Nos últimos anos o Natal foi comemorado na minha residência. Nós (o nós
refere-se a minha mulher e eu), sempre gostamos daquele jeito de comemoração,
da festividade natalina, tendo como local a nossa casa. Compartilha-se o
aconchego familiar, dividem-se as emoções nos reencontros, sentimento da
saudade desaparece, presença da alegria contagiante, nada de chafurdar
tristezas, comemoram-se os ganhos, as perdas sem comentários. Sorrisos libertos
entre beijos e abraços, não há momento de chorar lamentações, desagradáveis
reminiscências.
A cada ano em torno de 20 pessoas
marcavam presença na minha residência. Moro numa casa não tão grande para abrigar tanta gente, mas tenho uma espaçosa e
confortável garagem. Ali se estende uma mesa elástica expansiva acomodando-se
os convidados. A festa oferecida não se trata de uma “boca livre” ou “0800”. É compartilhada
pelo principio da igualdade socializada: é sugerido ao convidado colaborar com algum tipo de “comes e bebes”.
Registra-se que nunca houve caso de algum “cara de pau” que não tenha dado sua
contribuição.
Mas, nesse ano que passou a festividade
de Natal e Ano Novo, foi diferente. Nas comemorações mencionadas, a família
restrita aos pais, aos filhos, nora e genro, claro, mais a netinha Cecília,
resolveu festejar à beira-mar, no litoral norte gaúcho. Beleza, praia do
Atlântico Sul do Rio Grande do Sul. Beleza!!! Ledo engano. Sol e chuva.
Saudades lá de casa.
O desconforto climático começa pela
chuva. 10 dias de praia, 3 de chuva. Os outros 7 dias de sol, porém um vento
forte desconfortável com o epíteto de Nordestão, ar em movimento, que incomoda, obrigando em pleno verão o uso de agasalho. O
mar com aparência medonha. Cor escura,
água gelada, não anima qualquer banhista adentrá-lo. Observa-se um ou outro corajoso:
deve ser nativo do pólo antártico. O mar, com sua aparência estranha tem o
apelido de “chocolatão”. Curioso, busquei informação para saber o porquê da
alcunha. Descubro que o aporte subterrâneo de matéria orgânica aumenta a
proliferação de algas.
Há outras situações desagradáveis. Noite de
festa. Entende-se. Zoeira, alvoroço desproporcional com som ligado em alto
volume, foguetório, tradição chinesa para espantar os maus espíritos e que
deixa a cachorrada apavorada, buscando refúgio. Compreende-se o barulho, a
algazarra até para lá da meia-noite, mas existe certo limite, aquele
ultrapassado na madrugada. Ah, o som!!!. Difundido por potentes caixas de som, montadas em
automóveis com a estrutura de chassi rebaixada. A noite o barulho infernal. Durante
o dia a turma de desordeiros do som com alto volume invade a praia. O som é perturbador,
obrigando as pessoas a escutarem músicas de profundo mau gosto, pela
vulgaridade e breguice. Pior que isso. Algumas letras são indecentes, alguns versos
pornográficos, ouvidos por crianças. Entre os mais amenos; “venha cá sua
vagabunda vem mostrar a sua bunda”. Aliás, quanto a essa devassidão não há
qualquer pronunciamento do Movimento Brasil Livre (MBL), aquele contra a
“queermuseu”, protestos dos conservadores contrários as exposições do Museu de
Arte Moderno (MAM).
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