quinta-feira, 28 de março de 2013

O que os outros pensam, dizem e escrevem

De Ancelmo Gois
- Francisco Henrique Cardoso deverá ocupar a vaga de João Scantiburgo na Academia Brasilira de Letras, mas não terá a unanimidade de votos dos acadêmicos
- Marta Suplicy Ministra da Cultura já demitiu 12 dirigentes, todos do 13 do PT, que faziam parte da equipe da ex-ministra Ana de Holanda, irmã de Chico Buarque. Foi mandada embora mulher que estava em lcença maternidade e outro, em licença, após delicada cirurgia.
- Indenização por "ter vivido com ela uma união estável" é o motivo do pedido de indenização de um ex-funcionário dela. Ela é uma famosa empresária carioca que ja pagou a a ele 50 mil reais por ter doado seu esperma para engavidá-la.
- A comunidade LGBT está animada com a distribuição do Kit gay, aquele em forma educativa bolado pelo MInistério da Educação.

Da Folha de SãoPaulo
- Bruna Marquezine aumentou seu cachê em eventos de 10 mil para 20 mil reais.Bruna é namoradinha do craque Neymar.Namorada de famosose torna famosa.

De José Simão
- Manchete no Piaui Herald: "Para se manter na Comissão de Dreitos Humanos o deputado Feliciano saiu do armário". Vai se casar com opastor Silas Malafaia,com lua de mel em Mykronos e com show de Cher
- Como todo ano acontece não vou comprar ovo para ninguem porque estou devendo até os ovos
- E hoje as solenidades da Semana Santa. Antigamente era assim...Trevas, Endoen;as, Paixao, Aleluia, Pascoa. Atualmente... chocolate, ovo, ovo, ovo,  bacalhau e praia,

quarta-feira, 27 de março de 2013

L.F. Verissimo e as Páscoa

 

Páscoa.

-Papai, o que é Páscoa?
-Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
-Igual ao Natal?
-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
-Ressurreição?
-É, ressurreição. Marta, vem cá!
-Sim?
-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
-Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
-Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
-O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Minas Gerais?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?
- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
-Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
-Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
-Coelho bota ovo?
-Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
-Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
-Era... era melhor,sim... ou então urubu.
-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?
-Que dia ele morreu?
-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
-Que dia e que mês?
-(???)
-Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.
-Um dia depois!
-Não três dias depois.
-Então morreu na Quarta-feira.
-Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
-Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
-É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
-O Judas traiu Jesus no Sábado?
-Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!
-Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
-Ui...
-Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
-Cristo. Jesus Cristo.
-Só?
-Que eu saiba sim, por quê?
-Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
-Ai coitada!
-Coitada de quem?
-Da sua professora de catecismo!

  
 

Os coelhos Beni e Dentinho


Os dois coelhos descansam num relvado e como naturais herbívoros saboreiam deliciosas cenouras com aqueles dois pares de dentes incisivos e aguçados no maxilar, que de destacam no conjunto harmonioso e delicado de seus rostos, junto com as suas compridas orelhas. Um chama-se Beni, o outro, conhecido pela alcunha de Dentinho.

Dentinho é o estereótipo dos coelhos, aqueles de vulgar pelagem de cor branca ou cinza, de pelo liso e curto, sem qualquer maior detalhe que o possa destacar na raça.

Beni não. Beni é um gatão!!! Desculpe um coelhão. Bonito, imponente por seu porte físico. Tem os pelos de cor acinzentada, cinza que se mistura com laivos amarelo-acastanhados na nuca e nas patas, a face anterior esbranquiçada que lhe impõe uma imagem respeitosa. Esse conjunto, diferentemente belo e lascivo, desperta atração sensual, excita prazer ardente, ativa a libido de todas as gatinhas!!! Não. De todas as coelhinhas. Beni com aquele brilhante tom cinza é o sonho, mais que isso a realidade dele ser o Cristian Grey de muitas coelhinhas. Algumas conseguiram a realização, a materialização de suas quimeras: Beni como Cristian.

Por isso, por sonhos de luxúria concretizados com um sem número de coelhinhas Beni tem imensa filharada ao se saber que cada coelha em fase reprodutiva pode dar três a seis ninhadas por ano e a cada ninhada o nascimento de três a 12 filhotes.

