segunda-feira, 2 de abril de 2012

Porrada

Numa calçada, na frente de uma escola pública, três marmanjonas enfurecidas, possuídas provavelmente de surto psicótico, estapeiam uma menina de 14 anos. Vingança estúpida pela agressão física por que a menina provavelmente desaforou uma coleguinha, algo de somenos importância para provocar tamanha raiva.
A mãe e as duas tias da eventual ofendida foram tirar satisfação da frágil pré-adolescente de modo grosseiro, na base da porrada.
Isso tudo foi assistido por circunvizinhantes que não tomaram uma única atitude para se evitar a covarde agressão. Parecia estar ali, próprio do ser humano, em ver sangue.
A cena mostrada em reportagem da televisão, depois de vários tapas mostra o fim da malvadeza praticada pelo soco desferido por uma das mulheres no meio do rosto da garota. Ela cai desmaiada pela violência da pancada de mão fechada. Somente nesse momento é que assistentes, decepcionados pelo fim das bordoadas, socorrem a frágil, pequena e indefesa vítima.
Lamentavelmente esse comportamento que foge a ética do comportamento social, essa compulsão pela maldade é nato ao ser humano, crueldade inerente ao homem, que nem sempre pode ser dominada, compelida.
Isso vem de tenra idade. Na escola primária alunos se desentendiam, colegas se ofendiam e ficava a promessa de uma briga depois da aula, no meio da rua. A turma, vibrante com o ignorante prometido, estava pronta para assistir um espetáculo em que o desejo maior era ver um nariz quebrado expelindo sangue ou uma cacetada na cabeça provocando um corte e consequentemente sangria.
Decepção geral era quando um adulto se intrometia, apartando a briga. Era vaiado pela “decepcionada platéia” por sua atitude civilizada e preventiva e evitando dessa forma, o desejado show sanguinolento.
O homem por natureza é violento ao se defender de uma agressão, ao atacar por fortuito motivo, a delirar por um espetáculo em que a violência da morte era o ápice, como no tempo das lutas na antiga civilização do Império Romana. A violência para o ser humano chega a ser entretenimento, que o digam as lutas do MMA ou UFC.
Enquanto sociedades protetoras de animais, usando legislação especifica que pune contraventores, promotores de rinhas de galo ou briga de cães, o homem faz, para a satisfação da massa ignara, da agressão física, da violência, um espetáculo de luta entre dois adversários, em que um dos contendores, o derrotado, cai de preferência estatelado na lona - naquele ambiente tétrico de um Coliseu, da luta dos gladiadores,
em forma octogonal cercado por alta e forte tela - preferencialmente jorrando sangue, desmaiado, quase morto. Com isso torce, aplaude, vibra, a insensata, ignorante e delirante platéia em ver sangue, em assistir muita porrada.

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