segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Cícero para Cunha: "Até quando ainda abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo...

Alto nível intelectual na corte imperial de Brasília. O latim é usado como língua nacional, entre o vice-presidente e a presidenta da República brasileira. O vice escreve uma carta para a presidenta e em destaque abre a missiva com um prólogo em língua latina: “Verba volant, scripta manent”, ou seja, na nossa língua, a portuguesa, significa “as palavras voam, os escritos permanecem”.
Dilma, da mesma forma, pela intelectualidade latina, poderia responder: “Aquiris quodcumque rapis” ou seja, “colhes o que planta”. Mais, ainda em latim: “Mala herba cito crescit”, traduzindo “ervas daninhas crescem rápido”.  Parecem, retornando aos primórdios, mensagens em tempo da república e império romano em que o latim era a língua oficial naquela época de Roma. Latim é uma língua morta, mas tem autoridades brasileiras querendo revivê-lo, ressuscitar a língua latina. Na verdade um fato anacrônico. A atual comunicação política nacional no cotidiano, não só latina, em que o brasileiro analfabeto funcional e muita gente boa não entendem patavina, mas também em bom português, tem um jeito prosaico, modo de coisa jocosa e bizarra, talvez a tentativa de enganar alguém, um lero-lero sem objetividade.
Data-venia (latim de novo) ou seja, com a devida licença, a língua mais morta continua viva em Brasília e está no cotidiano político da capital federal e até mesmo nas ações da Polícia Federal.
Uma investigação da PF foi cognominada com a expressão latina “erga omnes” o que significa que a lei e uma decisão “valerá para todos”.
A mais recente investigação dos federais tem uma denominação em latim: Catilinária. Esse nome próprio faz referência aos discursos pronunciados pelo cônsul Marco Tulio Cicero, famoso histórico, renomado cônsul e tribuno romano conhecido simplesmente por Cícero.
Catilinária, designada assim envolve Cícero e seus discursos no Senado romano, pronunciados em 63 a.C. contra Lucio Sergio Catilina, senador, subversivo e militar, filho de família nobre, mas falido financeiramente e que planejava com seus seguidores derrubar o governo republicano romano para obter poder e riqueza. Na verdade uma tentativa de golpe na antiga Roma há mais de dois mil anos. (Qualquer semelhança com a política atual brasileira pode ser uma mera coincidência).
Em um dos memoráveis discursos Cícero se pronuncia com varias indagações, verdadeira inquirição: “Até quando Catilina abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio?”
Lúcio Sergio, o Catilina, nesse confronto aberto no Senado, pela eloqüência do discurso de Cícero, perdeu. Derrotado, na oposição, aliou-se ao exército golpista e foi ao confronto pelas armas. Deu-se mal. No ano seguinte o rebelde morreu em campo de batalha.
Imagine-se. Cícero na atualidade, no parlamento brasileiro, poderia dirigir seu discurso ao deputado-presidente da Câmara: “Até quando Cunha abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo...
Em Brasília o latim predomina. A presidenta Dilma nada gostou do latim de Michel e num momento de reflexão, de meditação solitária em latim claro, deve ter pensado: “Beati pauperes spiritu” ou seja, em reflexão clara, em português: “Bem-aventurados os pobres de espírito”, isso depois de um momento de inicial de surpresa, quando recebeu a tal carta deve ter exclamado, ainda em latim: “ Tu quoque, Michel, fili mi!” (Até tu, Michel, filho meu”! 
 



  

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