Indispensável dizer que Beni tem numerosa família.

Pois bem, explicada as diferenças físicas entre os dois, reportamos ao começo.

Beni e Dentinho na relva, enquanto mastigam ou roem a Daucus carota ou seja a popular cenoura, trocam idéias, jogam conversa fora e até proveitosa, diga-se de passagem, quando falam e discutem sobre os direitos da coelhada.

Beni além de mais bonito, é mais inteligente que Dentinho e é ele que levanta a tese, o debate do assunto, o questionamento concernente ao que é de direito da raça.

O ponto de vista, a proposição formulada, relaciona-se a questão do direito de arena, de royalties. Diz Beni para Dentinho:

- Nós temos que acabar com a exploração de nossa imagem. Chega a época da Páscoa somos usados para estabelecer uma relação com os ovos de chocolate para enganar as crianças, satisfazer o consumismo, a satisfação lucrativa de fabricantes e comerciantes.

Dentinho concorda e coloca outra questão discutível e delicada envolvendo os coelhos.

Revoltado e irado, o que proporciona arrepiar suas penugens, Dentinho afirma:

- Temos que acabar também com essa coisa que dizem por ai de que coelho necessita de ninho para botar ovos.

Dentinho, incrivelmente raivoso, com o pelo eriçado, as orelhas esticadas, acrescenta:

- Isso é ofensivo. Essa galinhagem tem que acabar. Coelho não é galinha.

Beni compreende a situação, acalma Dentinho, retorna ao direito de imagem e royalties.

Dentinho volta a falar de modo mais calmo.

- Beni você conhece o Pernalonga, aquele nosso mano esperto, falante, meio esquisito.

- Sim. E daí Dentinho?

- Pois bem. O Pernalonga morava naquela toca lá na mata e agora tudo mudou.

- O que aconteceu então? Quer saber Beni.

Dentinho traz a informação.

- O Pernalonga entrou na Justiça contra um fabricante de chocolate e ganhou a questão, esse negócio que você está falando, de arena e royalties. Agora com uma baita dinheirama está morando numa mansão com umas 10 coelhinhas da Playboy.

                                                       

 

       

 

               

sexta-feira, 22 de março de 2013

De San Marin a Che Guevara


Relatei por duas vezes minha passagem pela européia Buenos Aires de ancestrais italianos, que fala espanhol e que busca um estilo de vida de um lorde inglês. Percorri os tradicionais e famosos pontos turísticos da esplendorosa capital portenha. Numa segunda oportunidade esquadrinhei o lado triste da história contemporânea argentina, cheguei a um lugar trágico marcado pelo passado tenebroso não como turista, mas como um melancólico curioso, desejoso em conhecer o local da prática de milhares de atrocidades, reminiscências em que o Estado déspota foi o algoz, passado de ações pungentes em que verdugos enterraram a democracia, sede da EMA.

Realizei todas as visitas, do bem e do mal. Visitei também, mas na ocasião, por um lapso qualquer não fiz menção e faço agora muito justificadamente e por real importância: trata-se da Catedral Metropolitana de Buenos Aires. Está localizada no centro da cidade, na Praça de Maio, vizinha a Casa Rosada. Foi ali, durante alguns anos, que o arcebispo Bergoglio, agora papa Francisco, exerceu suas funções.

A catedral é imensa, seu interior suntuoso, com uma nave grandiosa, onde se encontra o mausoléu do general José de San Martin, herói argentino de sua independência. Não parece ser uma igreja, não há construção das tradicionais torres. Sua fachada é um perfil que não é comum num templo católico, diferente por trazer linhas arquitetônicas do clássico grego. Seu frontispício com 12 colunas parece muito com o Partenon ateniense.

As histórias de um tempo de tirania militar, muito desabonadoras, estão ligadas à catedral de Buenos Aires, à igreja católica argentina. Nos anos de horror da ditadura alguns padres tornaram-se delatores, outros simplesmente se omitiram diante da crueldade, de atos desumanos, dos carrascos da liberdade.

