segunda-feira, 31 de julho de 2017

Meireles cochilou e o povo também

Cochilo é aquele momento em que a pessoa adormece rapidamente e de repente acorda. Um dos movimentos da cochilada é quando a pessoa está sentada e a cabeça tem a tendência de descair para frente e subitamente é erguida (essa deslocação da cabeça é popularmente conhecida como “pescar”). Outro movimento é a cabeça pender para o lado direito ou esquerdo. Normalmente quando alguém cochila sentado pode se tornar inconveniente. Incomoda a pessoa que está ao lado - numa condução, numa sala de espera, num banco de praça - quando a ação do cochilo faz a cabeça pender para um dos lados. A cabeça do cochilante pende e as vezes encontra, faz contato com o ombro de alguém. Alguns cochilantes acordam babando. O vizinho que ampara a cochilada não gosta, resmunga. O cochilante acorda e com a cara de pateta, constrangido, solta um sorriso amarelo, sem graça e pede desculpa. O pior é de que não demora muito a cena se repete. Uma figura expressiva do governo, senhor Meireles, teve uma inspiração involuntária com a boca aberta - o popular bocejo – na tentativa de ficar acordado. Não resistiu e se entregou aos braços de Morfeu. Cochilou publicamente. Ao que parece não babou. O cochilo pode ser causado por uma noite mal dormida, sonolência ou por uma simples questão de hábito, quando a pessoa relaxada refestela-se num sofá. O senhor Meireles, ao que tudo indica não cochilou por nenhuma das três razões expostas. Muito provavelmente em razão do discurso de seu chefe Michel na Argentina. Detalhe: imagine-se, caso Michel estivesse ao lado de Meireles: “encosta sua cabecinha em meu ombro e chora”. Os discursos de Michel são entediantes, enfadonhos, chatos mesmo, o que faz, além de Meireles, o povo brasileiro também cochilar. Michel surge para entediantes e enganosas exposições de ideias, retórica manjada em sua argumentação fantasiosa, mentirosa, longe da veracidade dos fatos em razão de um modo diferente e falso em ver a realidade na terra de Pindorama. Não se envergonha em minimizar os fatos, sua popularidade. As vezes parece embravecido com os brasileiros e vingativo destaca e elogia, o que todos parecem desconhecer,  resultado positivo da economia, na verdade muito frágil. Tem a coragem de pedir compreensão ao povo. Michel quase diariamente aparece para mais uma peça oratória de falsa persuasão. Baixinho, surge dos bastidores com um caminhar semelhante a um soldadinho de chumbo. Tem pose de mordomo de filme de terror, como afirmava o senador Antonio Carlos Magalhães. Ganhou ainda o epíteto de vampiro na delação da Odebrecht, sanguessuga do dinheiro público. Chama atenção seu gestual pela movimentação das mãos aparentando agonia. Gesticula, esfrega uma mão com a outra parecendo mostrar insegurança. Na miscelânea corporal as mãos de Tremer se mostram trêmulas. Chega. Fim de discursos. O brasileiro compreende sim, tem paciência, cochila com tantos desacertos governamentais.


