“Trata-se de
ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.”
Primeira
cena: o chefe.
Portaria de
um condomínio que pertence ao contribuinte brasileiro e onde mora somente uma
privilegiada família. O carro preto se aproxima. Para os seguranças algo
estranho àquela hora da noite, inesperada e misteriosa visita. Não há como
verificar quem seja. A película fumê que encobre o vidro não permite qualquer distinção.
Um segurança vai interceptar o veículo, porém seu colega verifica a placa e
permite a passagem livre. O enigmático
carro preto chama ainda mais a atenção por sua entrada direta pela garagem. A
casa, mais que isso, uma mansão, muito mais que aquilo, um palácio, serve como
local de secreto encontro entre um supremo chefe e um fanfarrão e delinquente. A
coopropriedade tem o nome de um pássaro,
nome também que sugere na gíria uma mulher muito feia e que é desajeitada e
esquisita, o que não é o caso da mulher que lá mora. O nome do pássaro é usado
também como termo depreciativo e pejorativo, que pode ser o caso do homem que
lá mora. O diálogo entre o chefe e o parlapatão meliante tem como destaque uma conversa
simbólica pelo metaforismo:
- E o nosso
passarinho, como está? Pergunta a chefia soberana.
- Está muito
bem, responde o crápula interlocutor.
Disse mais:
- Na gaiola
só come alpiste importada, custou umas cinco milhas
- Ótimo,
ótimo, continue tratando bem ele.
É o
comentário de satisfação do chefe. Falam mais, noite adentro, envolvendo outros
assuntos, diálogos periclitantes pelo aspecto de uma futura traição, com pessoas
de diferentes idiossincrasias, mais semelhantes pelo aspecto criminoso do “lesa
pátria”.
. Fim de papo. O chefe convida o pérfido
visitante.
- Não quer
comer uma feijoada “Jó”?
*** ***
Segunda
cena: o depoente:
Em certa
cidade, pergunta o juiz:
- Sobre a
cobertura que o senhor possui à beira-mar, o que dizer?
O
interrogado fica surpreendido. Espantado pede para o magistrado repetir a
pergunta, para melhor entender. Feito. Refeito da surpresa, responde:
- Seu doutor.
Eu moro num condomínio da Minha Casa, Minha Vida lá na periferia da cidade. É o
que tenho.
O juiz faz
uma admoestação dizendo que no depoimento prevalece somente a verdade. Prossegue:
- E o belo
sítio que o senhor possui o que tem a dizer?
- Não tenho
essa tal de cobertura e nem sítio. Sou um operário metalúrgico.
- Senhor ex-presidente
vamos parar com mentiras. Quero a verdade.
- Aí sim há uma
mentira, talvez um um engano doutor. Continuo sendo presidente da associação de
moradores do meu bairro.
O juiz impaciente,
quase irritado, deseja certificar-se.
- Data vênia
como é mesmo seu nome?
- Luiz
Inácio da Silva
O magistrado
quer maior esclarecimento. O nome completo e verdadeiro:
- Seu nome
completo é Luiz Inácio Lula da Silva?
- Não doutor.
Lula já era.
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