O primeiro livro que li, muito jovem, e por ter sido o
primeiro jamais se esquece: Éramos Seis de Maria José Dupré, história de uma
senhora que faz de tudo para a felicidade de sua família.
Outros dois livros lidos na juventude foram Apanhador no
Campo de Centeio de J.D. Salinger – a história de um adolescente americano que
relata suas experiências no tempo de escola – e O Sol é Para Todos. A lembrança
dessas leituras, as reminiscências literárias foram ocasionadas, especialmente
pelo último livro citado, em razão da morte recente de sua autora Harper Lee.
O Sol é Para Todos é um clássico da literatura dos Estados
Unidos de imenso sucesso editorial. O livro, de um período dos anos de 1930, envolve
assuntos debatidos em todos os tempos, discutidos ontem, no presente,
discussões atemporais.
Emblemático pelo racismo, a intolerância, a injustiça, a
ignorância, o preconceito, o conceito de justiça, a perda da consciência, da
razão, do raciocínio lógico.
Advogado branco defende num tribunal um homem negro, acusado
de estuprar uma jovem mulher branca, sobre forte tensão social. Sofre
represálias da comunidade conservadora racista, uma ignomínia inimaginável, um
branco em defesa de um negro.
O livro tem a narração da filha do advogado. O romance, de
forte apelo melodramático tem como cenário uma cidade do Alabama, no
conservador e racista sul americano.
É um clássico da literatura traduzido em mais de 40 países, vencedor
de muitos prêmios, entre eles o importante Pulitzer.
Por causa de sua temática, o racismo, O Sol é Para Todos se
mostra contemporâneo, lido por todas as idades e gerações.
*** ***
Umberto Eco, um italiano de raro intelecto, de aptidão
criativa admirável, escritor, professor, filosofo, entre tantas outras virtudes
intelectuais.
Iniciou sua carreira com estudos sobre São Tomas de Aquino
(fundador da Companhia de Jesus: Jesuítas) que o ajudou em suas crenças
religiosas. Mais tarde ele disse que foi o próprio Tomas de Aquino que o ajudou
a abandonar a fé.
Polêmico, de posições contraditórias, contrariava opiniões
ditas do senso comum.
Essas atitudes puderam ser observadas numa entrevista
concedida para a jornalista Ilze Scamparini em 2015, para o programa Milênio da
Globo News.
Muitas perguntas, todas importantes. Ressaltamos duas por nossa
opinião.
Ilze Scamparini: Houve forte reação quando o senhor foi duro
contra parte da internet.
Umberto Eco:
É dar muita importância a uma coisa óbvia. É ou não verdade que no mundo
existem muitos imbecis? Parece que sim. Agora não podemos dizer se eles são a maioria
ou minoria. Mas existem muitos. No momento em que a internet permite que todos
falem, permite também que um grande número de imbecis fale. Então é preciso
também saber criticar aquele que está na rede e pronto. Acho que quem protestou
foram eles, os imbecis.
Entre tantas perguntas da jornalista não poderia faltar
aquela ao homem que já foi crente e abandonou a fé: Como vê o Papa Francisco?
Vejo com simpatia. Não por acaso é um jesuíta sul-americano.
E não é argentino, é paraguaio. Eram jesuítas das missões, dos seiscentos, que
armaram os índios contras os espanhóis. Ele veio deste mundo, dali. Nada a ver com
jesuítas reacionários franceses dos oitocentos.
A jornalista ainda pergunta: Um papa pouco laico?
Responde o entrevistado: Em suma...”
Complementa Ilze Scamparini: Mais que os outros?
Umberto Eco: Ele não tem uma visão talibã.
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