Não se sabe exatamente onde está localizado em meio as
“américas”. Pode ser um país da América do Sul ou incrustado na América
Central. O que se sabe e que se tem certeza é de que seu nome é Cucaracha e o
idioma predominante o castelhano.
Cucaracha traduzida para a língua portuguesa significa
barata, vocábulo que indica e expressa, ser um inseto do gênero feminino e por
isso para diferenciá-lo entre masculino e feminino se faz necessário usar as
palavras fêmea ou macho.
Assim, numa solta e curiosa elucubração poderíamos dizer que
quem nasce em Cucaracha é uma barata, sem ser literal, mas que pode ser um
habitante do sexo masculino ou feminino. Se os machistas da Cucaracha não
concordarem com a insinuação de baratas, entende-se unicamente no masculino
como baratos ou baratas machos. Na verdade a discussão, por entendimentos
sutis, indiretos e dúbios é de deixar muita gente baratinada.
Com o pensamento ainda divagando, o presidente da República da
Cucaracha seria um barato? Não haveria nenhum problema ou interpretação dúbia
se fosse uma presidenta.
Discutir gênero, número e grau, estar de forma unânime de
acordo é complicado, melhor simplificar: quem nasce na Cucaracha é simplesmente
um cucaracho.
Trata-se de uma república que na região sul-americana ou
caribenha é uma exceção: não é dominada pelo poder absoluto e arbitrário de um
tirano, por um governo com todos os poderes do estado marcado pelo excesso de
autoritarismo, nem pelo despotismo que oprime o povo, assim, tal e qual um
discurso de um reacionário à direita.
Nesse caso se trata então de um poder antagônico
ideologicamente, o democrático, do governo eleito e estabelecido pelo povo que
se caracteriza pela plena liberdade, do respeito aos direitos de cada um, da divisão
de poderes, do controle da autoridade, assim, tal e qual a prosopopéia de um
liberal democrata.
Em Cucaracha, na verdade, não existe nem uma coisa, nem
outra, nem a autocracia, nem democracia. Há algo parecido com o regime ou
sistema do anarquismo.
Na terra dos cucarachos, portanto não há tirania e existe
muito mais que um estado democrata onde é absoluta e autêntica a condição de
homem livre, sem imunidades e com regalias, desprendidos das convenções
sociais.
Nem tirania, nem democracia. A doutrina predominante é aquela
parecida com a ideologia que defende o fim de qualquer forma da autoridade e
dominação, pois assim é de que na Cucaracha ninguém manda porque não há ninguém
para obedecer.
No anarquismo não há governo, polícia, igreja, escola,
qualquer tipo de instituição tradicional. Não há capitalismo, nem burgueses.
São todos iguais. Não existem pobres. Não há ladrões. Não existe a classe
política, senadores, deputados e vereadores, por isso não se ouve falar em atos
desabonadores, não há corrupção.
Porém Cucaracha nem sempre foi assim pelo anarquismo. Outrora
se tratava de um estado democrático, da ordem estabelecida. De repente mudou o
sistema, as regras foram derrubadas. Bagunça por bagunça se encaminhou para a
anarquia. Isso ocorreu em razão das presepadas, algo assim como os espetáculos
ridículos de governantes, da fanfarrice constrangedora de políticos, como por
exemplo, o caso de um deputado.
Pois saibam que um deputado na Cucaracha foi julgado e condenado
por um tribunal e por isso tornou-se um presidiário. Os seus colegas deputados cucarachos
- aqui poderia dizer-se literalmente umas baratas - não cassaram seu mandato.
Sendo assim na cadeia uma situação ridícula, inusitada e
vergonhosa: seus colegas presidiários o chamam sarcasticamente e
escandalosamente, com sorrisos debochados de Vossa Excelência. No Congresso da
Cucaracha os deputados colegas do deputado presidiário o chamam respeitosamente
de Vossa Excelência.
Cucaracha mudou, melhor o anarquismo. Viva a Cucaracha.
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