Votação da
admissibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, plenário da Câmara
de Deputados. Num ponto estratégico colocado um microfone. Naquele local, cada
deputado, no tempo máximo de 10 segundos diria SIM ou NÃO, acredita-se, tempo demasiado
para o pronunciamento de um ou outro monossílabo. Mas o tempo foi explorado
pela grande maioria, às vezes até extrapolado. Além de SIM ou NÃO, foram
beijinhos e abraços para toda a família, voto por Deus, pelo Brasil pátria
amada. Desaforadas palavras foram pronunciadas de colega para colega deputado,
impropérios como corrupto, gangster, ladrão.
A enfadonha
sessão de votação teve a cansativa duração de quase 10 horas.
Diante do
aparelho amplificador de som 511 deputados presentes revelaram seus votos. Tipos
diversos e curiosos. Cínicos, hipócritas, cabotinos, traidores. Muitos com
ficha suja, com vida pregressa relacionada ao noticiário policial por crimes
diversos, outros enrolados e devendo à Justiça.
Poucos se
salvam da corrupção e falcatruas. Deputados que honram o voto do eleitor,
honestos, íntegros de caráter, de comportamento e moral elevada. .
Dos 511
deputados votantes, eleitos em 2014, somente 34 foram eleitos com os próprios
votos, os outros 477 se elegeram graças aos colegas mais votados, pelo
quociente eleitoral, partidário e coligações.
Na verdade
muitos eleitores não se sentiram representados na histórica votação. Candidatos
de excelente votação, de milhares e milhares de votos não se elegeram, no
entanto, foi aquela votação que ajudou a eleger candidatos de votação bem inferior.
Os 477
deputados votantes não tiveram votos suficientes para se elegeram diretamente, conquistando
o mandato pelo quociente eleitoral, diretriz determinante na eleição para um
cargo eletivo proporcional.
Diante
disso, verdadeiramente e legalmente 477 deputados se elegeram na carona de 34. Somente
em 11 estados e o Distrito Federal elegeram deputados diretamente, ou seja, com
seus próprios votos.
No Rio
Grande do Sul ninguém se elegeu com os próprios votos, todos foram caroneiros.
O quociente eleitoral para os candidatos gaúchos foi um pouco mais de 190 mil
votos, não alcançado.
A legislação
eleitoral que regula a eleição proporcional é injusta, senão for um escárnio. Por
ser assim surgem casos surpreendentes.
Em São Paulo
o candidato a deputado federal Celso Russomano (PRB) foi eleito com 1.5 milhão
de votos - a segunda maior votação no país – e com isso elegeu na carona quatro
deputados, sendo um deles, Beto Mansur eleito com um pouco mais de 31 mil
votos, amigão de Cunha presidente, é o secretário na mesa diretora da Câmara. O
menos votado se elegeu com ínfimos 22.097 votos.
Tiririca (PR/SP), deputado federal, eleito com
um pouco mais de 1 milhão de votos levou consigo, na carona, dois
correligionários para Brasília, um deles com apenas 32 mil votos. A eleição
proporcional oferece despautérios: em São Paulo, candidato com 106 mil votos
não se elegeu prejudicado pelo famigerado quociente eleitoral.
Ainda São
Paulo, na eleição de 2002, Eneas Carneiro (PRONA), foi eleito deputado federal
com a histórica votação de 1.573 mi votos, a maior no Brasil em eleições
proporcionais. A extraordinária votação de Eneas provocou um absurdo eleitoral
com descaradas caronas: foram eleitos quatro colegas deputados do PRONA, com a
inacreditável, algo profundamente contrário ao bom senso, votação de cada um
deles de 673, 484, 382 e 275 ridículos votos.
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