Não, decididamente não. Não sou agourento. Não quis vaticinar
o insucesso brasileiro. O erro no pressagio, na prenunciação de uma possível
derrota da seleção brasileira no jogo diante da Croácia, foi a cobrança feita
por inúmeros leitores. Foi somente uma opinião observando o chamado clima de
“oba/oba”. Tudo bem, confirmado, não sou bom em predizer as coisas,
principalmente profetizar resultado de uma partida de futebol e o Brasil
estreou bem e venceu o jogo por 3x1.
Entretanto, refletindo mais apuradamente, o prognóstico do
possível insucesso do time nacional quase acontece, a premonição consumada se
não fosse um detalhe: o da arbitragem. O árbitro japonês deu uma mãozinha para
os brasileiros. Fred, perfeito aluno de um curso de teatro cômico,
estrepitosamente cai na área e pede pênalti. O japonês o atende. A suposta
falta cobrada e o segundo gol do Brasil (2x1). Bem, alguém poderá questionar:
“O Brasil ganhou de 3x1”. Sim, depois que houve o inexistente pênalti e o gol.
Se assim não fosse - a Croácia estava empatando em 1X1 - poderia determinar
outro destino no desenrolar da partida. Outro aspecto da decisão da arbitragem
no mesmo jogo. Bola centrada pelo alto para dentro da área brasileira. O
goleiro Julio Cesar falha, não consegue realizar a defesa com firmeza. Larga a
bola, gol de empate da Croácia. Não, não valeu. O japonês arranjou uma falta,
empurrão ou carga sobre o goleiro. Dias depois. Jogo entre Holanda X Espanha.
Bola centrada pelo alto dentro da área espanhola. O goleiro Casillas falha,
larga a bola, terceiro gol da Holanda. Os espanhóis alegam que o goleiro foi
empurrado, recebeu carga do adversário. O árbitro nem tomou conhecimento, Gol
da Espanha. Lances semelhantes, critérios diferentes. Jogo Brasil X México. O
lateral brasileiro Marcelo entra na área e de forma espalhafatosa cai. Verdadeira
presepada e pede pênalti. Cena teatral, de teatro do absurdo, ator de um
ordinário espetáculo mambembe. A arbitragem segura, certa, nada marcou. Lances
de pênaltis, ou não, semelhantes, critérios de arbitragem distintos. Comparações,
discernimentos duvidosos, tudo favorável ao Brasil. Sorte do Felipão,
ajudazinha de Nossa Senhora de Caravaggio, ajudona do arbitro japonês.
Brasil X México, 0x0. Profecias pela vitória brasileira
incontestáveis. Depois ao final, decepção, realidade pelo diagnóstico de um
futebol mal jogado. Não houve pênalti para ajudar. O futebol para ser
hexacampeão não apareceu por enquanto, porém algo de bom aconteceu, pelo
desapontamento no empate. O clima de “já ganhou”, o “oba/oba” por parte de
exagerados torcedores arrefeceu. Assim os nossos heróis (nada a ver com aquele
pessoal BBB) da “Pátria de Chuteiras” ficarão mais aliviados, menos tensos, mas
sem perder o patriotismo, também sem exacerbações, sem patriotada, afinal,
segundo Samuel Johnson “o patriotismo é o último refúgio do canalha”. Vamos em
frente. Holanda ou Chile, com Felipão, a Santa e um juiz japonês.
***
Lamentavelmente a má educação parece que virou escola. O
Felipão malcriado, mandou um jornalista “ vai tomar no ...”, quem sabe “vai
tomar banho” melhor. No Itaquerão, um monte de desrespeitosos e ignorantes
torcedores apela para a obscenidade de forma absurda: “Dilma vai tomar...”.
Não, não foi “vai tomar banho”.
Estúpida irreverência para com uma mulher, chefe maior de um
país republicano, desempenhando seu cargo conforme a liturgia, o cerimonial
exigido.
Aquele xingamento partiu de uma elite torcedora, classe média
de fina burguesia, dos paulistas grosseiros, da terra da maioria tucana, dos
antipetistas.
Quem observou as imagens da televisão entre o público não viu
nenhum rosto de um negro, moreno ou mestiço o que significa um público especialmente
selecionado, ao menos em termos de raça e dinheiro, estávamos vendo imagens
exclusivas da elite branca. Presença no estádio de 62 mil pessoas, sendo que 26
mil foram convidados especiais. Uma elite que recebeu convites dos
patrocinadores da FIFA, os outros 36 mil presentes, abastados e privilegiados
torcedores, que pagaram ingressos entre cem e mil reais. Essa gente nada
significa em mais ou menos popularidade para a presidenta, muito menos como
pesquisa eleitoral, mais se mostrou muito mal-educada, ignorante e estúpida.
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