segunda-feira, 9 de maio de 2016

deputados caroneiros

Votação da admissibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, plenário da Câmara de Deputados. Num ponto estratégico colocado um microfone. Naquele local, cada deputado, no tempo máximo de 10 segundos diria SIM ou NÃO, acredita-se, tempo demasiado para o pronunciamento de um ou outro monossílabo. Mas o tempo foi explorado pela grande maioria, às vezes até extrapolado. Além de SIM ou NÃO, foram beijinhos e abraços para toda a família, voto por Deus, pelo Brasil pátria amada. Desaforadas palavras foram pronunciadas de colega para colega deputado, impropérios como corrupto, gangster, ladrão.
A enfadonha sessão de votação teve a cansativa duração de quase 10 horas.
Diante do aparelho amplificador de som 511 deputados presentes revelaram seus votos. Tipos diversos e curiosos. Cínicos, hipócritas, cabotinos, traidores. Muitos com ficha suja, com vida pregressa relacionada ao noticiário policial por crimes diversos, outros enrolados e devendo à Justiça.
Poucos se salvam da corrupção e falcatruas. Deputados que honram o voto do eleitor, honestos, íntegros de caráter, de comportamento e moral elevada. .
Dos 511 deputados votantes, eleitos em 2014, somente 34 foram eleitos com os próprios votos, os outros 477 se elegeram graças aos colegas mais votados, pelo quociente eleitoral, partidário e coligações.
Na verdade muitos eleitores não se sentiram representados na histórica votação. Candidatos de excelente votação, de milhares e milhares de votos não se elegeram, no entanto, foi aquela votação que ajudou a eleger candidatos de votação bem inferior.
Os 477 deputados votantes não tiveram votos suficientes para se elegeram diretamente, conquistando o mandato pelo quociente eleitoral, diretriz determinante na eleição para um cargo eletivo proporcional.
Diante disso, verdadeiramente e legalmente 477 deputados se elegeram na carona de 34. Somente em 11 estados e o Distrito Federal elegeram deputados diretamente, ou seja, com seus próprios votos.
No Rio Grande do Sul ninguém se elegeu com os próprios votos, todos foram caroneiros. O quociente eleitoral para os candidatos gaúchos foi um pouco mais de 190 mil votos, não alcançado.
A legislação eleitoral que regula a eleição proporcional é injusta, senão for um escárnio. Por ser assim surgem casos surpreendentes.
Em São Paulo o candidato a deputado federal Celso Russomano (PRB) foi eleito com 1.5 milhão de votos - a segunda maior votação no país – e com isso elegeu na carona quatro deputados, sendo um deles, Beto Mansur eleito com um pouco mais de 31 mil votos, amigão de Cunha presidente, é o secretário na mesa diretora da Câmara. O menos votado se elegeu com ínfimos 22.097 votos.
 Tiririca (PR/SP), deputado federal, eleito com um pouco mais de 1 milhão de votos levou consigo, na carona, dois correligionários para Brasília, um deles com apenas 32 mil votos. A eleição proporcional oferece despautérios: em São Paulo, candidato com 106 mil votos não se elegeu prejudicado pelo famigerado quociente eleitoral.
Ainda São Paulo, na eleição de 2002, Eneas Carneiro (PRONA), foi eleito deputado federal com a histórica votação de 1.573 mi votos, a maior no Brasil em eleições proporcionais. A extraordinária votação de Eneas provocou um absurdo eleitoral com descaradas caronas: foram eleitos quatro colegas deputados do PRONA, com a inacreditável, algo profundamente contrário ao bom senso, votação de cada um deles de 673, 484, 382 e 275 ridículos votos.

      
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