Muitos padres se amedrontaram pelas palavras e conceitos de tiranos generais. Falavam num possível domínio de extremistas, na probabilidade de um governo de subversivos, na ameaça do poder marxista, com a implantação da ideologia comunista, da verossímil e terrível situação de que os primeiros a irem ao “el paredon” seriam os padres. Muitos e muitos deles, com medo, se calaram. Compreende-se.

                                                         *** ***                                                        

Deixo a catedral e a cidade de Buenos Aires, do túmulo do libertador San Martin e me dirijo para o interior, para Rosário e Córdoba, lados em que nasceu e morou Che Guevara. De carro, em boa estrada, percorrendo 300 quilômetros a chega-se a Rosário onde nasceu Che Guevara no passado e no presente Lionel Messi.

De Rosário a Santa Fé são 170 quilômetros. De Santa Fé não custa percorrer um pouco mais de 20 quilômetros ao lado e ir até a cidade de Paraná, isso porque parte do caminho (três quilômetros) se faz por um túnel fluvial por baixo do Rio Paraná que liga as duas cidades. Retorna-se ao trajeto em original: de Santa Fé para Córdoba, distante 700 quilômetros de Buenos Aires. Córdoba é uma cidade universitária, a segunda mais importante da Argentina e de muita história. Como estamos em tempos jesuíticos, um dos principais pontos turístico é a quadra de prédios históricos, as Manzanas Jesuíticas, a igreja da Companhia de Jesus e o conjunto da segunda universidade mais antiga da América do Sul. Também na região pode se conhecer a Casa Museu de Che Guevara, onde ele viveu por alguns anos em busca de um bom clima para seu problema asmático.

Coincidentemente, quando estive em Córdoba, ocorreu o julgamento e condenação de três militares acusados e algozes de verdadeiras chacinas em tempo de tirania argentina. Lá ainda se faz Justiça. Por aqui simplesmente se reconhece que o deputado Rubens Paiva morreu após tortura militar e como consolação a família do jornalista Vladimir Herzog recebe um novo atestado de óbito, reconhecendo que ele não se suicidou, mas sim, foi assassinado pela força opressora ditatorial militar.

 

      

   

      

quinta-feira, 14 de março de 2013

Francisco, papa negro


De algum corpo em combustão ou superaquecido, de uma simples fogueira ou de corpos úmidos sujeitos a alta temperatura se eleva uma nuvem pardacenta ou escura, chamada de fumaça. O ar que respiramos para fora de nosso organismo se encontrar no meio exterior uma temperatura inferior a 10º graus permite uma condensação que forma aquele aspecto de fumaça de cor branca. Em razão disso, no frio de Roma, esperava-se que Patrícia Poeta, exalando a fumaça branca noticiasse: O Papa é da Globo.
A fumaça da o sinal e avisa do perigo: onde há fumaça há fogo, ditado comum do imaginário popular, modo de comunicar, informar, noticiar. A fumaça é a mais original e também a mais emblemática forma como meio de comunicação. Povos primitivos se comunicavam a distância dessa forma. Nativos de Cuba, Austrália e até do Brasil utilizavam a fumaça para se entenderem. Índios americanos tinham como sinal telegráfico entre os seus a fumaça utilizada muito nas lutas contra o tradicional inimigo, o exército americano, maneira de avisar a aproximação de suas tropas.
Assim, civilizações antigas, tinham uma criativa e eficiente linguagem para longas distâncias e apropriadas para diferentes culturas.
Uma fogueira era necessária para a formação da fumaça, que abafada por um pano ou algo parecido, vez por outra, formavam tufos que se erguiam para o céu e tinham uma simbologia, significados preestabelecidos entre seus usuários.
No mundo moderno da comunicação, do rádio, televisão e internet, ficam somente histórias da arcaica comunicação... menos num lugar, na Capela Sistina, local onde realiza o conclave, processo para a escolha de um novo papa.
Antes da Capela Sistina o conclave para a escolha de um papa era realizado em algum lugar de Roma ou em diferentes regiões da Itália. Ao final do século 16 passou a ser realizado na capela e por isso em algum lugar do prédio, bem no alto, uma chaminé é instalada para a comunicação pela fumaça da escolha de um novo papa.  
Embora, apesar de toda a modernidade, a fumaça branca é indicativa, de forma tradicional, na escolha do papa. No modo secular da realização de um conclave em que os cardeais se mantém isolados e reclusos, incomunicáveis, em que o mistério, segredo e sigilo, confidencialidade é exigência em forma de juramento, fumaça por comunicação é a solução. Dessa modo, pela fumaça branca, tivemos conhecimento que o argentino e jesuíta, fora eleito como o papa Francisco.
O cardeal Bergoglio, agora Francisco, é um padre da Companhia de Jesus, da ordem dos jesuítas, dedicada ao trabalho missionário e educacional, congregação fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados por Inácio de Loyola.
Pela primeira vez, em quase 500 anos, um papa jesuíta. Surpresa e admiração ao saber-se que a ordem já esteve em confronto com o Vaticano, com a hierarquia católica. O superior geral da ordem dos jesuítas tem tal poder de comando, zela pela disciplina exigida e indispensável que é chamado de “Papa Negro”, em alusão a tradicional batina preta. 

