quarta-feira, 29 de abril de 2015

1º de maio, Dia do Trabalho e Getulio Vargas

Datas históricas ficam memorizadas, lamentavelmente, em grande parte pela intolerância, por fatos gravíssimos contra a sociedade e diante do cidadão. No alto grau a intolerância chega a provocar a violência e em muitas ocasiões pela forma mais violenta que é a morte.
Datas necessárias para lembrar a intransigência de autoridades quanto aos direitos civis e humanos, a incomplancência do poder diante do justo e honrado nas questões sociais. As datas registradas na História são importantes para serem memoráveis, inesquecíveis por marcarem lutas para as conquistas, como o respeito a lei e a cidadania.
Dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador, feriado nacional. Em Chicago (EE.UU), na época a cidade pólo da indústria americana, no dia 1º de Maio de 1886, trabalhadores reivindicam direitos trabalhistas, o que acontece a mais de um século. Tal e qual, como se fosse hoje, foram às ruas desejando melhores condições de trabalho, a redução da jornada diária de trabalho de 13 para oito horas. E como sempre acontece, antigamente e hoje, ocorreu forte repressão ao movimento: prisões feitas, feridos e até mesmo morte no conflito entre manifestantes e a polícia. Assim, por esses acontecimentos trágicos, a homenagem aos trabalhadores sacrificados na busca da conquista de direitos trabalhistas e para que essa proeza trágica trabalhista em Chicago seja sempre lembrada, jamais esquecida, foi criado, para o registro histórico, a sagração do Dia do Trabalhador, celebrado a  cada ano no dia 1º de Maio.
 No Brasil, a fase mais áurea nas comemorações do Dia do Trabalhador foi no período de governo de Getulio Vargas. As festividades compreendiam atividades culturais e esportivas. Havia um profundo sentimento de civismo, momentos efusivos de intensas vibrações.
Afinal 1º de Maio e Getulio significavam quase a mesma comemoração. O Dia de 1º de Maio era a consagração máxima do grande líder popular com o trabalhador brasileiro
A cada ano, a cada 1º de Maio, Getulio Vargas anunciava mais um direito ao trabalhador: salário mínimo, Justiça do Trabalho, CLT, carteira profissional assinada pelo patrão.
A maior festividade realizava-se no Rio, no estádio do Vasco da Gama, em São Januário, zona norte. Ali, diante de mais de 40 mil pessoas, o presidente adentrava ao local. Em carro aberto acenava para a multidão. Pela pista de atletismo, presidente dava a volta ao estádio. Era delirantemente ovacionado, verdadeiramente idolatrado.
Feita a volta triunfal, em seguida comparece a tribuna de honra. Nesse local faz o seu tradicional discurso de homenagem aos trabalhadores. De pé inicia seu discurso. Getulio era dono de poderosa oratória, o grande instrumento de um líder e em razão disso tinha a capacidade de persuasão, a retórica para o convencimento.
Tinha baixa estatura, em contraste a altura da ressonância de sua voz no ambiente. Historicamente e de forma tradicional, de praxe, costumeiramente, iniciava o discurso com a expressão: “Trabalhadores do Brasil”. Era dita sílaba por sílaba, bem pausada e bem audível. Naquele estádio, naquele palco a teatralidade bem preparada. Momento de monumental entusiasmo, palmas ardorosas, gritos histriônicos, histeria completa. Terminada a frase inicial a platéia se comporta em silêncio total. Ouvia-se até o suspiro, a respiração do grande líder no espaço entre as palavras pausadas e claras. Fim do discurso. Mais aclamação pública, mais ovação do povo trabalhador de forma entusiasta ao grande guia, ao mentor, ao maior condutor do trabalhismo.
Mais ou menos assim, meu pai, jovem trabalhador na época, me contava o que assistia em São Januário, no dia 1º de Maio.
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