Interior do supermercado. Mãe e filho, com certo exagero, estão perdidos debaixo daquela exposição de ovos de chocolate, formando um verdadeiro caramanchão de guloseimas, colocado de tal maneira inconveniente que prejudica o caminhar de uma pessoa com altura um pouco acima da média.
Nesse local, mãe e filho, escolherão as iguarias apetitosas da época: ovos de Páscoa.
Em determinado momento o filho se depara com a sua preferência. É aquele que ele deseja. A mãe, precavida e sensata consumidora, pesquisadora de preços, verifica o valor do desejo do filho:
- Filho não dá, vamos escolher outro ovinho.
“Filho não dá” significa ser muito caro.
O menino, numa faixa etária em torno de cinco anos, não fica satisfeito com a resposta.
Soluça, chora, bate o pé para desespero e vergonha da mãe.
- Filho não dá mesmo. A mãe não tem dinheiro.
A revelação é pertinente para dissuadir o garoto com a verdade expressa.
A nova explicação só serviu para irritar ainda mais o teimoso menino. Mostra-se impertinente e inconveniente.
Nada o convence a ter uma atitude mais sensata. Chorou e bateu o pé mais firme, gritou e berrou para a aflita, angustiada e envergonhada mãe. O moleque insolente pelo desdenhoso espetáculo parece querer revelar as pessoas um possível ser desprotegido pela falta do amor maternal, órfão dos desejos e caprichos não satisfeitos.
Pelo mau comportamento chama a atenção dos circunstantes e pelas cenas assistidas produzem diversas reações, certamente indignados pela revolta de uma criança que deve ter capacidade infantil de entender o que pode e o que não pode.
A mãe, como boa mãe, pelo amor maternal, apesar de indignada em seu íntimo ou a mãe constrangida não querendo ver mais manifestações grosseiras, atende o rebento.
Para satisfazer o desejo do filho, pelo dinheiro curto, chega a conclusão que alguém, um familiar ou outro alguém que merecia um ovinho de Páscoa, pela condição financeira não satisfatória ficará sem o regalo, mas o malcriado filho, atendido.
No episodio um mal educado filho no comportamento e um desconhecedor, embora na tenra idade, da cultura religiosa, não culpa dele. Na formação, na educação inicial não lhe informaram que a Páscoa não é somente ovinhos de supermercado.
Mas o mundo capitalista, a sociedade de consumo não está preocupada com isso. Que as crianças continuem a chorar, gritar e berrar, bater os pés para que seus desejos com os mais caros chocolates sejam satisfeitos. Que continuem na ignorância religiosa.
A Páscoa por sua da crença, com sua liturgia, esqueça-se. Melhor vender ovos, faturar, do que meditar e viver as coisas espirituais.
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