segunda-feira, 7 de maio de 2012
Gandula
Aquela partidinha de futebol no fim de semana entre amigos, conhecida como pelada, tem sempre alguém se apresentando para jogar buscando uma vaga em um dos times..
Como poucos se conhecem futebolisticamente, desconhecem as virtudes de um e de outro, o esquema para formar as equipes é cada um se apresentar, falando de seu modo de jogar, da posição preferencial e de suas qualidades (claro no entender de cada um sempre boas, algo que se vai verificar no transcurso do jogo).
Dédé é um daqueles que deseja compartilhar com os amigos e assim como todos, de praxe, tem que se apresentar. Dédé é meio marrento. Deseja jogar numa posição nobre, diríamos: zagueiro, meio de campo ou atacante. Como se nota pela preferência nada de goleiro, lateral ou ponteiro (em time de pelada ainda tem ponteiro). Cheio de onda, vai logo dizendo que sua posição ideal é zagueiro. No entanto, alguém que parece ser o capitão do time, treinador ou o dono da bola, pragmático vai logo ressaltando: “Zagueiro não. Já temos o Paulão e o Tião”
Paulão é um branquelo forte, um armário, de 1,90m e 100 quilos. Ao seu lado na zaga Tião, um negrão, outro armário. Com eles o couro come.
Dédé então tem busca outra opção. Deseja jogar no meio de campo. Cheio de grau diz que sabe armar bem as jogadas, tem lançamentos perfeitos de 30 a 40 metros.
Não agrada. Alguém informa ao interlocutor de Dédé que o meio de campo já está formado. Enfim, sabe de uma coisa, alguém diz: “Dédé vai jogar lá na frente”.
No andamento da pelada se verifica que Dédé é parco nas exaltadas virtudes futebolísticas, escasso na qualidade mínima exigida.
Antes do fim do primeiro tempo ele é mandado a jogar na ponta esquerda. Fica meio desconfiado. Afinal ponteiro joga pela lateral do campo, ali pertinho, a um passo para sair do campo de jogo. Não deu outra. A desconfiança virou certeza. Dédé foi substituído ao final do primeiro tempo. No outro final de semana Dédé nem se apresentou para a pelada. Todos verificaram que ele nada joga. Tinhoso se apresentou quando observaram que faltava goleiro. Dédé: “Eu sou goleiro”. Entrou em campo, não jogou muito. Depois de três “frangaços” foi substituído. Em outro final de semana mais uma peladinha. Alguém notou: “Falta juiz”. Dédé mais do que depressa se apresentou: “Eu apito”. Apitou 10 minutos. Errou na marcação de um pênalti, deixou de marcar outro, o jogo correu solto, confusão, porrada para todo o lado. Acabou sobrando para o Dédé. Levou uns cascudos, não apitou mais. Na outra semana lá estava ele querendo colaborar, desta feita com o que restou: gandula. Para o leitor pouco afeito ao futebol gandula é o sujeito “apanhador de bola”. Toda vez que a bola é chutada para fora da área de jogo (campo) tem sempre alguém para apanhá-la. Dédé é o gandula.
Vida diferente tem a gandula Fernanda Maia A moça repôs uma bola com rapidez e precisão e dessa ação nasceu um gol, jogo entre Botafogo x Vasco. Fernanda foi entrevistada, apareceu na televisão e jornais, virou musa. Certamente vai aparecer peladinha numa revista masculina. Viu Dédé, vale ser gandula.
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