sábado, 27 de novembro de 2010

Mancada

A moça, apresentadora de uma TV especializada em esportes, entrevista um deficiente visual, praticante de um esporte paraolímpico. Ao final da entrevista a jovem repórter estende a mão para o cumprimento usual. Evidentemente que não há reciprocidade, afinal do outro lado está um cego. Sente a gafe cometida, tarde demais. Retira a mão de forma rápida desnecessariamente. A mancada foi registrada pelas câmeras. Acontece em algumas ocasiões na televisão de forma distraída e involuntária. Se paga mico ao acaso.
No entanto existem experientes apresentadores, âncoras de telejornais, que distraidamente ou não, às vezes escondidos, quando acreditam que as câmeras estão desligadas ou propositadamente ao vivo, verbalizam incontidos, ofensivos e preconceituosos comentários. No primeiro caso, algum tempo atrás, o âncora de um jornal noturno em rede nacional, faz um comentário desairoso. Não tem coragem de dizer em público o que foi revelado no interior de um estúdio. Na forma do anonimato, acreditando estar encoberto pela câmara desligada, mostrou seu lado hipócrita e rancoroso. O fato é o seguinte: Numa reportagem feita pela emissora, dois lixeiros desejam felicidades aos telespectadores. O dito apresentador, fora do vídeo, mas sem saber que o áudio estava sendo transmitido, diz: “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. O mais baixo da escala do trabalho”.
Mais recentemente num programa noticioso em uma emissora de televisão em Florianópolis um comentarista vocifera de forma bestial o seu pensamento preconceituoso, mostra seu lado fascista, verbaliza sua ira contra os pobres, que para ele trata-se de um bando de miseráveis e desgraçados.
O acontecimento foi assim: o apresentador do noticioso fala dos acidentes automobilísticos ocorridos durante o ultimo feriadão o que serve de mote para o malfadado comentarista. Na opinião dele os acidentes são ocasionados pelos miseráveis que conseguem adquirir um carro e superlotam as estradas, moradores que se engalfinham em gaiolas que chamam de apartamentos. Ao que parece, no comentário infeliz, as estradas foram feitas para desfilarem os carrões das elites, as caminhonetas importadas de pessoas afortunadas. As causas dos acidentes também podem ser os desgraçados casais que se detestam e vão para a estrada para compensar frustrações.
Sobra para o governo quando fala: “...resultado de um governo espúrio que popularizou o financiamento pelo crédito ao carro para quem nunca leu um livro”.
A democracia permite expressões e pensamentos livremente. Mas por uma questão moral, de respeito ao próximo não se permite que alguém esbraveje rancor e desprezo contra miseráveis e desgraçados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário