A memória do ser humano falha. O tempo que passa, a idade que vem chegando, a memória esvanecendo-se, a faculdade de retenção das ideias esvaindo-se, o ser humano definhando. As páginas das lembranças vão se apagando, as reminiscências dissipando-se e a conseqüência é que impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente são perdidos. É lógico e inexorável, é a ordem natural da vida.
No entanto, em certos momentos, sem ser uma pessoa idosa, em quantas oportunidades falha a memória - aquele popular “branco” repentino – com algo ocorrido recentemente, um nome, um lugar, um fato qualquer esquecido Para o jovem ou idoso é natural e compreensivo. Afinal a mente humana não é o arquivo mecânico para fazer a história.
Inaceitável é a memória que não é guardada, fica perdida, algo que poderia ser recuperado, caso de entidades culturais públicas ou privadas que deveriam preservá-la, guardar como história. Evidentemente que não podemos ficar no lugar comum de que a memória é falha ou mais radicalmente inexiste. Não se pode generalizar a crítica. Na verdade sempre se encontra quase que o necessário para, por exemplo, uma pesquisa. Existem arquivos históricos bem aparelhados, fontes fidedignas, bibliografia, compêndios históricos. Claro, às vezes o pesquisador não encontra o que deseja. É salvo por depoimentos, entrevistas, quando possíveis. Em alguns casos a memória é incrível por sua falibilidade, algo que não foi devidamente resgatado, como fato seguinte.
Um evento centenário, que deveria ser lembrado e comemorado, foi esquecido plenamente pelo poder público, pelos meios de comunicação e a população em geral. Não ocorreu qualquer recordação, um ato cultural, uma mínima menção.
Pois bem, no dia 13 de maio, foi o dia que marcou os 100 anos das inaugurações das estações ferroviárias de Nova Vicenza e Nova Sardenha. Em 13 de maio de 1910 numa comemoração que nada se tem de memória – o acontecimento, a programação, as autoridades presentes. A única prova histórica existente é uma fotografia do evento.
É lamentável. Decididamente a memória é falha. Melhor, mais positivamente, inexiste.
*** ***
O grupo de revista e jornal “O Farroupilha” tem feito a história nos seus mais de 25 anos de existência. Ao final do ano passado, foi lançada a revista contando os 75 anos de emancipação do município. O jornal busca a história, preservando a memória. Foram inúmeras edições especiais, cadernos exclusivos, contando entre muitos outros assuntos, a religiosidade dos emigrantes italianos com reportagens sobre capelas e capitéis. No aspecto cultural reportagem sobre antigos prédios ajudando a contar a história da cidade. Atualmente, um trabalho concernente as localidades do interior do município, testemunha o modo de ser daquelas comunidades, a vida das familias. São valores históricos riquíssimos contados por pessoas que ainda estão por ai, fazendo história pela memória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário