segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A urna

O sujeito tem a manifesta vontade de realizar algo. É impedido por um chamado conselho familiar. A mulher é contra, os filhos a acompanham na opinião. O marido, o pai, enfim, o suposto chefe da família, apesar de argumentos legítimos e consubstanciados para alcançar seu objetivo, a realização de um projeto, é acuado, dizimado por um contexto de palavras sem um raciocínio lógico, não possuindo a menor base de convencimento, a sustentação necessária para prevalecer uma ideia ao menos razoável, contraditória ao que deseja o sujeito. Apesar da certeza de suas preponderações perde a parada. Contrariado concorda com a família.
Outro caso. O correto funcionário, ciente de seu trabalho, desempenha com retidão seus afazeres. Conhece muito bem suas atribuições e por isso as cumpre com segurança, sem a mínima margem de erro. Apegado as sua funções tem imenso carinho pelo que faz. Um dia um chefe novo. Começa a intrometer-se no serviço com procedimentos errados. O funcionário tenta convencê-lo de que a forma a ser utilizada é imperfeita. Nada adianta. Tem que se submeter ao errôneo comando da chefia. O chefe de família pressionado, como também o funcionário, realiza o que não deseja. São dominados pela vontade alheia. O direito de escolha, do desejo realizado é inconcebível pela maioria dominante. Há, porém, um momento em que de fato irá prevalecer sua vontade, o direito inalienável de escolha de forma incontestável, quando sua consciência, sua vontade, sem qualquer pressão determinará o que fazer. É quando se encontra solitário diante da urna secreta de votação. Ali é ele mesmo. Sua vontade sem interferência de quem quer que seja prevalecerá. Trata-se do pleno e secreto direito democrático, sem qualquer restrição, de se fazer uma escolha. Assim seja.
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Quem não votou em Dilma ou Serra no primeiro turno se sente deserdado, desamparado numa segunda escolha. O pensamento não vale para quem votou em Marina, um voto de solidariedade, quem sabe de protesto, mas muito provavelmente de descontentes petistas. Quem é do voto ideológico lhe é oferecido agora, como a todo votante, quatro alternativas: Dilma, Serra, voto branco ou nulo. Certamente por convicções à esquerda, por uma questão de idiossincrasia, uma das opções é completamente descartada.
No segundo turno a questão é saber para quem vai os 20% dos votos de Marina. Deve ser dividir entre Dilma e Serra. Com isso de acordo com o primeiro turno Dilma que fez quase 47% vai a 57% no segundo. Serra de 32% poderá chegar a 42%. Serra deverá ainda ser prejudicado pelo feriadão. Quem vota em Serra, classe média, prefere curtir a folga. Por isso a abstenção deverá superar os 18% do primeiro turno, com mais um adendo. A eleição no primeiro turno é mais atraente ao eleitor em termos regionais, quando se vota em governador, senadores e deputados. Por tudo isso Dilma tem indicativos para vencer a eleição, a não ser que Serra consiga milhões de votos junto ao eleitor da mesma Dilma ou de repente, no momento final, surja algum aloprado.

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