segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Faustino espanhol, Luiza belga e a Compagnie Auxiliare de Fer Bresil

Deveras. Dentre as personalidades da história do município de Farroupilha  está meu avô Faustino Gomes, espanhol que chegou menino, 11 anos de idade, quase ao final do século XIX  com a sua família. Veio para o Brasil entre aproximadamente os 700 mil espanhóis emigrantes (o terceiro maior contingente de emigrantes). Os espanhóis como todos imigrantes europeus - alemães, portugueses e italianos - fugiram da situação de miséria no campo o que os impeliu em buscar novas possibilidades de uma vida melhor.
Nascido e procedente da cidade espanhola de Seijido, província de Pontevedra, Faustino e a família chegaram a Santa Maria onde se localizava o mais importante centro ferroviário do Estado. O espírito aventureiro, a busca de novas oportunidades, a esperança de promissores horizontes, remeteu a família àquela cidade onde havia possibilidades de engrandecimento profissional e crescimento pessoal, entre trens e trilhos.
Por ali a família espanhola iniciou a vida empresarial como empreiteira do ramo ferroviário.  Santa Maria naquele tempo era uma pujança econômica por ser o maior ramal ferroviário do estado, ponto central do trafego de trens. Naquela cidade se estabeleceu em 1898, como arrendatária da rede rio-grandense de ferrovias, a empresa belga Compagnie Auxiliare de Chemins de Fer au Bresil. A companhia na Santa Maria da Boca do Monte construiu 80 residências para abrigar seus funcionários, comunidade que ficou conhecida como Vila Belga, hoje restaurada, faz parte do Patrimônio Histórico Municipal. Nessa vila provavelmente morava uma jovem belga de nome Luiza Debelauprez que tinha a função de cozinheira.
O menino Faustino cresceu, estudou, casou e se separou pelo desquite.

           Surge a empresa Oppitez & Gomes em que seu pai é um dos
           sócios e consegue junto a firma belga, concessionária para a construção e
           execução do ramal da via férrea entre Montenegro e Caxias do Sul, habilitar-
           se para a conclusão da ferrovia em seus últimos 50 quilômetros, entre a vila
           Santa Luiza (hoje Carlos Barbosa) e Caxias do Sul passando por Nova Vicenza
          (Farroupilha).  É o jovem Faustino que vem a ser responsável pela fiscalização
          da obra. Primeiro se estabelece na vila Santa Luiza quando conhece a moça
          belga Luiza que por ali tinha chegado anteriormente e por sua cultura

         européia, transformou-se em professora. Faustino e Luiza se enamoram,                  formam uma família e vem morar em Nova Vicenza e tem como residência um casarão no alto rua Paim Filho com a Julio de Castilhos, onde
         hoje localiza-se um posto de abastecimento de combustível. Encerrado seu
         trabalho de empreiteiro com a inauguração do trecho ferroviário entre
         Montenegro e Caxias do Sul em 1910, Faustino dedicou-se a outras atividades.
        Esse fato, como bem outros acontecimentos históricos de Farroupilha estão no
       excelente livro de Raul Tartarotti, “Farroupilha história de uma cidade” (Ponto &
       Virgula Editora R$ 50,00). O livro de Tartarotti, como o de Alice Gasperin, a
       monografia de Ortenilla Dileta M. Trenti e algumas monografias que se
       encontram na Biblioteca Municipal são a pouca coisa da história farroupilhense.

       

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