domingo, 30 de setembro de 2012
Casamento
Encontro casualmente um conhecido de longa data. Sem vê-lo durante muitos anos
acontece aquele impacto pela surpresa, o espanto pelo prazer inesperado. Superada a emoção inicial, repentinamente, um olha para o outro da cabeça aos pés e o outro olha dos pés à cabeça, os dois buscando observar as modificações que o tempo faz com o aspecto físico das pessoas, como o corpo já não tão esbelto, as marcas das rugas no rosto, o fisco já meio carcomido pelo tempo.
Em seguida os cumprimentos, abraço saudoso, o aperto de mão nostálgico. Segue as perguntas triviais, as indagações corriqueiras.
- Como vai? Como tem passado?
Essas duas inquirições é o intróito ao diálogo repleto de recordações, de intensas reminiscências, em algum momento frívolo, em outro fútil, em muitos interessantes. O meu conhecido tem intensa curiosidade pelo meu tempo passado. Perguntas diversas:
- Os filhos, a minha mulher como estão?
De repente se dá conta de que possa ser autor de uma indiscrição:
- Desculpa-me. A sua mulher, mãe de seus filhos, é a mesma?
Digo que sim, ratifico que é a mesma mulher de 34 anos de matrimônio. O meu interlocutor, meio sem graça, até mesmo vexado e admirado, mostra um sorriso amarelo, esse todo sem graça mesmo, assim, de jeito decepcionante. Decepção ou inveja? Não sei. Talvez por eu estar três décadas com a mesma esposa, ou ele, decepção com consigo mesmo em estar num terceiro casamento, o que significa de forma pragmática de que dois fracassaram. Para ele pode caber o lugar comum de que o casamento é uma instituição falida. Será mesmo a ideia de quem está num terceiro casamento, na busca de uma realização matrimonial?
Estou casado há 34 anos. Casei num último sábado de um mês de janeiro quente, muito quente. A noiva no ritual casamenteiro toda de branco. Eu também. Não me lembro se na época o noivo casava de fatiota branca em razão de um modismo, ou simplesmente o traje foi escolhido pela minha irreverência ou, por gostar muito da cor branca, afinal o branco é a junção de todas as cores. Branca é a cor da transparência, da pureza, virtudes essenciais para um feliz matrimônio. Como aconteceu.
Lembrei-me do encontro com o conhecido, de casamento, porque minha filha Carolina se casa nesse sábado. De família cristã, batizada e crismada, segue os preceitos religiosos com o casamento, mais que isso a união legitima de um homem com uma mulher, mas muito mais que isso é o vinculo que se estabelece entre duas pessoas que se amam e desejam ser felizes. Que assim seja Carolina.
*** ***
Foi no dia 14 de agosto de 1982 que postei no jornal “O Farroupilha” minha primeira crônica, texto que tinha como tema assunto concernente ao esporte. Época em que escrevia eventualmente para o jornal. Depois, no passar dos anos passou a ser uma obrigação semanal deleitosa, de enlevo, muito gratificante. Portanto estou contando 30 anos de colunismo jornalístico, três décadas de crônicas, sem comemorações, sem festas.
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