Aquela barafunda
ocorrida no plenário do senado federal nessa semana, ocasião em que senadoras da
República Federativa do Brasil em inédita ousadia e com destemido atrevimento,
apossaram-se da mesa diretora da egrégia casa parlamentar, fato original nunca
visto nesse país. A surpreendente e inesperada balburdia provocou-me a
curiosidade, aquele algo que faz parte do instinto humano e que leva à
investigação, ao conhecimento, como nesse caso, descobrir se em algum outro
lugar no mundo ocorrera acontecimento igual ou ao menos semelhante. Para
satisfazer minha bisbilhotice foi pesquisar em velhos alfarrábios, em
enciclopédias, esquecendo que modernamente há o mister Google. Vou aos tempos
antigos e descubro que o senado romano é a mais remota assembléia política que
teve origem nos “conselhos de anciãos”. Tratava-se de uma assembléia de
notáveis, rigorosamente hierarquizados constituída sob a república, a magistratura
suprema. Nunca houve naquele tempo distante algo parecido, simplesmente porque
imperava na república o machismo. Não havia senadoras. Em outros tempos, em
muitos países existem senadoras, mas nenhuma, em momento algum proporcionou a
algazarra ocorrida. O senado federal, conforme o site Senadonotícias , existem
protocolos a serem seguidos. Há sessões em plenário de diversos tipos:
deliberativas ordinárias, extraordinárias e especiais, mas tem dias que não há
sessão. Tem outras sessões em que observa-se
(Tv Senado mosta) meia dúzia de gatos pingados (excelências, nada de
depreciativo). É nessas sessões que algum senador usa a tribuna para dizer
alguma coisa, com intuito de exibir-se através do facebook aos eleitores e familiares. Expediente de
Vossas Excelências ocorre somente nas terças e quintas-feiras. Segundas e
sextas-feiras “visitam suas bases eleitorais”. Excepcionalmente na terça-feira passada
a casa estava cheia, seria aprovada a reforma trabalhista. A sessão começou às
10 horas e de supetão lá estavam na bancada diretiva as senadoras Gleisi,
Lidice, Vanessa, Fátima e Regina e abriram os trabalhos. Atrasado, com estilo
de galã de chanchada, cabelo pintado e arrumadinho com gel fixador, às 11 horas
chegou Eunicio, também conhecido em inquéritos policias pela alcunha de Índio,
presidente do senado. Surpreendido mandou a senhoras retirarem-se. Bateram o pé
e disseram, daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Discussões e debates em
que o feminismo pouco influiu. O Índio mandou apagar as luzes do recinto. Tudo
escuro, momento de reclamações diversas em plenário: “quem botou a mão na minha
carteira” Outro alguém: “tiraram meu celular”. Tinha até uns abusados. Alguém
gritou, voz feminia: “tira a mão daí sem vergonha”. As senadoras resistiram. Almoçaram,
servidas por marmitinhas, as quentinhas. Não se sabe se o serviço terceirizado
é superfaturado. As mulheres senadoras tomaram a ousada atitude contra a
reforma trabalhista principalmente repudiar
entre tantos artigos prejudiciais aos trabalhadores, aquele que determina que
gestantes poderão trabalhar em ambientes considerados insalubres, desde que
apresentem um atestado médico comprovando que não há risco para ela e para o
feto. Uma judiaria, uma afronta a mulher trabalhadora, um ultraje a dignidade
do gênero feminino.
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