quarta-feira, 16 de maio de 2018

Cartas: alguém escreve? Passado!!!


Faz tempo, muito tempo. Textos distribuídos em cinco cartas. Correspondência enviada em algum momento que variavam entre alguns períodos, de tempos em tempos. O missivista, protagonista de um desenlace amoroso, escrevia cartas desesperadamente apaixonadas para sua amada, para recuperar o amor perdido, devidamente datadas em que se pode observar que a correspondência perdurou durante anos. O início das cartas era sempre o mesmo: “minha inesquecível e eterna namorada”. Cartas de suave conteúdo, doce romantismo, louca paixão. A palavra escrita dominada pelo sentimento de profundo amor, demonstração de intenso e arrebatador afeto. As cartas tinham o mesmo endereço mas ao que parece nunca chegaram ao destinatário, não encontraram o amor perdido, não acharam jamais a “inesquecível e eterna namorada”.
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Carta... Alguém se lembra? O jovem conhece?
Carta, para quem não lembra, para quem não conhece é a mensagem manuscrita em papel pautado de dimensão adequada para ser contida num envelope que na parte da frente contém o destinatário, no verso nome do remetente.
Para a nova geração, a nascida e vivendo com novas tecnologias, o conceito de carta pode variar de acordo com o que se pode pensar: inútil, algo anacrônico, para que serve. Vez por outra o estafeta do Correio pode até entregar alguma correspondência: faturas de cobrança de cartão de crédito, contas de água e luz. Propriamente dito, cartas jamais.
Hoje existe o correio eletrônico com toda moderna parafernália e todos os recursos. Há os e-mails com a economia aviltante de palavras, o danoso novo modo de escrever, tipo tb, bjos e etc, acinte ao vernáculo, onde acontece amiúde o desrespeito à concordância verbal e nominal.
Ainda há cartas... será? Sim dos mais variados tipos. Cartas redigidas em linguagem formal, de certa forma cultas. Cartas com o uso da coerência, outras fantasiosas. Umas para simples troca de ideias, para contar novidades. Outras sofisticadas, aqueloutras cheias de sofismas. Cartas verdadeiras e mentirosas. Cartas perfumadas, românticas de pleno amor e felicidade. Cartas infantis sempre com um algum tipo de desenho:
coraçãozinhos, balãozinhos ou algum bichinho. Cartas com notícias entre familiares e amigos, algumas que informam a tristeza, algum infortúnio. Cartas seladas, com selos aproveitados em coleções. Tem até as cartas escritas com mal traçadas linhas.
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Cartas. Durante muitos anos a correspondência entre eu e minha mãe. Eu lá pelas bandas do Rio de Janeiro, minha mãe por aqui. As cartas trocadas não eram de forma sistemática. Demoravam algum tempo. Quando esse tempo era maior as cartas de minha mãe tinham de três a quatro páginas com notícias da família. Sua grafia era sedutora, letras estéticas e harmoniosas, inclinadas à direita, treinadas possivelmente num caderno de caligrafia. Felicidade ao receber cartas com conteúdo para matar saudades devidamente guarnecidas normalmente em envelopes brancos, ornamentados em suas bordas com as cores de verde e amarelo, outros vermelhos e azuis. Cartas... romantismo, sonhos e fantasias no passado. Hoje o famigerado correio eletrônico. 
                                                   


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