Solenidade
da abertura da Olimpíada. Uma incerteza. Qual seria o procedimento a ser
adotado. Duas figuras republicanas como presidentes, conjuntamente juntas (a
situação ridícula permite a redundância), poderiam reivindicar qualquer uma a
ser indicada para ser fazer presente na tribuna de honra do Maracanã nas
formalidades oficiais: seria a afastada, no caso a Dilma ou o provisório, por
ventura, o Michel?
Questão de
ordem. Qual seria a determinação. Algum artigo na Constituição ou item em
suposto regimento interno (atualmente tão em voga), as duas coisas ou qualquer
coisa, poderiam dirimir a dúvida. Convenhamos, conjuntura estapafúrdia, uma
inusitada condição, algo sem igual, nunca antes ocorrida.
Enfim tudo
resolvido de forma harmônica, simplesmente porque a afastada manifestou-se que
não iria, abriu mão de sua presença.
Seria o medo
da humilhação por aquele desgosto muito provável de ser recepcionada com apupos indesejáveis, o som do escárnio
público? Quem sabe, talvez.
Não vai a
afastada, então vai o provisório. O esperado ocorreu, não com a afastada,
claro, que evitou o provável. O provisório quiçá, também por receio, não desejasse
ser o incumbido da responsabilidade, mas protocolarmente algum representante
presidencial deveria comparecer.
Aquilo que
era muito verossímil ocorreu: o provisório foi humilhantemente vaiado.
Começo da
solenidade. No espaço especialmente reservado para o rito cerimonial, situação
acabrunhante.
Lá estava o
provisório Michel, entre autoridades internacionais. Parecia um estranho no
ambiente, pessoa constrangida, um sujeito com jeito cabisbaixo, alguém deslocado
com ar cabuloso.
Parecia para
aquelas autoridades que o país não estava ali representado.
Em cenário estupendo,
a celebração aguardada e realizada, espetáculo artístico deslumbrante, a
apresentação das delegações com o tradicional desfile.
O protocolo
prossegue. O hasteamento da bandeira olímpica.
Na
continuidade do cerimonial, o instante memorável, uma ordem, assim se pode
compreender, para o início da Olimpíada.
Nesse
momento, em todas as Olimpíadas uma voz ecoa, de um rei, imperador ou, o presidente
anfitrião. Ela espalha-se em propagação alta, com sonoridade estereofônica e então
a autoridade governamental declara a abertura dos jogos.
No Rio de
Janeiro, a solenidade coube ao presidente enjambrado, provisório.
Para nada a
temer, Michel Temer, chegou ao local com forte aparato de segurança protegendo-o,
buscando evitar um vexame mundial para bilhões de espectadores.
Não foi
evitado, apesar de seu nome não ser anunciado.
De repente,
em rapidíssima tomada de cena, mais ligeira que a corrida de Usain Bolt, (claro
tudo combinado com o diretor de imagens da televisão) surge o interino, com a
fisionomia carrancuda, de semblante sombrio e com voz embargada, acanhada, quase
inaudível, rapidíssimo (bateu o recorde de Usain) pronunciou a frase “declaro
aberto os jogos” e logo em seguida o som de uma música aumentado para abafar o
desagradável momento aguardado: a vaia.
Mesmo assim,
apesar da ligeireza as quatro palavras foram ouvidas e reconhecidas, palavras
de Michel. A busca pelo anonimato não aconteceu e por consequência, como a
platéia não tinha problemas com a surdes ouviu-se ensurdecedora vaia.
Apesar do
desconforto ocorrido, da envergonhada manifestação pública, os jogos foram
abertos.
Quem escapou
desse desagradável momento, não comparecendo, foi a primeira dama, a bela,
recatada e do lar.
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