                                                    *** ***

Nas intrigas e diferenças, brasileira e argentina, pode se discutir Pelé/Maradona; Messi/Neymar, jamais Francisco, porque não há, não pode haver comparações.

 

 

 

    

 

quarta-feira, 13 de março de 2013

O covil da EMA


A programação turística na Argentina, especialmente em Buenos Aires, não é diferente de qualquer lugar no mundo. De modo geral é estabelecido pelo turismo conhecer belas paisagens, lugares maravilhosos, adquirir cultura, ter o conhecimento histórico representado por museus, monumentos, a peculiaridade de cada cidade, característica cultural de sua população.
O roteiro turístico pode começar pelo centro da capital portenha: Plaza de Mayo com a Casa Rosada. Ali perto, na avenida 9 de julho, esquina com Corrientes, lá está o Obelisco, marco monumental em homenagem ao quarto centenário de fundação da cidade. Na avenida de Maio o antigo e tradicional Café Tortoni.
Ainda na parte central da cidade conhecer a Calle Florida, ir até lá somente para aproveitar uma liquidação em uma das lojas de departamento Falabella. A fase austera e classuda, o romantismo de uma época encerrou-se. Hoje a Florida está decepcionante e decadente. Da parte central para o bairro, o La Boca, com o Caminito, suas casas multicoloridas, nada de excepcional e o estádio da Bombonera do Boca Juniors, decrépito, fora do tempo.Vive unicamente por um falso charme.
Interessante reparar a parte fronteira do Luna Park, local de antigamente com  memoráveis lutas de boxe, hoje uma casa de shows.  
Histórica e culturalmente imprescindível não conhecer o Teatro Colon e a livraria El Ateneo.  No bairro Ricoleta, para quem gosta de algo funesto, o cemitério tradicional, com seus mausoléus marca de uma decrépita elegância, da decadência de uma elite, imagem de um país tão marcado por tragédias e personagens memoráveis.
 Esse é o elenco do turismo em Buenos Aires. Assim cumpri o roteiro de um turista em terra portenha, numa primeira visita.
Numa segunda ocasião a vontade de ter o conhecimento histórico, trágico e político, preponderou. Prevaleceu em saber onde ficava o covil, o local, cenário das mais inomináveis barbáries praticadas contra a dignidade e os direitos humanos, durante os anos de chumbo da ditadura argentina.
Dirigi-me até a avenida Del Libertadores (ironia esse logradouro ter esse nome), no bairro de Nuñez, nas proximidades do Monumental de Nuñez, estádio do River Plate.
Ali está um prédio de cor branca inexpressiva, de linha arquitetônica rude demonstrando insensibilidade. Na fachada destacam-se quatro colunas em estilo romano que sustentam uma parte superior do prédio mais avançada onde há bem no alto um brasão, com algum significado para as forças armadas.\Para o leigo, violência.
Estou diante de um covil, da prática da estupidez humana, na frente da famigerada Escola Mecânica da Armada.
Ali estiveram presos de forma clandestina aproximadamente cinco mil argentinos, opositores do regime ditatorial, que foram interrogados e torturados e 90% mortos ou desaparecidos.
Muitos assassinados por fuzilamento, outros tiveram como túmulo, depois de sedados, as águas do Rio da Prata, ou numa rápida viagem de avião, o Oceano Atlantico..
Hoje, a célebre e abominável EMA, está transformada num museu, um centro de memória das atrocidades cometidas por verdadeiros assassinos. Percorrer aqueles frios corredores de aspecto sombrio dá uma impressão tétrica, uma aparência mal-assombrada, onde parece que almas inocentes 
ainda buscam a paz e a liberdade. 

