segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

DOS MARECHAIS AO CAPITÃO


Quem frequentava as principais ruas do Rio de Janeiro, uma notícia comentada de boca em boca – popular boato – informações desencontradas (fake News na época), de que a monarquia estava com seus dias contados. Rumores confirmados, não se tratava de notícia falsa: o governo imperial acabou, Dom Pedro II sofre um golpe é escorraçado do poder, ocorrendo a primeira intervenção militar no país. Fim da monarquia, início da era republicana com a derrubada ilegal de um poder constituído. Os conspiradores organizam um blefe criando o Governo Provisório da República (1889/1891), cujo chefe designado é o marechal Deodoro da Fonseca. Em 1891 foi promulgada a primeira constituição republicana e Deodoro, de forma constitucional, por eleição indireta, é eleito o primeiro presidente do Brasil.
Seu governo foi marcado por tensões políticas. Além da crise econômica, seus colegas de armas (Revolta da Armada, conflitos entre Exército e Marinha) ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro. Os graves acontecimentos motivaram a Deodoro a dissolver o Congresso Nacional e o surgimento da primeira ditadura militar. Além disso Deodoro titubeava, paradoxalmente agia, entre o império e a república, não dando confiança aos republicanos. Um tucano da época. As pressões continuaram, Deodoro não resistiu, consequentemente a renúncia, marco primeiro entre quatro ocorridas conforme a História.
Assume o vice-presidente marechal Floriano Peixoto (1891/1894) - depois conhecido como Marechal de Ferro por suas ações violentas - em meio ainda da grave crise política. Enfrentou a segunda Revolta da Armada, os ideais federalistas com revoluções, guerras civis. Reprimiu os conflitos com violência. Há o sangrento episódio, o massacre na ilha de Anhatomirim (SC), revolta federalista conhecida como Desterro, quando 185 desterrenses foram fuzilados. Contrariamente e polemicamente a capital catarinense, em homenagem ao marechal Floriano, chamou-se Florianópolis. Além disso tudo, sua ascensão ao poder era contestada, ilegítimo seu mandato: a Constituição de 1891 estabelecia que a deposição ou renúncia, que interrompiam mandatos antes de dois anos, deveriam ser sucedidos por eleição direta. Apesar das sublevações enfrentadas, Floriano Peixoto chegou ao fim de seu mandato. A chamada República da Espada (Deodoro e Floriano) chegou ao fim.
O país em plena democracia. O terceiro presidente republicano, o primeiro civil, primeiro eleito pelo voto direto, o terceiro sem ser alagoano, o paulista Prudente de Moraes (1894/1898).
O quarto presidente eleito, Campos Sales (1898/1902), venceu com folgada margem de votos. Cumprida a sua missão de quatro anos seu sucessor é Rodrigues Alves (1902/1906), quinto presidente e terceiro paulista eleito. A linha sucessória de paulistas na presidência da República é interrompida, eleito o mineiro Afonso Pena (1906/1909), que quase ao final de mandato falece. Paulista e mineiros formam a política do Café com Leite. Seu substituto, vice-presidente, Nilo Peçanha (1909/1910), nascido no Rio de Janeiro, assume o governo. Foi o primeiro vice a assumir o governo numa série de diversos outros conforme conta a História. É substituído pelo militar e também marechal, eleito democraticamente pelo voto direto, o gaúcho, sobrinho de Deodoro, Marechal Hermes da Fonseca (1910/1914).
Tem mais marechal presidente. Aguardem.


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