Tem quem
afirme que macho de verdade - aquele que quando quer mel mastiga a abelha - não
assiste telenovela. Para o macho verdadeiro varonil, viril e másculo programa
na televisão é ver futebol, e através desse tipo de entretenimento alardeia
ridiculamente sua condição de machão.
Sou
individuo de sexo masculino, portanto, macho. Gosto de assistir diversos programas
na televisão e como animal macho, o futebol.
Minha
masculinidade não é preconceituosa, não tenho nenhuma prevenção com as novelas,
sou macho, mas não submisso a ideologia do machismo. Sim... assisto novelas. Na
verdade, nem todas, uma que outra.
A Rede Globo
tem uma imensa audiência, a maioria aficionada das telenovelas, senhoras todas
“do lar”, algumas recatadas, muitas outras não tão belas.
Grande
número das novelas trata de chatices repetitivas. Os argumentos são poucos
inventivos, com histórias lentas, pouca ação, muitos e longos diálogos para o
tempo passar, repletos de nhenhenhém, com tomadas de cenas dispensáveis e com falta
de educação, com personagens falando com a boca cheia, nos momentos das refeições.
Deveras, para assistir bizarrices e excentricidades, que acontece muito nas
telenovelas das seis, sete e das nove horas não precisa nem ser macho.
Assisti
parte de novelas no famigerado e citado horário. As sete horas assisti Além do
Tempo, novela que retrocede ao final do século XIX, que se passa num lugar
chamado Campo Belo e que teve como cenário os municípios de Garibaldi, Bento
Gonçalves e Bom Jesus e justamente por isso o meu interesse a principio. Além
disso, a história foi envolvente, com diferenças sociais, tudo ocorrido numa primeira
fase. A novela foi baseada na espiritualidade e por isso tem uma segunda fase,
passada na modernidade e nessa etapa começou a xaropada. Desisti.
Assim
aconteceu com outra novela, essa das nove horas, Império. A primeira fase,
passada ao início dos anos 80, tem como protagonista um jovem que pelo caminho
da aventura e das peripécias encontra a
fortuna em minas de diamantes, fase interessante. O personagem, como milionário,
na segunda fase, na vida atual, a chateza. Desisti.
Mas
recentemente comecei a assistir o Velho Chico. Obrigação em assistir, pois se
trata da dramaturgia de Benedito Ruy Barbosa, polêmico nas questões sociais e
políticas. Em Velho Chico não é diferente. A primeira fase excelente pelo
roteiro e a magistral interpretação Rodrigo Santoro. Na fase atual a embromação
e enrolação. Desisti. Assisto no tempo todo as novelas e minisséries da Globo
no horário, se diz das 11 horas, A mais recente Liberdade e Liberdade, histórica,
a luta pela libertação do jugo imperial. Informa-se, pela opinião adiante, que não
se interpreta a questão de sexo, a discussão do gênero, da identificação das
pessoas.
Na novela há
uma cena inédita na televisão, a filmagem de amor masculino, a relação sexual entre
dois homens. Não se trata de algo sensacionalista, provocativo, de apelação. De
sexo explicito. Trata-se de momentos de perfeição amorosa por sua delicadeza e
suavidade, de um romantismo diferente. Momento solene da dramaturgia,
libertário e emocionante. De amor, da afeição acentuada de uma pessoa para com
outra, de homem para homem. Mais do que tudo, sentimento de carinho, de afeto,
entre André e Tolentino.
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