Conta-se antigas histórias relacionadas
as práticas do castigo, maneira
usada para repreender alguém, reprimir comportamento considerado reprovável,
indisciplinado, não obediente as regras e regulamentos vigentes. Punições cruéis,
desumanas pela maldade, eram usuais naquele período obscurantista, despautérios
consumados, perversidades que ocorriam principalmente com alunos em sala de
aula.
Delineados pela maldade, o castigo pela
palmatória era um deles - objeto em forma de uma colher de pau – que consistia
em bater nas mãos dos alunos. O resultado era inclemente, impiedoso, dolorido:
as mãos da criança ficavam inchadas, carregadas de hematomas.
Outra forma de punir o aluno fazia-se
com uma régua, por exemplo: num teste oral de matemática, na recita da tabuada,
cada erro era punido com uma reguada na mão ou nas nádegas.
Dentre tantos castigos escolares outro
deles consistia em ordenar a criança ajoelhar sobre grãos de milho. Sofrimento,
dor. Sentir a penetração daqueles grão na carne
Não era somente a desordem e a
desobediência que eram punidas. Castigado era também o aluno que, por não ser
apto no aprendizado, mostrava-se deficiente no ensino, relapso e preguiçoso e
ofensivamente se dizia, naquele tempo de antanho trata-se de um “burro”. Era penalizado
não de forma violenta, mas humilhante e vergonhosa: o aluno colocado num canto
da sala com um “chapéu de burro”, aquele de orelhas grandes, mantinha-se ali,
vexado, sendo ridicularizado pelo professor e colegas.
Tenebrosa outrora, de querelas
improváveis, abusivas perversidades.
Faz tempo. Muito tempo. Presenciei cenas
maldosas não com palmatoria, reguada, grão de milho ou, chapéu de burro, mas
pior, a estupidez exteriorizavam-se com pancadas, violentos socos.
Colégio Guabira (nome referente a fruta
semelhante a jabuticaba) na rua da Abolição, zona norte do RJ, (hoje nas
imediações onde encontra-se o estádio Nilton Santos, o Engenhão) foi o
educandário onde cursei o ensino primário. No começo, no jardim da infância conheci
a minha inesquecível primeira professora. Mulher jovem e bonita de tez morena,
olhos verdes, conjunto de estonteante beleza, de nome Arlete. Segui em frente
na mesma escola do primeiro ao quinto ano com a professora Ondina, uma senhora
muito afável e competente. Seu marido, chamado de Oscar, um coronel reformado
da PM, era o diretor do colégio. Por sua vida militar impunha rígida disciplina,
desde o uniforme típico do militarismo até saber cantar o Hino Nacional.
Na turma havia um aluno de nome Arnaud, jamais
esquecido pela singularidade do nome e pelos fatos com ele acontecidos.
Arnaud era sobrinho, quase um filho de
criação de Oscar e Ondina. Uma, ou outra vez, em que Arnaud cometia um erro era
motivo para a prática da violência, com bestial agressividade por parte do
coronel Oscar. No meio da sala Arnaud ajoelhado recebia na cabeça socos e tapas
para servir de exemplo para cumprimento da disciplina. Todos nós colegas, assustados
e temerosos assistiamos aquelas cenas de pavor.
A violência com as crianças ficou no
passado. Agora, no presente a agressividade, com força física, ofensas morais,
intimidação com ameaças, tem como protagonistas os professores, na inversão
contundente de alunos de ontem e professores de hoje. O professor Thiago dos Santos Conceição foi
hostilizado e agredido numa escola em Rio das Ostras (RJ), assim como Thiago inúmeros
professores país afora sofrem com a mesma violência.
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