quarta-feira, 19 de abril de 2017

Empoderamento: mexeu com uma mexeu com todas

Trata-se da palavra da vez, do momento: empoderamento. Até pouco tempo atrás era um vocábulo estranho, um termo pouco usual, incomum no vocabulário do cotidiano. Palavra enigmática, soando de modo misterioso ao sentido da audição. Sua pouca habitualidade em conversas diversas em outra época, sua ausência em textos corriqueiros anteriores, faz com que no programa do computador apareça sublinhada com um risco vermelho denotando a palavra como desconhecida. Termo relativamente novo, um neologismo de autoria do educador brasileiro Paulo Freira que criou um significado especial para empoderamento com o sentido transformador. Foi Freire que buscou a nova palavra na língua estrangeira, exatamente na língua inglesa: empowerment, que na sua forma literal significa empoderamento, dar poder, conceito derivado da ideia da conquista da liberdade pelas pessoas que subordinadas a uma posição de dependência como é o caso das mulheres diante dos homens. Por essa situação o termo empoderamento é tão moderno e usual pelo movimento social e doutrinário conhecido como feminismo – que muitos homens preconceituosos, de pensamento obsoleto, retrógrados, acham coisa ridícula - pelo direito da igualdade de gênero, pelo fim do machismo, a força preconceituosa do poderio que projeta o homem como suposto ser superior, poderoso e onipotente, que se permite a tudo, até o nojento assédio sexual quando na oportunidade encontra uma mulher receosa, fragilizada, subjugada. Não foi isso o que ocorreu com a figurinista da Globo. Assediada se mostrou corajosa e liberta para divulgar o assedio sexual que sofreu. Empoderada, mostrou poder. Mexeu com ela mexeu com todas.  
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Surgiu entre a mulherada da Rede Globo e em razão disso, a fácil divulgação, intensa repercussão, sem dificuldade alguma para sua memorização, que atingiu determinado público seletivo a expressão “Mexeu com uma mexeu com todas”. Campanha que deveria se estender para toda a população contra o assedio sexual que ocorre no interior de um trem urbano onde a moça é bolinada, no lotado ônibus ou num vagão do metrô quando a mulher indefesa é tocada em suas partes íntimas.
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O programa Big Brother da Globo, como toda programação tem produção e direção. Tal qual uma novela os participantes protagonizam o que o diretor determinar. Fulano faz isso, beltrano aqueloutro. Ele vai para debaixo do edredom com ela, ela com outro alguém, um com outro, outro com um. Cenas explicitas ao que parecem consensuais. Se assim não for permitidas é muito mais que um assédio sexual. Quando essas situações se tornam corriqueiras, sem maiores atrações para o público, é necessário aumentar a audiência. Então apela-se para momentos mais desconcertantes, com cenas drásticas, que chega atingir, mexe com o emocional de um participante levando-o a estúpida agressão a uma mulher. Lastimável o mau exemplo da Rede Globo.
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O deputado relator do projeto que regulamenta terceirização afirmou que a maioria dos trabalhadores no país do setor de asseio e higienização é do sexo feminino porque “ninguém faz limpeza melhor do que a mulher”. 
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Com a intensa repercussão do assedio sexual de um ator com uma figurinista será que acabou o famigerado “teste do sofá” na Globo.



   


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