terça-feira, 25 de julho de 2017

Vida militar

 Faz tempo. Idade de 18 anos. Faixa etária, para o gênero masculino, cumprir o primeiro compromisso para se tornar um cidadão: alistamento militar. O não cumprimento da obrigação importa em perda de diversos itens: ingressar em emprego público, emitir passaporte, inscrever-se em concursos. Na atualidade, para ambos gêneros, a cidadania é adquirida na tenra idade, ao nascer, quando a criança é registrada e recebeu uma numeração, o CPF. Anteriormente, a primeira condição de cidadania para homens e mulheres, era conquista do direito civil de votar pelo credenciamento eleitoral, a partir de 16 anos de idade (facultativo). Pois então, voltando a minha juventude, aos meus 18 anos. No prazo determinado por lei compareci a Junta do Serviço Militar (JSM) para o alistamento. Entrementes aguardei a convocação para exame médico. Compareci e me deram a condição de apto para o serviço militar. Naquela época, a classe para prestar o serviço militar a cada ano era aproveitada quase integralmente. De fora ficavam unicamente os dispensados em consequência de algum problema médico. A maioria dos convocados desejava que assim acontecesse e por consequencia ser dispensado. Afinal o sujeito ao “servir a pátria” tratava-se de uma inconveniência, a perda de um ano (médio do tempo de incorporação) em seus projetos pessoais (trabalho, estudo). Para uma minoria uma oportunidade para crescimento, aprender uma profissão (motorista ou mecânico) ou até mesmo seguir a vida militar. Na atualidade é diferente. Por questões econômicas o Ministério da Defesa não tem dinheiro suficiente para sustentar um grande contingente. São despesas com alojamento, alimentação, uniforme e o soldo (salário), hoje um pouco mais de 600 reais mensal. Do total de 1.7 milhão de jovens que se apresentaram recentemente para o alistamento somente 86 mil brasileiros foram aproveitados (4,8%). Devidamente apto, cumpri o serviço militar no quartel da Polícia do Exército (PE) em Porto Alegre. Foi 1 ano e dez dias “servindo a pátria” para conseguir o Certificado de Reservista documento primeiro da cidadania. Na verdade a vida em quartel não deixa de ser o despertar da maturidade, um aprendizado para a vida em pequenas coisas, como arrumar a cama, lavar e passar roupa, cuidados com higiene. Com isso adquire-se o principio da iniciativa, da organização, a obediência à disciplina. Mais que tudo isso se aprendia o especificamente relacionado ao serviço militar. Exemplo: aprender a usar ama de fogo, atirar, desmontá-la e remontá-la. Para aprimoramento no uso das armas os exercícios eram realizados na linha de tiro que se situava no bairro da Serraria, zona sul de Porto Alegre. Foi lá que aprendi atirar com fuzil (tinha que apoiá-lo firmemente junto ao ombro para evitar o chamado “coice”) usar a metralhadora P.50, o revolver calibre 38 de cano longo e a pistola Colt 45. Boa parte desse armamento hoje é obsoleto na comparação com os modernos e mortíferos fuzis AR-10 e Ak-47. Gostei da vida militar, cheguei a graduação de cabo, tornei-me um cidadão pelo Certificado de Reservista.  


