sábado, 19 de junho de 2010

Jabulani

Jabulani é o nome dela. Em muitas ocasiões, em diversas oportunidades, normalmente é maltratada por algum estúpido indivíduo, por verdadeiras cavalgaduras. Heróica enfrenta as grosserias, mais que isso, as autênticas agressões. Chutada por todos os lados de modo bruto, até pelo bico dos pés de forma tosca e por efeito de chutes Jabulani desproporcionais e totalmente errôneos, atiradas para longe, sem qualquer direção, para lugares ermos e se perde no meio do mato. Desmilinguida pelos maus tratos, teria motivos suficientes para buscar proteção numa delegacia especializada ou fazer valer a lei Maria da Penha. Apesar de apanhar muito, ficar até deformada, seu aspecto físico transformado em forma oval, torna-se resignada diante da grossura de alguns homens.
São poucas as ocasiões, os momentos em que a Jabulani é tratada com suavidade, respeitada, até amada, normalmente por homens de talento, de fino trato, excelentes pela técnica de tratamento. Jabulani não é chutada, é tocada, na verdade acariciada por pés talentosos e admiráveis. Sente-se feliz dessa forma correndo de um lado para outro.
Jabulani que na língua zulu significa celebração é bonita, rainha na África do Sul. Possuiu uma configuração de cores num lindo mosaico multicolorido. Trata-se de um conjunto de 11 cores, com a predominância da branca, cada uma lembrando uma equipe de futebol, o número de línguas oficiais do país e o número de tribos que compõem a África do Sul. Jabulani foi muito comentada e criticada. Disseram que ela é leviana e frívola. Depreciaram sua qualidade, uns afirmando que se tratava de um produto a venda no supermercado.Outros, que parece mulher de malandro, apanha mas não toma jeito, não tem atitude nem direção. Adoram uma “patricinha”, benévola e acomodada, obediente a qualquer toque, sem causar decepção. Teve gente que afirmou ser ela uma traidora, não ter compostura, um comportamento inadequado e por isso difícil defendê-la. Poucos a defendem, somente aqueles vinculados e patrocinados pela mãe dela, a Adidas. Como a maior parte das pessoas a desprezam, Jabulani não está nem ai. Não se atormenta nem um pouco com as línguas ferinas. Prossegue seu reinado, como autêntica soberana. Ela está convencida disso. Não há contestações, nem a mínima controvérsia. Sem ela 22 bobocas e um trio de arbitragem não saberiam o que fazer em campo. Na verdade, definitivamente, nem Copa do Mundo seria realizada.
Por isso, na saída do túnel de arbitragem, a meio caminho andado até o campo de jogo, nesse espaço, postada sobre um pedestal, solene, linda, graciosa, lá está a Jabulani, pronta para o jogo e entre seus pensamentos que seja tratada, com a classe da técnica que exige o futebol. Não é mesmo, Dunga.
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Ao que parece o grande espetáculo da Copa, foi na abertura. Nem Jabulani, Madona ou Lady Gaga e sim Shakira. A colombiana mostrou excepcional preparo físico, aliada a técnica rebolativa fenomenal, a tática do malemolente gingado para desmantelar qualquer marcação e um remelexo de quadris para estontear qualquer defesa.

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