domingo, 28 de fevereiro de 2016

Humberto Eco e Harper Lee

O primeiro livro que li, muito jovem, e por ter sido o primeiro jamais se esquece: Éramos Seis de Maria José Dupré, história de uma senhora que faz de tudo para a felicidade de sua família.
Outros dois livros lidos na juventude foram Apanhador no Campo de Centeio de J.D. Salinger – a história de um adolescente americano que relata suas experiências no tempo de escola – e O Sol é Para Todos. A lembrança dessas leituras, as reminiscências literárias foram ocasionadas, especialmente pelo último livro citado, em razão da morte recente de sua autora Harper Lee.
O Sol é Para Todos é um clássico da literatura dos Estados Unidos de imenso sucesso editorial. O livro, de um período dos anos de 1930, envolve assuntos debatidos em todos os tempos, discutidos ontem, no presente, discussões atemporais.
Emblemático pelo racismo, a intolerância, a injustiça, a ignorância, o preconceito, o conceito de justiça, a perda da consciência, da razão, do raciocínio lógico.
Advogado branco defende num tribunal um homem negro, acusado de estuprar uma jovem mulher branca, sobre forte tensão social. Sofre represálias da comunidade conservadora racista, uma ignomínia inimaginável, um branco em defesa de um negro.
O livro tem a narração da filha do advogado. O romance, de forte apelo melodramático tem como cenário uma cidade do Alabama, no conservador e racista sul americano.
É um clássico da literatura traduzido em mais de 40 países, vencedor de muitos prêmios, entre eles o importante Pulitzer.
Por causa de sua temática, o racismo, O Sol é Para Todos se mostra contemporâneo, lido por todas as idades e gerações.
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Umberto Eco, um italiano de raro intelecto, de aptidão criativa admirável, escritor, professor, filosofo, entre tantas outras virtudes intelectuais.
Iniciou sua carreira com estudos sobre São Tomas de Aquino (fundador da Companhia de Jesus: Jesuítas) que o ajudou em suas crenças religiosas. Mais tarde ele disse que foi o próprio Tomas de Aquino que o ajudou a abandonar a fé.
Polêmico, de posições contraditórias, contrariava opiniões ditas do senso comum. 
Essas atitudes puderam ser observadas numa entrevista concedida para a jornalista Ilze Scamparini em 2015, para o programa Milênio da Globo News.
Muitas perguntas, todas importantes. Ressaltamos duas por nossa opinião.
Ilze Scamparini: Houve forte reação quando o senhor foi duro contra parte da internet.
Umberto Eco: É dar muita importância a uma coisa óbvia. É ou não verdade que no mundo existem muitos imbecis? Parece que sim. Agora não podemos dizer se eles são a maioria ou minoria. Mas existem muitos. No momento em que a internet permite que todos falem, permite também que um grande número de imbecis fale. Então é preciso também saber criticar aquele que está na rede e pronto. Acho que quem protestou foram eles, os imbecis.
Entre tantas perguntas da jornalista não poderia faltar aquela ao homem que já foi crente e abandonou a fé: Como vê o Papa Francisco?
Vejo com simpatia. Não por acaso é um jesuíta sul-americano. E não é argentino, é paraguaio. Eram jesuítas das missões, dos seiscentos, que armaram os índios contras os espanhóis. Ele veio deste mundo, dali. Nada a ver com jesuítas reacionários franceses dos oitocentos.
A jornalista ainda pergunta: Um papa pouco laico?
Responde o entrevistado: Em suma...”
Complementa Ilze Scamparini: Mais que os outros?
Umberto Eco: Ele não tem uma visão talibã.


   


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