Sete
capitais é uma classificação de condições humanas, vícios apegados ao ser
humano, definidos pela Igreja Católica que envolvem atitudes humanas contrárias as leis divinas.
Mas por que sete? Em hebraico “sete” significa “estar completo”, definido como
número perfeito e bem acabado. Exceto a questão religiosa, os assim ditos
“pecados capitais”, não bíblicos, são reflexões morais. Suas significações:
Gula, a compulsão, o desejo insaciável
em comer por exagerado prazer; avareza,
o apego descontrolado aos bens materiais,
ganância ao dinheiro, sovinice, mesquinhez; soberba, aquele que se acha em superioridade, orgulhoso e arrogante;
inveja é a cobiça, o desgosto pela
prosperidade de outrem; luxuria, o
desejo passional e egoísta de todo prazer sensual e material; preguiça se caracteriza pela pessoa
negligente e indolente; ira,a
agressividade, a paixão, o sentimento intenso e descontrolado que nos incita
contra alguém pelo rancor, o ódio e a raiva, desequilíbrio pelas emoções,
caminho para o preconceito. Sete são os pecados capitais e certamente poderiam
ser oito. O oitavo se insere nesse mundo marcado pela falta de tolerância, de
paz de espírito, da vivência em harmonia, o que se entende como preconceito. O
conceito preconcebido originado por um sentimento hostil, por uma generalização
apressada, ou o que é pior, internalizado por alguns que induz reações
preconceituosas nada dissimuladas. Preconceito, concepção de antemão em forma
discriminatória para com as pessoas consideradas diferentes ou estranhas. Juízo
formado de forma grosseira, maniqueísta e radical, principalmente quando se
trata de racismo (negros) e classes sociais (pobres). Preconceito é a opinião
que as pessoas formam de outras pessoas sem conhecê-la criteriosamente,
julgamento que se faz de modo apressado e superficial, formado e dominado por
ranço, por virulência, autenticidade do pior dos sete capitais, a ira, entendido
rancor e ódio.
A região
colonial formada pela emigração italiana preza em sua maioria por natural
conservadorismo. Há muitos anos esse fato provocava preconceitos. Não precisava
ser negro, nem nordestino. Pessoas de sobrenome como Silva, Pereira, Oliveira, Santos,
Gomes eram tratados pelo caráter antiquado de “brasileiros”, desconhecendo que
todos aqueles sobrenomes citados surgiram no Brasil, se originaram por aqui
como os primeiros “brasileiros”, lá nos primórdios da terra “brasilis”, pela
emigração portuguesa inicialmente, mais tarde pelos espanhóis, franceses e
japoneses e outros tantos emigrantes. Aquele forte preconceito ficou no passado
e hoje em dia todos são “brasileiros” e parece conviverem em harmonia, sem
qualquer preconceito. Mas não é tanto assim por lamentáveis exceções. Não faz
muito tempo o preconceito descarado colocou uma nodoa junto a comunidade
farroupilhense. Para um nordestino (baiano), cor parda, foi montado uma “armação”,
feita uma simulação para incriminá-lo como deliquente, protagonista de um falso
assalto a determinado estabelecimento comercial. Farsa que custou vergonhoso
constrangimento ao pardo nordestino em razão de odioso preconceito. Mais
recentemente, a infâmia, o estigma do preconceito ocasionou mais uma mácula junto
a população farroupilhense e o que mais grave, provindo de um poder republicano
como o legislativo municipal, fato teve ressonância nacional, desta feita, envolvendo
mais uma vez o povo nordestino. Situação de constrangimento para a Câmara
Municipal, preconceito de um dos seus membros praticado pela intolerância,
rancor e ranço, motivos mais do que suficientes na quebra do decoro
parlamentar.
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