Vida sofrida, existência dolorida,
vivência lastimável. Não deveria ser assim, mas uma infinita parte da
humanidade, comunidades vulneráveis, sobrevivem em derradeira indigência. Na
passagem pela vida milhões de seres humanos são verdadeiros passageiros da
agonia. Resignados, não tem direito a qualquer coisa, algo que possa oferecer
uma breve satisfação, um pequeno limite de contentamento, um exíguo momento de
felicidade. Acreditam ainda numa pequena parcela de esperança, no âmago de cada
um, o diminuto sentimento de coisa melhor. Buscam estoicamente uma saída onde
somente encontraram a entrada da penúria, da deplorável mendicidade. Desiludidos
e desconsolados, não têm mais a expectativa de dias melhores. Enfrentam periculosidades,
expõem-se as ameaças de agressões, correm riscos quanto a integridade física.
Não há medo do medo. Indigentes da espécie humana e o que lhes sobram para
sobreviverem é a compaixão e a piedade, queiram ou não, de seus outros irmãos
em situação mais confortável.
Miséria, pobreza extrema em que as
vítimas são cadáveres da desigualdade social, a abismal distância existente
entre as classes sociais, párias, excluídos do convívio social, à margem da
sociedade. Pelo mundo, por todo planeta Terra é assim: famintos na África, famélicos
na Índia, na periferia das cidades brasileiras, nas recônditas regiões do país,
em muitos lugares, gente que morre de fome, desumanidade em forma de
atrocidade, crueldade, barbaridade, selvageria, enfim, qualquer adjetivo que
classifique a malevolência.
Para quem tem condições de alimentar-se,
a produção de alimentos pode abastecer a população mundial, porém essa situação
caracterizada pelo bem-estar pode ser discutida pela aguda insegurança
alimentar: no mundo a cada quatro segundos uma pessoa morre de fome. O Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alerta: 1,4 milhão de crianças
correm o risco de morrer com “o surto da fome”, em países africanos e, que
padecem muito mais pela desnutrição, que pela doença proporcionada pelo coronavírus.
No Brasil, no último boletim, dado
disponível do Ministério da Saúde (2017), uma média de mais de 15 pessoas
morreram por dia, 6 mil em todo ano pela desnutrição. O grande alerta da ONU é
de que o catastrófica pandemia poderá colocar quase 270 milhões de pessoas no
mundo, por falta de alimentos no severo roteiro da fome. Covid-19 não tem
parâmetros para a escolha de suas vítimas: idosos, jovens, crianças, bebês de
até dois anos de idade. O Brasil já
ultrapassou 60.000 mortes. Somente, entre quarta e quinta-feira, ou seja em 24
horas, foram quase 1.300 vítimas fatais. No R.G. Sul até quarta-feira notificação
de 636 óbitos, 22 em 24 horas e quase 1.300 casos. Necessário lembrar que Minas
Gerais e Paraná, tinham baixos índices de óbitos, repentinamente surge um surto
da doença, quando tudo parecia normalizado. Outrossim, segundo cientistas o
Covid-19, terá sua maior ascendência no RS neste mês de julho. Cuidado: muitos sobrevivem,
passageiros da agonia
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Para reflexão; entre a cruz e a espada,
dilema: certamente, em determinado momento, a economia irá se recuperar. A
mesma oportunidade de recuperação não existirá para a vida que foi ceifada pelo
coronavírus.
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