domingo, 4 de setembro de 2011

Chuva

Acordo. Levanto da cama e antes de mais nada preciso ter a certeza de uma coisa que há dias está se tornando intolerável: chuva. Aproximo-me da janela. Nada é diferente. Não me enganei, não me iludi. Chove, e como chove. No vidro, componente da janela, pequenas gotas se formam, borbulhas que escorregam delicadamente, deslizam vagarosamente, na parte exterior, inconfundível sinal da chuva. Poderia ser no momento uma visão indelével, uma observação romanesca, um devaneio para o espírito.
Chove e chove muito. As gotículas impertinentes borrifando a substância sólida, dura e transparente da vidraça, por diversos dias, perderam todo o deleite, transformaram-se numa visão maçante, importuna e inconveniente.
Em um mês, choveu quase 20 dias. É um exagero.
Aprendemos. A chuva é um fenômeno meteorológico que consiste na precipitação de gotas de água no estado liquido. Aprendemos mais que as chuvas podem ser frontais causadas pelo encontro de uma fria e seca, com outra quente e úmida.
Há as chuvas de convecção ou convectivas que são as conhecidas chuvas de verão.
A terceira nomenclatura são as chuvas que tem tudo a ver com a região serrana: chuvas orográficas chamadas também de chuvas da serra ou ainda chuvas de relevo que ocorrem quando ventos úmidos se elevam e se resfriam pelo encontro de uma barreira montanhosa. É a chuva incomodativa por ser persistente na Serra, a qual dificilmente a pessoa se habitua, ressalvando-se aquelas de infinita tolerância.
Chuva é isso tudo pela cultura cientifica que para muitos, no caso, pode ser desnecessária, inútil. Para as pessoas mais sensíveis, de sentimentos românticos, a chuva é poesia. O amante poético adora no dia de chuva olhar na vidraça as borbulhas chuvosas simpáticas e românticas em forma de um pingente grudadas no vidro.
A chuva mansa e branda que cai dá aquela sensação de isolamento. Chuva que cai em silêncio no dia nublado, escuro, claro, sem claridade. Chuva silenciosa para o poeta, cujo gostoso ruído é o encontro com a vidraça ou sobre o telhado.
A chuva em demasia é inconveniente. Na verdade as chuvas não precisam ser mostradas amiúde, quando assim acontece tornam-se persistentes e tristes, causam a sensação de que chove um pouco dentro de nós.
Diante da vidraça os sentidos vagueiam, o olhar se perde no infinito, na contemplação emoções recrudescem. Afora sonhos, mais realisticamente, observa-se a água da chuva escorrendo, esvaindo-se pelo leve declive. Pessoas passam, caminham na rua com o inseparável e protetor guarda-chuva. Outras, menos afortunadas, encaram a intempérie sem proteção. Poesia pela chuva tem limite, dois, três dias. Perde qualquer sentido poético quando a chuva insiste por quase 20 dias. Enche o saco.
Maravilha, sexta-feira, parou a chuva. Sol brilhante e esplendoroso. Ode ao sol.



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