segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

STF: o ministro e sandália

Plenário solene, austero e vetusto do Supremo Tribunal Federal (STF),  órgão de grandeza e magnitude do Poder Judiciário, refúgio de um último recurso, instância final, onde tudo acaba judicialmente. Naquele lugar o palco supremo do poder jurídico. O ambiente tem refinada elegância e apurado critério artístico. O espaço principal é ocupado por uma mesa clássica em forma da letra U. Num ponto mais alto, pela relevância de seu cargo e pela reverência inerente, tem assento o presidente do tribunal. A sua direita num degrau inferior o Procurador Geral da República e a sua esquerda o secretário da sessão. Os demais ministros, em outro ponto mais abaixo, por sobre um tablado sentam-se, refestelam-se em confortáveis poltronas.  Estão posicionados em ordem decrescente de antiguidade alternadamente nos lugares laterais a começar pelo lado direito, ocupado pelo ministro mais recentemente nomeado. No mesmo plano, à frente da mesa diretiva colocam-se os taquígrafos, um pouco atrás o púlpito a ser ocupado por advogados quando de suas alegações. A platéia. À direita e esquerda é formada é pela imprensa e público em geral. O centro ocupado por advogados. Nesse cenário inicia-se a votação. Voto do relator Edson Fachin. Voto pela manutenção do rito adotado pelo presidente da câmara Eduardo Cunha. Logo em seguida a interpretação, a tese desenvolvida por Fachin é contrariada pelo ministro Luis Roberto Barroso, proposição aceita pela maioria dos ministros. Em determinado momento quem vota é o ministro Teori Zavaski, momento também em que rito estabelecido se arrasta, torna-se  enfadonho com prosopopéias cansativas. No voto de Zavaski, com imagens da TV Justiça, deslumbra-se algo curioso e inusitado, configura-se um panorama diferente, uma sandália é potagonista. A câmera da TV acompanha o ministro. Está sentado. De repente em certo ângulo, mais embaixo, quase ao pé da poltrona a imagem capta um pé calçado por uma sandália de cor dourada, salto de altura média, duas tiras se entrelaçam sobre o pé. Teori apresenta seu voto. A câmera o acompanha como acompanha o movimento daquela sandália. As pernas cruzadas, o pé direito com a sandália se move para cima e para baixo ora vagarosamente, ora de modo vertiginoso. Ansiedade? O ministro é aparteado por um colega. Sai de cena, como sai a sandália. Minutos depois retorna a cena anterior. Teori fala e a sandália lá está em foco. Agora, tendo como apoio o salto do pé direito, a sandália de um lado para o outro, se move de modo insistente. Impaciência? Outro ministro interrompe. Outra vez fora de cena Teori e a sandália. A câmera da TV Justiça retorna ao cenário de origem com a fala de Teori. Lá está a sandália. Agora são os dois pés juntos, obviamente duas sandálias. A movimentação tem como base o chão. Um pé se arrasta para frente, o outro para trás e vice-versa, repetidamente. Angustia e aflição? O ministro encerra seu voto e sai de cena, como também a sandália. A pergunta que não quer calar. Quem seria a dona da sandália dourada? O que se sabe é que aquele enfado da verve discursiva em certos momentos foi atenuado, quando Tv Justiça flagrou a sandália dourada.
                                                       




  

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