quarta-feira, 2 de março de 2011

"A beira-mar

Há dias faço rotineiramente de forma gostosa a mesma coisa para desfrutar a delicia de uma praia maravilhosa. O cotidiano é atraente, porque é gostosamente diferente. A caminhada, a proteção contra raios solares - o guarda-sol fincado na areia - a cadeira de praia não muito confortável, faz parte da programação diária praiana. O mar continua perfeitamente brilhante no seu verde infinito. Sentado, bem relaxado, observo extasiado toda essa fantasiosa realidade, relação que se trata de um paradoxo.
Ao meu lado está minha mulher entretida com a leitura do livro Confraria, do excelente John Grisham. Do meu olhar perdido no oceano passo a observar as coisas de mais perto, sobre a área. Hi...olha só que vem lá. Ela, exuberante de andar malemolente, rebolativo e provocador. Desta feita não está com biquíni com lacinhos ao lado. Incrível: desfila com um biquíni, fio dental, o que deixa desnuda suas nádegas. Esbelta, altiva, poderosa, impávida, cheia de pose, com todo o direito de mostrar sua empáfia, caminha ousada e provocativa que nem a Déborah Secco, para inveja das mulheres e colírio para os homens. Sou um reles mortal. Não posso frustrar-me de dar uma espiadinha, me abster do direito de ver aquele vislumbre estonteante. Mas o pudor hipócrita não me permite dar mancada. Nesse instante minha mulher da uma pausa em sua leitura. Aproveito a oportunidade para fazer dela minha cúmplice:
- Olha só que linda moça à nossa frente.
Minha mulher, mostrando indiferença, balbuciou qualquer coisa e retornou a sua leitura. A cumplicidade valeu. Sem qualquer escrúpulo pude observar a linda rainha, tirana por sua beleza. Sua passagem efêmera durou pouco. Ela passou e a vida continua. Passo a observar outras coisas, obviamente não tão bonitas.
Vejo um cidadão, com uma barriga proeminente entrar no mar. Fica com água pela cintura. Momento depois retorna. Claro, se deduz enfaticamente: entrou na água para fazer um xixi amigo.
Próximo, uma senhora, além da massa abdominal volumosa, tem uma região glútea de respeitável dimensão e por isso enorme dificuldade em se acomodar na cadeirinha de praia. Resolve sentar na areia.
Ali por perto o menino atinge circunstantes com a areia jogada com a pazinha de plástico. A mãe chama atenção. A criança reage atirando também sobre ela areia. A tia se intromete e a repreende. Recebe uma cusparada como resposta.
Fica tudo por isso mesmo e o menino jogando areia nos próximos. Alguém acha insuportável a situação. Recomenda a mãe que encontre uma solução para a malcriação do filho. A resposta não foi nada educada, na verdade atrevida e desafiadora:
- Vai tomar conta de seus filhos.
Tal filho, tal mãe. Para não se incomodar o ofendido afasta-se do local.
Educação deveria ser fundamental no relacionamento humano. Até mesmo numa praia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário