segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Wendell Lira vencedor ou simplesmente Simplício

Suíça é um país situado no centro da Europa. País adorado por alguns brasileiros, não pelos Alpes, neve, frio, chocolate e relógios, mas sim onde há os bancos para muito político pilantra guardar dinheiro, lugar para corruptos amealharem fortunas, larápios do dinheiro público.
Zurique é a mais importante cidade suíça. Lá está a majestosa sede da FIFA. Em seu imenso auditório ocorreu o célebre, badalado e famoso mundialmente acontecimento esportivo chamado de Bola de Ouro.
Ambiente de muita sofisticação e glamour. Celebridades do esporte mais praticado no mundo estão presentes, envolvendo o ambiente com o charme pessoal de cada um, sedução pelo encanto e magnetismo.
Nesse refinado recinto foi realizada a solenidade para a entrega de premiação aos melhores do futebol durante o ano que passou. Um espetáculo deslumbrante.
Comparece ao fascinante evento um simplório, humilde e modesto brasileiro. Brasileiro que poderia ser chamado por seu jeito crédulo e singelo, pelo nome e sobrenome de Simplício da Simplicidade Simples.
O nome de Simplício é falso, claro, pode até servir de metáfora, pois o aludido Simplício tem nome verdadeiro: Wendell Lira.
Famílias modestas, como de Wendell, sofrem influência, tem a cultura de utilizar nomes americanos no registro em cartório. Como Wendell há Ashley, Dylan, Jonathan, Wesley. Por sua vez famílias abastadas utilizam a língua portuguesa para na pia bastimal usar nomes tradicionais: Pedro ou Antônio
Então o nosso Wendell, lá estava lado a lado de ídolos como Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo. No ambiente requintado de homens e mulheres elegantes, alguns afetados e vaidosos, exibicionistas no apurado gosto de vestir, o simplório goiano não decepcionou pela elegância, embora modesta. O terno de cor escura, gravata no mesmo tom, camisa branca. Corte de cabelo tradicional, curto e bem ajeitado, sem as extravagâncias de penteados de muitos astros.
A festa da FIFA teve intensa programação com homenagens e premiação: a seleção de jogadores; o melhor jogador (Messi), a melhor jogadora (americana Carli Lloyd).
Para a torcida brasileira a premiação mais importante era o prêmio Puskas de Gol Mais Bonito: Wendel estava concorrendo. Era um dos três finalistas na companhia de Messi e do italiano Fiorenzi. Wendell está na platéia junto a esposa. Usa fone de ouvidos evidentemente para tradução dos acontecimentos. Mas quando foi pronunciado o nome Wendell Lira como vencedor com quase 50% dos votos (exatos 46,7) ele não precisou de tradução nenhuma. No momento em que é proferido seu nome pelo apresentador, uma mulher loira sentada na fileira de poltronas, atrás de Wendell, procura com os olhos o vencedor e fica surpresa, não acredita (seu olhar, suas feições demonstram) que vencedor está na sua frente. Muita gente ficou surpresa, Messi com seu gol parecia ser o ganhador.
Wendel beija sua companheira, ergue-se, caminha pelo tapete vermelho até o palco, sério e imperturbável, não parece deslumbrado. Recebe o prêmio e talvez como religioso faz menção, em forma de agradecimento, da passagem bíblica entre Davi e Golias. Assim o moço do interior, com seu jeito tímido e acanhado chegou ao pináculo da fama, tudo conseguido num belo gol feito com precisão e de modo acrobático.
Mereceu o prêmio o Simplício, digo, Wendell Lira
    





  




quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O novo 1º de Janeiro (2016)

Um foi embora, o outro chegou. Retirou-se de cena o ano de 2015, alquebrado em sua decrepitude, ressentido pelos males da humanidade. Chegou o ano de 2016, recém-nascido, faceiro, recepcionado com festas, mas com um futuro de perspectivas nada agradáveis, pior, aterrorizantes, se tudo começar como acabou o seu antecessor: conflitos, guerras, atentados terroristas, tragédias pela devastação ambiental, a intolerância religiosa e racista, a insegurança urbana, psicopatas matando em série indefesas pessoas, infortunados mortos por balas perdidas, criaturas mortas pela estupidez humana, crises na área política e econômica.
Mesmo com tantos infortúnios segue a vida, na pretensa ordem natural das coisas. Esse panorama trágico representa a generalidade infeliz do planeta. São poucas coisas a ser falar da desejada normalidade da vida humana, felicidade, amor e paz, infelizmente trocada pela violência, pela tal moléstia assassina que abala homens poderosos e até reles facínoras, em determinados momentos ou quase sempre.
Nas individualidades muitas pessoas passaram por desgostos, sofridos momentos, infaustos acontecimentos. Sentiram a crise perderam o emprego e consequentemente o poder aquisitivo. Muitos da famigerada classe D passaram para a quase indigência. Foram despejados pelo não pagamento de aluguel ou e pelas prestações não quitadas da “Minha Casa, Minha Vida”. Não tinham auxilio moradia.
Mas nem tudo é desgraceira. Ainda na individualidade, o velho ano de 2015 presenciou a felicidade entre pessoas na alegria de viver. Mantiveram os empregos. Superaram a crise sem gastança, não foram perdulários e assim controlaram a atual conjuntura econômica.
Entre o velho ano e o novo, há sempre um novo 1º de janeiro, na verdade um velho dia primeiro, no calendário de todos os anos. O neonato 2016, imberbe e implume, de apenas oito dias de nascimento, já no seu primeiro dia de existência se mostrou péssimo com indícios de mais crise aqui pelo Rio Grande com aumento de impostos. De cara no primeiro dia gasolina a R$ 4,00 o litro. No embalo os preços serão aumentados no mercado de alimentos, da construção, do vestuário e de eletrodomésticos. Mercadorias que precisam de transporte e assim se tornam mais caras, pois o custo com combustível aumentou.  Certamente serão majoradas as tarifas de água, luz e esgoto, internet e etc.
O governo gaúcho aumentou as alíquotas do ICMS em 5%. Mas é de se prever que alguns empresários inescrupulosos, com o interesse do lucro fácil, aproveitando o oportunismo, os 5% de aumento nos preços, na reposição para o consumidor, na verdade passam a ser entre 7 a 10% no preço final no varejo.
Ainda quanto ao 1º de janeiro. A cada ano é o primeiro dia a ser comemorado por uma efeméride anual. Já tivemos diversos anos internacionais comemorando algo desde 1957. Em 2016 a agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Agricultura e Alimentação (FAO) consagrou oficialmente o ano como o Ano Internacional das Leguminosas que tem como objetivo divulgar e promover o poder da proteína e os benefícios dos legumes, entre eles, feijão, ervilha, grão-de-bico, soja, lentilha e etc.
Que o ano sirva essencialmente para alimentar milhões de famélicos no mundo.
Ainda. Lembrar que 1º de Janeiro é o Dia Mundial da Paz e o Dia da Fraternidade Universal. Que assim seja no contexto atual de desumanidade.
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O tempo passa... Passatempo!!!

O tempo passa, passa o tempo, sem ser um passatempo. Às vezes sim, vez por outra não. Tempo que nem sempre é divertimento. Tempo como uma das mais importantes grandezas usadas em ciência.
Em sua cronologia é inexorável. Tem pressa. Tal qual um bólido, enumera a sucessão de ocorrências que passam a ser lembranças. Rapidez incessante.
Depressinha 1 segundo é tempo passado. Segundo inestimável no desenrolar de nossas vidas. Tempo que fundamentalmente marca nossa existência.
 A sensação de tempo está inseparavelmente, de forma intimista ligada a cada um de nós. É inerente às pessoas.
É ele, esse tempo que nos conduz pelos caminhos ora alegres, ora tristes, retos e plenos, às vezes por atalhos tortuosos.
Tempo contado na duração das coisas ou fenômenos, que conta uma viagem, o período de sono e de vigília, que marca duração de um jogo, o espaço decorrido para o  recolhimento, meditação e oração, de contar os indispensáveis batimentos cardíacos, entre tantas coisas. Tempo contado nos segundos, horas, dias, na sucessão de anos, décadas, séculos, milênios, por épocas, toda uma eternidade.
Tempo que já foi determinado num tempo passado por ampulhetas. Tempo contado no presente por relógios eletrônicos.    
Como se observa o tempo aqui não faz referência ao estado atmosférico, temperatura fria ou quente, nem ao clima, chuva ou sol.
Também não se escreve sobre o tempo das ocasiões oportunas, do tempo das conjeturas, ensejos e desejos, do tempo perdido.
O tempo aqui dito e falado é do tempo que passa de forma implacável. Drástico no contar, na soma dos instantes, no tempo dos momentos. Não cede a rogos, as lagrimas, suplicas e lamentações. Cruel, inflexível.
O tempo passa. O segundo de agora, a sexagésima parte do minuto, será o segundo do passado. Passa a ser história, pode ficar na memória entre lembranças ou pode ficar perdido no próprio tempo.
O tempo passado pode ser relembrado de muitas maneiras: histórias contadas, álbuns de família, fotos e páginas de um jornal.
Dezembro de 1985, 30 anos, jornal “O Farroupilha” (30.12.15 pag. 14). O tempo que passou. Uma galeria de fotos de 56 crianças matriculadas numa escolinha maternal, com a tenra idade entre três e cinco anos. A infância e o começo da vida escolar. Pela necessidade, no mundo moderno lá estão enquanto os pais trabalham, executam tarefas em diversos setores. Alguém precisa cuidar das crianças. Reuni-se então o útil ao agradável: são cuidadas e começam a desenvolver estudos, a escolaridade.
O tempo. Dezembro de 1985. Fotografias da Daniela... de Thais... Fernando...Mayara...Dayana... Madalene...e outras mais 50 crianças. Infantes no tempo passado. No tempo presente, adultos, na faixa etária dos 35 anos. Provavelmente com filhos, matriculados numa escolhinha maternal onde já foram fotografados e passados 30 anos, fotografias que serão revistas, relembradas.
Ainda no jornal (8.01.16 pag. 8, Expressões), título “Novos farroupilhense”, fotos daqueles nascidos na semana de 29 de dezembro a 5 de janeiro. 24 novos farroupilhenses. Fotografias de cada um deles. De Eloá... do Joaquim...da Heloisa... e de todos os outros. Nasceram. Daqui a pouco, podem estar aos cuidados de uma creche, depois no maternal, mais fotografias, mais 30 anos passados.
Segue a marcha inexorável do tempo. Na há volta, retrocesso, tempo passado e segue a vida.



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

STF: o ministro e sandália

Plenário solene, austero e vetusto do Supremo Tribunal Federal (STF),  órgão de grandeza e magnitude do Poder Judiciário, refúgio de um último recurso, instância final, onde tudo acaba judicialmente. Naquele lugar o palco supremo do poder jurídico. O ambiente tem refinada elegância e apurado critério artístico. O espaço principal é ocupado por uma mesa clássica em forma da letra U. Num ponto mais alto, pela relevância de seu cargo e pela reverência inerente, tem assento o presidente do tribunal. A sua direita num degrau inferior o Procurador Geral da República e a sua esquerda o secretário da sessão. Os demais ministros, em outro ponto mais abaixo, por sobre um tablado sentam-se, refestelam-se em confortáveis poltronas.  Estão posicionados em ordem decrescente de antiguidade alternadamente nos lugares laterais a começar pelo lado direito, ocupado pelo ministro mais recentemente nomeado. No mesmo plano, à frente da mesa diretiva colocam-se os taquígrafos, um pouco atrás o púlpito a ser ocupado por advogados quando de suas alegações. A platéia. À direita e esquerda é formada é pela imprensa e público em geral. O centro ocupado por advogados. Nesse cenário inicia-se a votação. Voto do relator Edson Fachin. Voto pela manutenção do rito adotado pelo presidente da câmara Eduardo Cunha. Logo em seguida a interpretação, a tese desenvolvida por Fachin é contrariada pelo ministro Luis Roberto Barroso, proposição aceita pela maioria dos ministros. Em determinado momento quem vota é o ministro Teori Zavaski, momento também em que rito estabelecido se arrasta, torna-se  enfadonho com prosopopéias cansativas. No voto de Zavaski, com imagens da TV Justiça, deslumbra-se algo curioso e inusitado, configura-se um panorama diferente, uma sandália é potagonista. A câmera da TV acompanha o ministro. Está sentado. De repente em certo ângulo, mais embaixo, quase ao pé da poltrona a imagem capta um pé calçado por uma sandália de cor dourada, salto de altura média, duas tiras se entrelaçam sobre o pé. Teori apresenta seu voto. A câmera o acompanha como acompanha o movimento daquela sandália. As pernas cruzadas, o pé direito com a sandália se move para cima e para baixo ora vagarosamente, ora de modo vertiginoso. Ansiedade? O ministro é aparteado por um colega. Sai de cena, como sai a sandália. Minutos depois retorna a cena anterior. Teori fala e a sandália lá está em foco. Agora, tendo como apoio o salto do pé direito, a sandália de um lado para o outro, se move de modo insistente. Impaciência? Outro ministro interrompe. Outra vez fora de cena Teori e a sandália. A câmera da TV Justiça retorna ao cenário de origem com a fala de Teori. Lá está a sandália. Agora são os dois pés juntos, obviamente duas sandálias. A movimentação tem como base o chão. Um pé se arrasta para frente, o outro para trás e vice-versa, repetidamente. Angustia e aflição? O ministro encerra seu voto e sai de cena, como também a sandália. A pergunta que não quer calar. Quem seria a dona da sandália dourada? O que se sabe é que aquele enfado da verve discursiva em certos momentos foi atenuado, quando Tv Justiça flagrou a sandália dourada.