Como diversão predominante gosto muito de dançar, sempre compartilhando com muito bom gosto com a minha mulher. É uma parceira sempre disposta a bailar em alguns dias por algumas horas. Vem daí, portanto, que o casal faz da dança um hobby. Aliás, desculpe a ilegalidade. De acordo com uma lei estadual que é contra o uso da língua inglesa, devo dizer que a dança é um passatempo, uma atividade que é realizada por prazer. Isso assim explicado com retórica locução, combinada com uma afetação eloqüente, de estilo empolado, melhor hobby, palavra que vale uma frase.
Sábado desses fui a determinado baile de casais, normalmente realizado em comunidades interioranas. O salão comunitário vasto acomoda aproximadamente 700 presentes. Os convidados demonstram ser das mais variadas classes sociais. Uns vestidos adequadamente de forma elegante, alguns mais ou menos, outros nem tanto, características evidentes de um bailão.
O conjunto musical de razoável melodia, predominando músicas tradicionalistas gaúchas. De vez em quando um samba melódico de dor de cotovelo, ou um daqueles bolerões típicos das casas de luzinha vermelha na frente. Faz frio no salão de imensa amplitude. Mas a aglomeração, o calor humano alivia a baixa sensação térmica. Enquanto o conjunto executa seu repertorio musical, é servido às mesas, para convidados degustarem, amendoim e batata frita. Tudo isso incluso no preço do convite. Ainda, fazendo valer o valor pago, por volta da meia-noite foi servido um galeto, que de novinho não tinha nada. Mais parecia um galo velho coxudo, de peito avantajado. Deixa pra lá. Segue o baile. Avaliando bem a música tradicionalista gaúcha é o ritmo em que ainda os casais dançam juntos, até que em determinado momento do modernismo, quem sabe, possa ser influenciado pelo som eletrônico, histriônico, mecânico, tipo bate-estacas, em que as pessoas dançam separadas fazendo figurações uma para outra, muitas sem muito jeito, mostrando-se ridículas.
Enquanto isso não acontece, segue o baile. O povão se divertindo e eu junto.
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Oito ou oitenta. Do popular à elite. Sábado passado fui a um baile em tradicional clube social, elitizado, de alta burguesia. Frio não, somente lá fora. O salão é climatizado. Gente vestida de forma eleganterrima. O jantar, servido à francesa, de pratos sofisticados. Não há como colocar defeito. Satisfeito com as iguarias, de um ágape refinado, começa o baile. O conjunto musical é formado por jovens, grupo bem afinado. O melhor. Toca músicas melodiosas, do blue, passando pelo samba-canção romântico, até o bolero tradicional. São os ritmos convidativos para o casal dançar gostosamente, juntinho, apertadinho, agarradinho, de rosto coladinho. Assim como eu e minha mulher.
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