domingo, 3 de março de 2013

O outro lado da ilha de Santa Catarina


A ilha de Santa Catarina abriga na parte insular da capital Florianópolis suas praias maravilhosas, verdadeiramente paradisíacas... ou não...ou nem todas.
Desse “ou não”, também “ou nem todas” é o caso especial da praia de Canasvieiras, paraíso praiano de argentinos e gaúchos. Paraíso? Aqui paraíso merece interrogação, exclamação, um entre aspas, para a palavra oposta significativa a um lugar aprazível que pode ser sujeira. Em Canasvieiras um banho de mar que deveria ser agradável e saudável, pode ser tornar um desagrado, pior que isso, perigoso em se adquirir uma patologia de origem contaminosa como a hepatite proveniente de esgoto cloacal lançado ao mar por um rio deteriorado que deságua em determinada parte da praia. Por ali e nas redondezas se encontra, comprovando a imundície, excrementos, corpos estranhos e nojentos como fezes boiando, como se ali fosse uma fossa.
É profundamente desagradável num banho de mar você estar lado a lado com produtos estranhíssimos originários da porcaria.
Em Canasvieiras há outra questão, não culpa do poder público responsável pela saúde sanitária, mas de ordem natural: a faixa de areia, na maré quase sempre cheia, se torna reduzida, formando intensa aglomeração em que até uma simples caminhada se torna uma dificuldade entre centenas de pessoas e dezenas de guarda-sóis.
Quem se sente mal em Canasvieiras a pouca distância está Jurerê, a internacional, dos forrados materialmente, dos endinheirados. Na praia supostamente exclusiva dos ricos, ali se mostra democrática, igual para todos, freqüentada inclusive por “manezinhos” de outros bairros que ali chegam com carros populares, de vans ou ônibus e se sentem a vontade, em plena liberdade, na convivência livre com o mar.
 Democrática e liberta sim, preconceituosa também sim. Granfinos ficam afastados da praia, preferem o luxo de suas mansões com piscinas e imensos prazeres e mais que isso, convenientemente jamais irão se misturar com gente miúda, na escala social, na divisão por castas, com a ignara plebe.
De Jurerê até Ponta das Canas, passando por Cachoeira de Bom Jesus o mar é de água morna e às vezes irritantemente calmo, sem ondas, verdadeiro piscinão, excelente para a prática da natação. Quem deseja mar bravio, de oceano aberto, de águas límpidas na mistura belíssima do verde com azul, embora frias, para aventuras maiores, se divertir realizando o “jacaré” e excitantes mergulhos com ondas de até dois metros de altura, ali perto estão as praias Brava e Ingleses, um pouco além Barra da Lagoa e mais ao sul as badalas praias de Riozinho, Campeche e Mole.
Apesar do outro lado da ilha não muito agradável - aquele de Canasvieiras -, o veraneio na ilha de Santa Catarina ainda é bem agradável, mas deve haver maior interesse e capricho do poder público em melhorar algumas condições.
                                                    *** ***
Já havia algum tempo que não visitava Itapema. Fiquei surpreendido pelos inumeráveis edifícios construídos, muito de alto conceito, situados em alguns quilômetros da orla marítima e pela organização, planejamento público, em que se observa explicitamente que a municipalidade faz do turismo o maior e mais rentável negócio, pode-se se dizer sua verdadeira indústria. Restaurantes e lojas diversas animam o comércio local. Ruas divididas em quadras quase simetricamente iguais, identificadas por numeração. Na orla marítima, ao lado da larga faixa de areia, um pouco acima de seu nível um belo calçadão, com passarela e ciclovia - distintamente separados para se evitar atropelos – e bancos sob sombras, proporcionados por arvoredos.
Nesse caso a pequena Itapema deve causar inveja a capital Florianópolis.  

(olho) “... corpos estranhos e nojentos como fezes boiando”