segunda-feira, 21 de março de 2011

Anderlaine

Almoço de domingo na residência dos pais da jovem senhora. Estão todos reunidos
A família da simpática anfitriã – pais, irmão e irmãs – e demais parentes por afinidade, os chamados agregados, como sogros e cunhados.
Almoçam. Alguns gulosos, glutões que mostram voraz apetite e parecem tirar a diferença na casa dos outros. Há poucos comedidos que se satisfazem por determinação médica obedecendo ao regime alimentar adequado. Algumas mulheres regulam a vontade de comer com uma dieta para se manterem em forma. As demais, as gordas, nem ligam para isso. Comem.
Prossegue ágape, entremeado com goles de alguma bebida. Todos satisfeitos, depois a sobremesa. As crianças que são netas, netos, filhas e filhos já estão se divertindo numa algazarra única de baderna insuportável principalmente para os mais idosos.
Oportunidade para adultos conversarem mais. Falam de amenidades, coisas supérfluas, uma fofoquinha aqui , outra ali, mexericos, alguns até com a intenção de intrigar algum dos circunstantes, porém nada grave. Talvez porque não se entendam, por falarem ao mesmo tempo. Quem fala dá pouca oportunidade de falar a quem ouve e quem ouve quer falar. Fica difícil o entendimento. Mas continuam falando e ouvindo tudo ao mesmo tempo.
Quem está fora de essa suposta conversação é aquele cunhado perrengue, em pleno silêncio, de quem se ouve um único ruído de satisfação: os estalidos da língua no céu da boca após saborear mais um gole de vinho.
Alguém grita. Um pai ou uma mãe, solicitando ao dito cujo filho que sossegue. Pedido despercebido, evidentemente desobedecido. A correria prossegue com aqueles gritinhos infernais e irritantes, de imensa ressonância, dilacerantes aos ouvidos.
De repente as frívolas conversas são desconsideradas e todos prestam atenção quando uma cunhada pergunta a filha dos donos da casa quanto a sua gravidez.
Odete Maria, a jovem anfitriã, futura mãe, diz que vai tudo. Os exames de ecografia mostraram a normalidade da gestação. Mais que isso. A criança será do sexo masculino.
Uma das futuras avós antecipa-se até ao nascimento do neto perguntando qual será seu nome. A mãe, Odete Maria, informa, dando uma satisfação à pergunta que o nome não fora ainda escolhido. A dita cuja avó insiste enxerida como é, de forma inconveniente, sugerindo nome para a criança:
- Anderlaine é o nome que ouço muito e daria hoje em dia a um filho meu. Acho muito interessante e moderno.
A maioria achou estranho o nome. Principalmente a aqueles que não tem conhecimento de internet. Odete Maria, que sabe o que significa anderlaine como símbolo na informática, disparou de forma incontinente:
- Por favor vó, o que é isso? Esse nome é um verdadeiro estropício.
- Pois Odete Maria, esse é outro nome bem bacana.

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