhes o que planta”. Mais, ainda em latim: “Mala
herba cito crescit”, traduzindo “ervas daninhas crescem rápido”. Parecem, retornando aos primórdios, mensagens
em tempo da república e império romano em que o latim era a língua oficial
naquela época de Roma. Latim é uma língua morta, mas tem autoridades
brasileiras querendo revivê-lo, ressuscitar a língua latina. Na verdade um fato
anacrônico. A atual comunicação política nacional no cotidiano, não só latina,
em que o brasileiro analfabeto funcional e muita gente boa não entendem
patavina, mas também em bom português, tem um jeito prosaico, modo de coisa jocosa
e bizarra, talvez a tentativa de enganar alguém, um lero-lero sem objetividade.
Data-venia
(latim de novo) ou seja, com a devida licença, a língua mais morta continua
viva em Brasília e está no cotidiano político da capital federal e até mesmo
nas ações da Polícia Federal.
Uma
investigação da PF foi cognominada com a expressão latina “erga omnes” o que
significa que a lei e uma decisão “valerá para todos”.
A mais
recente investigação dos federais tem uma denominação em latim: Catilinária.
Esse nome próprio faz referência aos discursos pronunciados pelo cônsul Marco
Tulio Cicero, famoso histórico, renomado cônsul e tribuno romano conhecido
simplesmente por Cícero.
Catilinária,
designada assim envolve Cícero e seus discursos no Senado romano, pronunciados
em 63 a.C. contra Lucio Sergio Catilina, senador, subversivo e militar, filho
de família nobre, mas falido financeiramente e que planejava com seus
seguidores derrubar o governo republicano romano para obter poder e riqueza. Na
verdade uma tentativa de golpe na antiga Roma há mais de dois mil anos. (Qualquer
semelhança com a política atual brasileira pode ser uma mera coincidência).
Em um dos
memoráveis discursos Cícero se pronuncia com varias indagações, verdadeira
inquirição: “Até quando Catilina abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo
ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar
a tua audácia sem freio?”
Lúcio
Sergio, o Catilina, nesse confronto aberto no Senado, pela eloqüência do
discurso de Cícero, perdeu. Derrotado, na oposição, aliou-se ao exército
golpista e foi ao confronto pelas armas. Deu-se mal. No ano seguinte o rebelde
morreu em campo de batalha.
Imagine-se.
Cícero na atualidade, no parlamento brasileiro, poderia dirigir seu discurso ao
deputado-presidente da Câmara: “Até quando Cunha abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo...
Em Brasília
o latim predomina. A presidenta Dilma nada gostou do latim de Michel e num
momento de reflexão, de meditação solitária em latim claro, deve ter pensado: “Beati
pauperes spiritu” ou seja, em reflexão clara, em português: “Bem-aventurados os
pobres de espírito”, isso depois de um momento de inicial de surpresa, quando
recebeu a tal carta deve ter exclamado, ainda em latim: “ Tu quoque, Michel,
fili mi!” (Até tu, Michel, filho meu”!
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