sábado, 18 de agosto de 2012

Chorar? Por quê?

Pódio. Na plataforma de três diferentes níveis, local da glorificação olímpica de um atleta, três choram. Um, copiosamente, derrama lágrimas, no ponto mais alto da premiação, como autêntico vencedor, auferindo inconfundivelmente os louros da vitória, medalha de ouro. Choro, manifestação de alegria natural de um vitorioso, de um único e primeiríssimo lugar. Num nível mais baixo, logo a seguir, chora de forma compulsiva, o atleta medalha de prata. Chora, por quê? Pela ordem de premiação, afinal é um segundo lugar, tem como justo choro o regozijo de uma conquista, ou será que seu pranto é de lástima, por ser simplesmente um segundo, o primeiro dos demais. Ainda no pódio, no mesmo nível, no lado oposto, a posição de terceiro colocado, outro competidor verte lágrimas. Chora, por quê? Por ter sido triunfalmente medalha de bronze à frente de dezenas de outros competidores, acredita-se é o motivo maior. Ou, quem sabe, aquelas gotas do humor lacrimal, são de frustração por um terceiro lugar, como na situação, a colocação tida como derrota, fosse uma desonra. Chorar, por quê? Pela alegria ou tristeza, pelo triunfo ou pela derrota, pelo sucesso ou fracasso. Difícil entender os mistérios da alma humana, especialmente de atleta olímpico. Entre os brasileiros o que é impenetrável à razão humana, o que pode ser incompreensível à essência imaterial do ser humano, no caso, como se trata agora, o chorar no pódio, é explicável, compreensivo. As meninas do voleibol certamente choraram de satisfação pela medalha de ouro. Um choro maior de alegria pela recuperação, de uma conquista quase perdida. Uma equipe prestes a ser eliminada na fase classificatória, alcançou o primeiro lugar, conseguiu diante do favorito e fortíssimo time americano, a medalha de ouro. O choro foi de total contentamento pela medalha de ouro de Zanetti na ginástica, da humilde piauiense no judô, da prata na natação, dos irmãos boxeadores, das medalhas de bronze no iatismo e judô. No voleibol masculino, embora medalha de prata, segundo lugar olímpico, o choro teve sentido de tristeza, de aspecto deplorável, pura lástima. Afinal, numa fase anterior da competição o time brasileiro venceu a Rússia por 3x0, na partida final, depois de estar na frente com dois sets a zero, acabou perdendo na reabilitação dos russos por 3x2. Total frustração, lastimável derrota na troca de uma vitória quase certa. Quanto ao time de futebol, medalha de prata, sem choro, sem vela. Choro, sem ser no pódio, do espectador emotivo, modo de expressar alegria ou tristeza, de remover o passado ao apreciar o espetáculo de abertura e encerramento em Londres, que reviveu entre outros, as músicas de John Lennon e Freddie Mercury. Não se chegou ao choro, mas foi admirável ver e ouvir, o também admirável melhor rock britânico, além de ouvir em intervalos competitivos o som da música do inesquecível filme, do mesmo nome, Carruagem de Fogo. Entre o choro e muitos mais sorrisos terminou a Olimpíada de Londres, com direito na festa de encerramento de total brilhantismo, a uma apresentação brasileira por alguns minutos de forma convincente e brilhante, dando mostras daquilo que ocorrerá no Rio no aspecto de espetáculo artístico. Corroborando esse detalhe de sentido artístico e festivo é o clip oficial das Olimpíadas no Rio, de cinco minutos, muito bem realizado.

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