quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Castigos na escola


Conta-se antigas histórias relacionadas as práticas do castigo, maneira usada para repreender alguém, reprimir comportamento considerado reprovável, indisciplinado, não obediente as regras e regulamentos vigentes. Punições cruéis, desumanas pela maldade, eram usuais naquele período obscurantista, despautérios consumados, perversidades que ocorriam principalmente com alunos em sala de aula.
Delineados pela maldade, o castigo pela palmatória era um deles - objeto em forma de uma colher de pau – que consistia em bater nas mãos dos alunos. O resultado era inclemente, impiedoso, dolorido: as mãos da criança ficavam inchadas, carregadas de hematomas.
Outra forma de punir o aluno fazia-se com uma régua, por exemplo: num teste oral de matemática, na recita da tabuada, cada erro era punido com uma reguada na mão ou nas nádegas.
Dentre tantos castigos escolares outro deles consistia em ordenar a criança ajoelhar sobre grãos de milho. Sofrimento, dor. Sentir a penetração daqueles grão na carne
Não era somente a desordem e a desobediência que eram punidas. Castigado era também o aluno que, por não ser apto no aprendizado, mostrava-se deficiente no ensino, relapso e preguiçoso e ofensivamente se dizia, naquele tempo de antanho trata-se de um “burro”. Era penalizado não de forma violenta, mas humilhante e vergonhosa: o aluno colocado num canto da sala com um “chapéu de burro”, aquele de orelhas grandes, mantinha-se ali, vexado, sendo ridicularizado pelo professor e colegas.
Tenebrosa outrora, de querelas improváveis, abusivas perversidades.
Faz tempo. Muito tempo. Presenciei cenas maldosas não com palmatoria, reguada, grão de milho ou, chapéu de burro, mas pior, a estupidez exteriorizavam-se com pancadas, violentos socos.
Colégio Guabira (nome referente a fruta semelhante a jabuticaba) na rua da Abolição, zona norte do RJ, (hoje nas imediações onde encontra-se o estádio Nilton Santos, o Engenhão) foi o educandário onde cursei o ensino primário. No começo, no jardim da infância conheci a minha inesquecível primeira professora. Mulher jovem e bonita de tez morena, olhos verdes, conjunto de estonteante beleza, de nome Arlete. Segui em frente na mesma escola do primeiro ao quinto ano com a professora Ondina, uma senhora muito afável e competente. Seu marido, chamado de Oscar, um coronel reformado da PM, era o diretor do colégio. Por sua vida militar impunha rígida disciplina, desde o uniforme típico do militarismo até saber cantar o Hino Nacional.
Na turma havia um aluno de nome Arnaud, jamais esquecido pela singularidade do nome e pelos fatos com ele acontecidos.
Arnaud era sobrinho, quase um filho de criação de Oscar e Ondina. Uma, ou outra vez, em que Arnaud cometia um erro era motivo para a prática da violência, com bestial agressividade por parte do coronel Oscar. No meio da sala Arnaud ajoelhado recebia na cabeça socos e tapas para servir de exemplo para cumprimento da disciplina. Todos nós colegas, assustados e temerosos assistiamos aquelas cenas de pavor.
A violência com as crianças ficou no passado. Agora, no presente a agressividade, com força física, ofensas morais, intimidação com ameaças, tem como protagonistas os professores, na inversão contundente de alunos de ontem e professores de hoje.  O professor Thiago dos Santos Conceição foi hostilizado e agredido numa escola em Rio das Ostras (RJ), assim como Thiago inúmeros professores país afora sofrem com a mesma violência.  



Nenhum comentário:

Postar um comentário