Plenário solene,
austero e vetusto do Supremo Tribunal Federal (STF), órgão de grandeza e magnitude do Poder Judiciário,
refúgio de um último recurso, instância final, onde tudo acaba judicialmente.
Naquele lugar o palco supremo do poder jurídico. O ambiente tem refinada
elegância e apurado critério artístico. O espaço principal é ocupado por uma mesa
clássica em forma da letra U. Num ponto mais alto, pela relevância de seu cargo
e pela reverência inerente, tem assento o presidente do tribunal. A sua direita
num degrau inferior o Procurador Geral da República e a sua esquerda o
secretário da sessão. Os demais ministros, em outro ponto mais abaixo, por
sobre um tablado sentam-se, refestelam-se em confortáveis poltronas. Estão posicionados em ordem decrescente de
antiguidade alternadamente nos lugares laterais a começar pelo lado direito,
ocupado pelo ministro mais recentemente nomeado. No mesmo plano, à frente da mesa
diretiva colocam-se os taquígrafos, um pouco atrás o púlpito a ser ocupado por advogados
quando de suas alegações. A platéia. À direita e esquerda é formada é pela
imprensa e público em geral. O centro ocupado por advogados. Nesse cenário
inicia-se a votação. Voto do relator Edson Fachin. Voto pela manutenção do rito
adotado pelo presidente da câmara Eduardo Cunha. Logo em seguida a
interpretação, a tese desenvolvida por Fachin é contrariada pelo ministro Luis
Roberto Barroso, proposição aceita pela maioria dos ministros. Em determinado
momento quem vota é o ministro Teori Zavaski, momento também em que rito
estabelecido se arrasta, torna-se enfadonho com prosopopéias cansativas. No voto
de Zavaski, com imagens da TV Justiça, deslumbra-se algo curioso e inusitado,
configura-se um panorama diferente, uma sandália é potagonista. A câmera da TV
acompanha o ministro. Está sentado. De repente em certo ângulo, mais embaixo,
quase ao pé da poltrona a imagem capta um pé calçado por uma sandália de cor
dourada, salto de altura média, duas tiras se entrelaçam sobre o pé. Teori
apresenta seu voto. A câmera o acompanha como acompanha o movimento daquela
sandália. As pernas cruzadas, o pé direito com a sandália se move para cima e
para baixo ora vagarosamente, ora de modo vertiginoso. Ansiedade? O ministro é
aparteado por um colega. Sai de cena, como sai a sandália. Minutos depois
retorna a cena anterior. Teori fala e a sandália lá está em foco. Agora, tendo
como apoio o salto do pé direito, a sandália de um lado para o outro, se move de
modo insistente. Impaciência? Outro ministro interrompe. Outra vez fora de cena
Teori e a sandália. A câmera da TV Justiça retorna ao cenário de origem com a
fala de Teori. Lá está a sandália. Agora são os dois pés juntos, obviamente
duas sandálias. A movimentação tem como base o chão. Um pé se arrasta para frente,
o outro para trás e vice-versa, repetidamente. Angustia e aflição? O ministro
encerra seu voto e sai de cena, como também a sandália. A pergunta que não quer
calar. Quem seria a dona da sandália dourada? O que se sabe é que aquele enfado
da verve discursiva em certos momentos foi atenuado, quando Tv Justiça flagrou
a sandália dourada.
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