sexta-feira, 9 de julho de 2010

SIM...SIM SENHOR

Momentos antes de um jogo pela Copa do Mundo, vestiário sa seleção brasileira. Jogadores prontos, devisamente uniformizados para entrarem em campo. Perfilados, imbuidos do mais alto sentimento de patriotismo, ouvem as últimas palavras do comandante, general Dunga. É o grau máximo de concentração. Fala o chefe:
"Estamos prontos para a batalha. Como verdadeiros soldados defenderemos nossa pátria do inimigo que tenta nos ultrajar. É ou não é?. Respondem todos, unissonoss:
"SIM...SENHOR"
A retoríca do comandante continua, com todos atentos e passa pelas recomendações:
"Não quero nada de firulas, pedaladas, jogo bonitinho, o tal do futebol arte. "Com nós" bola para frente e porrada. Entenderam". Todos:
"SIM...SENHOR
O comandante prossegue no seu proselitismo cívico:
“Tem gente contra a gente. Esse pessoal da imprensa, esses jornalistas que desejam nos desmoralizar, fazer de nós perdedores. Mostraremos a eles que somos vencedores, invencíveis no campo de jogo, tal e qual num campo de batalha. Concordam?”. O grupo obediente responde a uma só voz: Momentos antes de um jogo pela Copa do Mundo, vestiário da seleção brasileira. Jogadores prontos, devidamente uniformizados para entrarem em campo. Perfilados, imbuídos do mais alto sentimento de patriotismo, ouvem as últimas palavras do comandante, general Dunga. É o grau máximo da concentração. Fala o chefe:
“Estamos prontos para a batalha. Como verdadeiros soldados, defenderemos nossa pátria do inimigo que tenta nos ultrajar. É ou não é?” Respondem todos, uníssonos:
“SIM...SENHOR”.

“SIM...SENHOR”
O discurso patriótico, a dialética ufanista, o argumento cívico segue:
“Os brasileiros esperam de nós, como soldados, a vitória. Vamos massacrar o adversário, desaforá-los, enfrentá-los sem medo. A vitória final será nossa”.
Os soldados, melhor os jogadores, orgulhosos, peito estufado, em coro respondem:
“SIM...SENHOR”
Em campo os soldados, melhor os jogadores, davam de si. O emocional estava estampado na fisionomia, retratado no movimento de cada um deles. A televisão mostrou o olhar esbugalhado, de pura raiva de Robinho, cara a cara, diante de um adversário holandês. Tal e qual um antropófago parecia comê-lo vivo com os olhos.
Pois bem. Nada adiantou. O Brasil foi eliminado na Copa do Mundo.
Claro que a narrativa acima se trata de uma peça fruto da imaginação. Uma narrativa ficcional, um jogo de palavras na formação de uma parábola. Isso tudo é proveniente do comportamento público do treinador da seleção Dunga, resultado de suas atitudes equivocadas e desrespeitosas. De ser um reacionário, conservador em seu modo de agir, possuidor da soberba, irmã da arrogância. Mostrou um ser onipotente, dono da verdade, semideus. Desprezou a imprensa, chegou a ofendê-la. Com os jornalistas foi grosseiro, mal-educado. Dunga pagou por seus pecados.
Claro, caso Dunga voltasse campeão do mundo, pouca disso seria discutido. Voltaria como um herói, comandante de um grupo que deu tudo pela pátria. Um vencedor.
Não importaria sua soberba, sua arrogância. Onipotente estaria com a taça na mão. A imprensa continuaria divulgando bobagens, mentiras. Continuaria sendo ofendida. Os jornalistas, aqueles do puro espírito da controvérsia, da intriga e fofocas, nada representam. Devem continuar sendo tratados com grosserias, pela má-educação.
Afinal o Brasil era hexa campeão do mundo.

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