segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Praia:nodestão, chocolatão

Nos últimos anos o Natal  foi comemorado na minha residência. Nós (o nós refere-se a minha mulher e eu), sempre gostamos daquele jeito de comemoração, da festividade natalina, tendo como local a nossa casa. Compartilha-se o aconchego familiar, dividem-se as emoções nos reencontros, sentimento da saudade desaparece, presença da alegria contagiante, nada de chafurdar tristezas, comemoram-se os ganhos, as perdas sem comentários. Sorrisos libertos entre beijos e abraços, não há momento de chorar lamentações, desagradáveis reminiscências.
A cada ano em torno de 20 pessoas marcavam presença na minha residência. Moro numa casa não tão grande para  abrigar tanta gente, mas tenho uma espaçosa e confortável garagem. Ali se estende uma mesa elástica expansiva acomodando-se os convidados. A festa oferecida não se trata de uma “boca livre” ou “0800”. É compartilhada pelo principio da igualdade socializada:  é sugerido ao convidado  colaborar com algum tipo de “comes e bebes”. Registra-se que nunca houve caso de algum “cara de pau” que não tenha dado sua contribuição.
Mas, nesse ano que passou a festividade de Natal e Ano Novo, foi diferente. Nas comemorações mencionadas, a família restrita aos pais, aos filhos, nora e genro, claro, mais a netinha Cecília, resolveu festejar à beira-mar, no litoral norte gaúcho. Beleza, praia do Atlântico Sul do Rio Grande do Sul. Beleza!!! Ledo engano. Sol e chuva. Saudades lá de casa. 
O desconforto climático começa pela chuva. 10 dias de praia, 3 de chuva. Os outros 7 dias de sol, porém um vento forte desconfortável com o epíteto de Nordestão, ar em movimento, que incomoda,  obrigando em pleno verão o uso de agasalho. O mar com  aparência medonha. Cor escura, água gelada, não anima qualquer banhista adentrá-lo. Observa-se um ou outro corajoso: deve ser nativo do pólo antártico. O mar, com sua aparência estranha tem o apelido de “chocolatão”. Curioso, busquei informação para saber o porquê da alcunha. Descubro que o aporte subterrâneo de matéria orgânica aumenta a proliferação de algas.
 Há outras situações desagradáveis. Noite de festa. Entende-se. Zoeira, alvoroço desproporcional com som ligado em alto volume, foguetório, tradição chinesa para espantar os maus espíritos e que deixa a cachorrada apavorada, buscando refúgio. Compreende-se o barulho, a algazarra até para lá da meia-noite, mas existe certo limite, aquele ultrapassado na madrugada. Ah, o som!!!. Difundido  por potentes caixas de som, montadas em automóveis com a estrutura de chassi rebaixada. A noite o barulho infernal. Durante o dia a turma de desordeiros do som com alto volume invade a praia. O som é perturbador, obrigando as pessoas a escutarem músicas de profundo mau gosto, pela vulgaridade e breguice. Pior que isso. Algumas letras são indecentes, alguns versos pornográficos, ouvidos por crianças. Entre os mais amenos; “venha cá sua vagabunda vem mostrar a sua bunda”. Aliás, quanto a essa devassidão não há qualquer pronunciamento do Movimento Brasil Livre (MBL), aquele contra a “queermuseu”, protestos dos conservadores contrários as exposições do Museu de Arte Moderno (MAM).
 



     

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