Trata-se da
palavra da vez, do momento: empoderamento. Até pouco tempo atrás era um
vocábulo estranho, um termo pouco usual, incomum no vocabulário do cotidiano.
Palavra enigmática, soando de modo misterioso ao sentido da audição. Sua pouca
habitualidade em conversas diversas em outra época, sua ausência em textos
corriqueiros anteriores, faz com que no programa do computador apareça
sublinhada com um risco vermelho denotando a palavra como desconhecida. Termo
relativamente novo, um neologismo de autoria do educador brasileiro Paulo
Freira que criou um significado especial para empoderamento com o sentido
transformador. Foi Freire que buscou a nova palavra na língua estrangeira, exatamente
na língua inglesa: empowerment, que na sua forma literal significa
empoderamento, dar poder, conceito derivado da ideia da conquista da liberdade
pelas pessoas que subordinadas a uma posição de dependência como é o caso das
mulheres diante dos homens. Por essa situação o termo empoderamento é tão
moderno e usual pelo movimento social e doutrinário conhecido como feminismo –
que muitos homens preconceituosos, de pensamento obsoleto, retrógrados, acham
coisa ridícula - pelo direito da igualdade de gênero, pelo fim do machismo, a
força preconceituosa do poderio que projeta o homem como suposto ser superior,
poderoso e onipotente, que se permite a tudo, até o nojento assédio sexual quando
na oportunidade encontra uma mulher receosa, fragilizada, subjugada. Não foi
isso o que ocorreu com a figurinista da Globo. Assediada se mostrou corajosa e liberta
para divulgar o assedio sexual que sofreu. Empoderada, mostrou poder. Mexeu com
ela mexeu com todas.
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Surgiu entre
a mulherada da Rede Globo e em razão disso, a fácil divulgação, intensa
repercussão, sem dificuldade alguma para sua memorização, que atingiu
determinado público seletivo a expressão “Mexeu com uma mexeu com todas”.
Campanha que deveria se estender para toda a população contra o assedio sexual
que ocorre no interior de um trem urbano onde a moça é bolinada, no lotado
ônibus ou num vagão do metrô quando a mulher indefesa é tocada em suas partes
íntimas.
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O programa
Big Brother da Globo, como toda programação tem produção e direção. Tal qual
uma novela os participantes protagonizam o que o diretor determinar. Fulano faz
isso, beltrano aqueloutro. Ele vai para debaixo do edredom com ela, ela com
outro alguém, um com outro, outro com um. Cenas explicitas ao que parecem
consensuais. Se assim não for permitidas é muito mais que um assédio sexual. Quando
essas situações se tornam corriqueiras, sem maiores atrações para o público, é
necessário aumentar a audiência. Então apela-se para momentos mais desconcertantes,
com cenas drásticas, que chega atingir, mexe com o emocional de um participante
levando-o a estúpida agressão a uma mulher. Lastimável o mau exemplo da Rede
Globo.
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O deputado
relator do projeto que regulamenta terceirização afirmou que a maioria dos
trabalhadores no país do setor de asseio e higienização é do sexo feminino
porque “ninguém faz limpeza melhor do que a mulher”.
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Com a
intensa repercussão do assedio sexual de um ator com uma figurinista será que
acabou o famigerado “teste do sofá” na Globo.
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