A ilha de Santa Catarina abriga na parte insular da capital
Florianópolis suas praias maravilhosas, verdadeiramente paradisíacas... ou
não...ou nem todas.
Desse “ou não”, também “ou nem todas” é o caso especial da
praia de Canasvieiras, paraíso praiano de argentinos e gaúchos. Paraíso? Aqui
paraíso merece interrogação, exclamação, um entre aspas, para a palavra oposta
significativa a um lugar aprazível que pode ser sujeira. Em Canasvieiras um
banho de mar que deveria ser agradável e saudável, pode ser tornar um
desagrado, pior que isso, perigoso em se adquirir uma patologia de origem
contaminosa como a hepatite proveniente de esgoto cloacal lançado ao mar por um
rio deteriorado que deságua em determinada parte da praia. Por ali e nas
redondezas se encontra, comprovando a imundície, excrementos, corpos estranhos
e nojentos como fezes boiando, como se ali fosse uma fossa.
É profundamente desagradável num banho de mar você estar
lado a lado com produtos estranhíssimos originários da porcaria.
Em Canasvieiras há outra questão, não culpa do poder público
responsável pela saúde sanitária, mas de ordem natural: a faixa de areia, na
maré quase sempre cheia, se torna reduzida, formando intensa aglomeração em que
até uma simples caminhada se torna uma dificuldade entre centenas de pessoas e
dezenas de guarda-sóis.
Quem se sente mal em Canasvieiras a pouca distância está
Jurerê, a internacional, dos forrados materialmente, dos endinheirados. Na
praia supostamente exclusiva dos ricos, ali se mostra democrática, igual para
todos, freqüentada inclusive por “manezinhos” de outros bairros que ali chegam
com carros populares, de vans ou ônibus e se sentem a vontade, em plena liberdade,
na convivência livre com o mar.
Democrática e liberta
sim, preconceituosa também sim. Granfinos ficam afastados da praia, preferem o
luxo de suas mansões com piscinas e imensos prazeres e mais que isso,
convenientemente jamais irão se misturar com gente miúda, na escala social, na
divisão por castas, com a ignara plebe.
De Jurerê até Ponta das Canas, passando por Cachoeira de Bom
Jesus o mar é de água morna e às vezes irritantemente calmo, sem ondas, verdadeiro
piscinão, excelente para a prática da natação. Quem deseja mar bravio, de
oceano aberto, de águas límpidas na mistura belíssima do verde com azul, embora
frias, para aventuras maiores, se divertir realizando o “jacaré” e excitantes
mergulhos com ondas de até dois metros de altura, ali perto estão as praias
Brava e Ingleses, um pouco além Barra da Lagoa e mais ao sul as badalas praias
de Riozinho, Campeche e Mole.
Apesar do outro lado da ilha não muito agradável - aquele de
Canasvieiras -, o veraneio na ilha de Santa Catarina ainda é bem agradável, mas
deve haver maior interesse e capricho do poder público em melhorar algumas
condições.
*** ***
Já havia algum tempo que não visitava Itapema. Fiquei
surpreendido pelos inumeráveis edifícios construídos, muito de alto conceito, situados
em alguns quilômetros da orla marítima e pela organização, planejamento
público, em que se observa explicitamente que a municipalidade faz do turismo o
maior e mais rentável negócio, pode-se se dizer sua verdadeira indústria. Restaurantes
e lojas diversas animam o comércio local. Ruas divididas em quadras quase
simetricamente iguais, identificadas por numeração. Na orla marítima, ao lado
da larga faixa de areia, um pouco acima de seu nível um belo calçadão, com passarela
e ciclovia - distintamente separados para se evitar atropelos – e bancos sob sombras,
proporcionados por arvoredos.
Nesse caso a pequena Itapema deve causar inveja a capital
Florianópolis.
(olho) “... corpos estranhos e nojentos como fezes boiando”
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