Durante
muito tempo foram milhares de pessoas que democraticamente estiveram envolvidas
com movimentos de rua contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Organizações
definidas, partidos políticos, indivíduos anônimos, movimentos com diversas
bandeiras e nomes. Um dos principais tinha como característica, uma expressão
repetitiva, para fixar uma ideia, um propósito: “Não vai ter Copa”.
Ledo engano.
Desapontamento, desilusão, contra o desproposito da realização de uma Copa em
território brasileiro. Nada adiantou. Tem Copa sim. Começou ontem.
Escrevo essa
coluna e a envio para a redação na quinta-feira pela manhã conforme exigência
da editoria, dia de quando se inicia a Copa do Mundo.
Sendo assim
não posso escrever como transcorreu o dia, se ocorreram ou não manifestações, os
protestos programados.
Se assim
aconteceu, certamente não nas cercanias da Arena Itaquera, cercada por um dos
mais rigorosos sistemas de segurança configurados nesse país, mas exatamente a muitos
quilômetros dali.
A arena do
Itaquerão – onde começou a Copa -obra arquitetônica de 1,2 bilhão de reais, uma
suntuosidade encravada na pobre região leste da cidade de São Paulo, num bairro
miserável de nome Itaquera, zona que também é definida como a dos moradores chamados
de “sem teto”.
Mais de um 1
bilhão investido num estádio para um esporte como o futebol, que está cada vez
mais sofisticado, elitizado.
Enquanto
isso, indigentes, os excluídos de um lar, morando sob tetos de caixa de
papelão.
Festa bonita
deve ter sido. Espetáculo maravilhoso. Dona Dilma presente. Elites
governamentais e sociais. Empresários, magnatas exploradores do futebol, gente
Fifa. Fina flor da burguesia, pessoal que pode pagar 200, 300 ou 500 reais
somente por um ingresso.
***
Conforme
informei, escrevi a coluna antecipadamente ao jogo de ontem da abertura da Copa
e em razão disso - não sou adivinho - nada poderia comentar sobre o jogo, de
antemão nem saberia o resultado.
Por isso
antes do jogo, obviamente sem ter conhecimento do resultado - não sabia se o
Brasil estrearia vencendo, empatado ou perdendo.
Mas me
ocorreu um pressentimento, um sentimento vago de uma estreia não muito
agradável para o time brasileiro.
Tomara que o
pressagio antes do jogo não prevaleça: insucesso do Brasil. Trata-se de uma
intuição derivada de algumas ocorrências observadas nos treinamentos da seleção:
uma exacerbada demonstração de ufanismo, o ambiente exagerado de muita festa, o
perigoso “já ganhou”. Exemplos: as presenças daquelas celebridades da
televisão, como o apresentador famoso dos sábados a tarde, da mocinha da novela
das nove que apareceu na Granja Comary disfarçando-se com um chapéu de
boiadeiro, os dois pertencentes ao elenco da poderosa Rede Globo, que tudo
pode, até entrar no treinamento. Claro que todos descobriram a ninfeta, para
satisfação do namorado, o estrelado, queridinho e milionário Neymar.
Pressentimento,
intuição boba. Não há temor. Segundo o polêmico Jorge Kajuru o título de hexa
como campeão do mundo é do Brasil. Assim como ele disse que o Brasil não
ganharia em 2010, garante agora que ganhará em 2014. Mas isso não é de graça.
Vale os 10 bilhões de reais que a Fifa fatura com a Copa. A maior parte desse
faturamento é proveniente de isenções fiscais dadas pelo governo brasileiro.
Claro que
essas valiosas benesses valem e são correspondidas com o título de campeão.
Além disso, que
a questão é unicamente financeira, o Brasil tem como tem como treinador um
sujeito sortudo como Felipão. E muito mais que tudo isso para a conquista do
hexa certamente haverá a ajudazinha de Nossa Senhora de Caravaggio.
Ah... um
adendo mais. Além de sorte e religiosidade, para a conquista do hexa, há o
financeiro. Cada jogador brasileiro pelo título de campeão ganhará 1 milhão e
400 mil reais.
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