quarta-feira, 19 de julho de 2017

A mulher gravida e o trabalho insalubre: afronta

Aquela barafunda ocorrida no plenário do senado federal nessa semana, ocasião em que senadoras da República Federativa do Brasil em inédita ousadia e com destemido atrevimento, apossaram-se da mesa diretora da egrégia casa parlamentar, fato original nunca visto nesse país. A surpreendente e inesperada balburdia provocou-me a curiosidade, aquele algo que faz parte do instinto humano e que leva à investigação, ao conhecimento, como nesse caso, descobrir se em algum outro lugar no mundo ocorrera acontecimento igual ou ao menos semelhante. Para satisfazer minha bisbilhotice foi pesquisar em velhos alfarrábios, em enciclopédias, esquecendo que modernamente há o mister Google. Vou aos tempos antigos e descubro que o senado romano é a mais remota assembléia política que teve origem nos “conselhos de anciãos”. Tratava-se de uma assembléia de notáveis, rigorosamente hierarquizados constituída sob a república, a magistratura suprema. Nunca houve naquele tempo distante algo parecido, simplesmente porque imperava na república o machismo. Não havia senadoras. Em outros tempos, em muitos países existem senadoras, mas nenhuma, em momento algum proporcionou a algazarra ocorrida. O senado federal, conforme o site Senadonotícias , existem protocolos a serem seguidos. Há sessões em plenário de diversos tipos: deliberativas ordinárias, extraordinárias e especiais, mas tem dias que não há sessão. Tem outras sessões em que  observa-se (Tv Senado mosta) meia dúzia de gatos pingados (excelências, nada de depreciativo). É nessas sessões que algum senador usa a tribuna para dizer alguma coisa, com intuito de exibir-se através do facebook  aos eleitores e familiares. Expediente de Vossas Excelências ocorre somente nas terças e quintas-feiras. Segundas e sextas-feiras “visitam suas bases eleitorais”. Excepcionalmente na terça-feira passada a casa estava cheia, seria aprovada a reforma trabalhista. A sessão começou às 10 horas e de supetão lá estavam na bancada diretiva as senadoras Gleisi, Lidice, Vanessa, Fátima e Regina e abriram os trabalhos. Atrasado, com estilo de galã de chanchada, cabelo pintado e arrumadinho com gel fixador, às 11 horas chegou Eunicio, também conhecido em inquéritos policias pela alcunha de Índio, presidente do senado. Surpreendido mandou a senhoras retirarem-se. Bateram o pé e disseram, daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Discussões e debates em que o feminismo pouco influiu. O Índio mandou apagar as luzes do recinto. Tudo escuro, momento de reclamações diversas em plenário: “quem botou a mão na minha carteira” Outro alguém: “tiraram meu celular”. Tinha até uns abusados. Alguém gritou, voz feminia: “tira a mão daí sem vergonha”. As senadoras resistiram. Almoçaram, servidas por marmitinhas, as quentinhas. Não se sabe se o serviço terceirizado é superfaturado. As mulheres senadoras tomaram a ousada atitude contra a reforma trabalhista principalmente  repudiar entre tantos artigos prejudiciais aos trabalhadores, aquele que determina que gestantes poderão trabalhar em ambientes considerados insalubres, desde que apresentem um atestado médico comprovando que não há risco para ela e para o feto. Uma judiaria, uma afronta a mulher trabalhadora, um ultraje a dignidade do gênero feminino.



                                                           

No ambiente escolar "no chão da escola"

Houve época no ensino brasileiro em que os alunos ao ingressar no curso Científico ou Colegial (hoje correspondente ao Ensino Médio) estudavam e se preparavam para cursos superiores. Não obstante, havia outras opções, em que o estudante ao final dos três anos de estudo poderia profissionalmente ingressar de imediato no mercado de trabalho: técnico em contabilidade ou magistério. Irrequieto, ligado as atividades esportivas não poderia me conceber como contabilista, aporrinhado com números, apoquentado com crédito e débito. Tinha que escolher outra profissão, quem sabe professor, preferencialmente de Educação Física. Tudo começou quando fui convidado a lecionar do antigo Colégio São Tiago, na época escola particular. Tempos depois fui contratado pelo estado. Trabalhei em diversas escolas e encerrei minhas atividades no Colégio Estadual Farroupilha, o popular, simplesmente Estadual. Atuei profissionalmente como professor durante 35 anos. Foi nesse ambiente escolar que obtive a maior realização da minha vida envolvendo a sensibilidade afetiva, o sentimento de amar, enfim a realização do meu casamento. O Colégio São Tiago foi o destino, que me proporcionou a felicidade conjugal. Naquela a época o colégio completava seu corpo docente com a contratação de professoras oriundas de Caxias do Sul e Bento Gonçalves. Uma caxiense me chamou atenção, pelo discreto e cativante carinho que demonstrava. Interessei-me. Fui até a secretaria buscar informações sobre a moça. Clady, secretária, informou-me o telefone da pretendida. Neiva Teresinha, o nome da professora. Tornou-se minha mulher, a mãe dos meus filhos, companheira e parceira e lá se vão quase 40 anos. Felizes reminiscências. As recordações me fazem ainda lembrar da primeira professora, lá no curso primário,morena de lindos olhos verdes de nome Arlete. A professora dos meus primeiros ensinamentos. Muitos e muitos anos se passaram até chegar a professora da minha vida, do meu destino, Neiva Teresinha.
Fiz ou faço parte dos 90 anos do Estadual. Durante duas décadas andei inumeráveis vezes por aquele corredor de quase cem metros de piso de ladrilhos carcomido pelo tempo. Subi e desci incontáveis vezes a escada no vai e vem em direção ao segundo piso. Prédio de construção antiga, robusto de possantes paredes, com altura proeminente entre o piso e o forro das salas (pé direito) que deve guardar mistérios, felicidades e infortúnios, nas vidas de centenas de professores, de milhares de alunos que ali lecionaram e estudaram. No Estadual, como em todas as escolas, não se discute gênero, pela própria natureza da profissão em que as mulheres têm domínio. Os homens aceitam e compreendem a situação. Por ser assim, nessa questão de gênero, nos muitos anos do colégio tive apenas dois diretores com trabalho eficiente, tanto quanto as dezenas de diretoras das quais fui subalterno.
Boas lembranças da amizade de inesquecíveis colegas, de centenas de alunos, do ambiente escolar. Como professor além das aulas, fui responsável técnico na

