quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Olimpiadas: não foi a afastada, foi o provisório

Solenidade da abertura da Olimpíada. Uma incerteza. Qual seria o procedimento a ser adotado. Duas figuras republicanas como presidentes, conjuntamente juntas (a situação ridícula permite a redundância), poderiam reivindicar qualquer uma a ser indicada para ser fazer presente na tribuna de honra do Maracanã nas formalidades oficiais: seria a afastada, no caso a Dilma ou o provisório, por ventura, o Michel?
Questão de ordem. Qual seria a determinação. Algum artigo na Constituição ou item em suposto regimento interno (atualmente tão em voga), as duas coisas ou qualquer coisa, poderiam dirimir a dúvida. Convenhamos, conjuntura estapafúrdia, uma inusitada condição, algo sem igual, nunca antes ocorrida.
Enfim tudo resolvido de forma harmônica, simplesmente porque a afastada manifestou-se que não iria, abriu mão de sua presença.
Seria o medo da humilhação por aquele desgosto muito provável de ser recepcionada  com apupos indesejáveis, o som do escárnio público?  Quem sabe, talvez.
Não vai a afastada, então vai o provisório. O esperado ocorreu, não com a afastada, claro, que evitou o provável. O provisório quiçá, também por receio, não desejasse ser o incumbido da responsabilidade, mas protocolarmente algum representante presidencial deveria comparecer.
Aquilo que era muito verossímil ocorreu: o provisório foi humilhantemente vaiado.
Começo da solenidade. No espaço especialmente reservado para o rito cerimonial, situação acabrunhante.
Lá estava o provisório Michel, entre autoridades internacionais. Parecia um estranho no ambiente, pessoa constrangida, um sujeito com jeito cabisbaixo, alguém deslocado com ar cabuloso.
Parecia para aquelas autoridades que o país não estava ali representado.
Em cenário estupendo, a celebração aguardada e realizada, espetáculo artístico deslumbrante, a apresentação das delegações com o tradicional desfile.
O protocolo prossegue. O hasteamento da bandeira olímpica.
Na continuidade do cerimonial, o instante memorável, uma ordem, assim se pode compreender, para o início da Olimpíada.  
Nesse momento, em todas as Olimpíadas uma voz ecoa, de um rei, imperador ou, o presidente anfitrião. Ela espalha-se em propagação alta, com sonoridade estereofônica e então a autoridade governamental declara a abertura dos jogos.
No Rio de Janeiro, a solenidade coube ao presidente enjambrado, provisório.
Para nada a temer, Michel Temer, chegou ao local com forte aparato de segurança protegendo-o, buscando evitar um vexame mundial para bilhões de espectadores.
Não foi evitado, apesar de seu nome não ser anunciado.
De repente, em rapidíssima tomada de cena, mais ligeira que a corrida de Usain Bolt, (claro tudo combinado com o diretor de imagens da televisão) surge o interino, com a fisionomia carrancuda, de semblante sombrio e com voz embargada, acanhada, quase inaudível, rapidíssimo (bateu o recorde de Usain) pronunciou a frase “declaro aberto os jogos” e logo em seguida o som de uma música aumentado para abafar o desagradável momento aguardado: a vaia.
Mesmo assim, apesar da ligeireza as quatro palavras foram ouvidas e reconhecidas, palavras de Michel. A busca pelo anonimato não aconteceu e por consequência, como a platéia não tinha problemas com a surdes ouviu-se ensurdecedora vaia.
Apesar do desconforto ocorrido, da envergonhada manifestação pública, os jogos foram abertos.
Quem escapou desse desagradável momento, não comparecendo, foi a primeira dama, a bela, recatada e do lar.
                                                                  







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