domingo, 14 de agosto de 2016

Puro amor entre homens: André e Tolentino

Tem quem afirme que macho de verdade - aquele que quando quer mel mastiga a abelha - não assiste telenovela. Para o macho verdadeiro varonil, viril e másculo programa na televisão é ver futebol, e através desse tipo de entretenimento alardeia ridiculamente sua condição de machão.
Sou individuo de sexo masculino, portanto, macho. Gosto de assistir diversos programas na televisão e como animal macho, o futebol.
Minha masculinidade não é preconceituosa, não tenho nenhuma prevenção com as novelas, sou macho, mas não submisso a ideologia do machismo. Sim... assisto novelas. Na verdade, nem todas, uma que outra.
A Rede Globo tem uma imensa audiência, a maioria aficionada das telenovelas, senhoras todas “do lar”, algumas recatadas, muitas outras não tão belas.
Grande número das novelas trata de chatices repetitivas. Os argumentos são poucos inventivos, com histórias lentas, pouca ação, muitos e longos diálogos para o tempo passar, repletos de nhenhenhém, com tomadas de cenas dispensáveis e com falta de educação, com personagens falando com a boca cheia, nos momentos das refeições. Deveras, para assistir bizarrices e excentricidades, que acontece muito nas telenovelas das seis, sete e das nove horas não precisa nem ser macho.
Assisti parte de novelas no famigerado e citado horário. As sete horas assisti Além do Tempo, novela que retrocede ao final do século XIX, que se passa num lugar chamado Campo Belo e que teve como cenário os municípios de Garibaldi, Bento Gonçalves e Bom Jesus e justamente por isso o meu interesse a principio. Além disso, a história foi envolvente, com diferenças sociais, tudo ocorrido numa primeira fase. A novela foi baseada na espiritualidade e por isso tem uma segunda fase, passada na modernidade e nessa etapa começou a xaropada. Desisti.
Assim aconteceu com outra novela, essa das nove horas, Império. A primeira fase, passada ao início dos anos 80, tem como protagonista um jovem que pelo caminho da aventura e das peripécias  encontra a fortuna em minas de diamantes, fase interessante. O personagem, como milionário, na segunda fase, na vida atual, a chateza. Desisti.
Mas recentemente comecei a assistir o Velho Chico. Obrigação em assistir, pois se trata da dramaturgia de Benedito Ruy Barbosa, polêmico nas questões sociais e políticas. Em Velho Chico não é diferente. A primeira fase excelente pelo roteiro e a magistral interpretação Rodrigo Santoro. Na fase atual a embromação e enrolação. Desisti. Assisto no tempo todo as novelas e minisséries da Globo no horário, se diz das 11 horas, A mais recente Liberdade e Liberdade, histórica, a luta pela libertação do jugo imperial. Informa-se, pela opinião adiante, que não se interpreta a questão de sexo, a discussão do gênero, da identificação das pessoas.
Na novela há uma cena inédita na televisão, a filmagem de amor masculino, a relação sexual entre dois homens. Não se trata de algo sensacionalista, provocativo, de apelação. De sexo explicito. Trata-se de momentos de perfeição amorosa por sua delicadeza e suavidade, de um romantismo diferente. Momento solene da dramaturgia, libertário e emocionante. De amor, da afeição acentuada de uma pessoa para com outra, de homem para homem. Mais do que tudo, sentimento de carinho, de afeto, entre André e Tolentino.


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