  

Que país é esse?

A música “Que País é esse? gravação original da banda Legião Urbana sucesso  nos anos 80, traduzia a situação crítica que passava o país naquela época. Fazia uma reflexão sobre o Brasil principalmente no aspecto político, social e comportamental. O olhar da realidade, desamparado e desesperançado, de ilusões perdidas quanto ao futuro.
Que país é esse na atualidade? Pior, bem pior. Além da graves questões econômicas e políticas, por tradições historicamente negativas, pela desordem política, de descarados conluios, das manipulações casuísticas, nunca antes nesse país, jamais, tantos políticos, deputados, senadores e até um presidente da república, estão sujos pela corrupção, enlameados por escândalos. Além desses asseclas da roubalheira na República, da contravenção, da infração, de roubos cometidos por organizações criminosas, cuja capital é Brasília, enfrenta-se a grave crise pela falta de segurança. A insegurança que nos causa medo incontrolável, que nos deixa indefesos diante da periculosidade no cotidiano.
O risco de perder a vida nos persegue até mesmo num prosaico roubo de um celular. A rotina do perigo de quem está na via púbica ou até mesmo em casa. A pessoa, mesmo com receio de um assalto, com alguma coragem sujeitava-se jantar em algum restaurante. Agora é encontrar firmeza de espírito, força de ânimo diante do perigo porque o crime está ocorrendo a qualquer hora, no estabelecimento comercial ou num lugar comum como a calçada de uma rua. Num assalto de um automóvel o motorista sente-se salvo, tem sorte, quando somente levam seu veículo. Poderia ser protagonista de um latrocínio. No centro urbano, como nas rodovias ha periclitantes situações proporcionadas por motoristas bêbados irresponsáveis, agentes de uma tragédia. Em casa, cuidado máximo para com qualquer funcionário de alguma empresa prestadora de serviço,  até mesmo com identificado um crachá. Há necessidade de certifica-se com tal empresa se há serviço a ser prestado. Se assim não agir o morador estará abrindo a porta para um larapio. No interior, na chamada “colônia” a preocupação com roubo gera medo.  O crime está chegando até pacatas comunidades.
As referidas situações criminosas já fazem parte do corriqueiro noticiário. Mais que isso existe a estupidez humana pelos crimes hediondos. Verdadeiros psicopatas através da tortura desenham na testa de um jovem indefeso, a sangue frio, uma frase sanguinária. Na periferia os crimes abomináveis correlatos à idade média como o esquaterjamento ou decapitação de uma cabeça  estão se tornando fato comum.
É essa a situação da população brasileira na planície. No planalto todos estão seguros com um batalhão de seguranças. Por lá os crimes não são horrendos, são refinados entre deputados, senadores e até presidente da

República. “Sua” ou sei lá, “Vossa Excelência” foi passear na Rússia e Noruega, envergonhando o país. Com os russos reuniu-se com meia dúzia de empresários e foi assistir o Bale de Bolshoi. Para isso poderia ir até Joinvile.